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Termografia possibilita detectar câncer de mama ainda em fase inicial

Foram avaliados sete classificadores e utilizados 233 termogramas de pacientes do Ambulatório de Mastologia do Hospital das Clínicas (HC) da UFPE

Por Ellen Tavares


Detectar o câncer de mama em sua fase inicial é essencial para aumentar as chances de cura do paciente. Todavia, nem sempre os estágios iniciais da doença são diagnosticados precocemente apenas com a combinação do exame clínico e a mamografia. À vista disso, atualmente, uma nova técnica chamada termografia, que possibilita a visualização do calor irradiado pelo corpo para detectar tumores em fase de crescimento, vem se mostrando promissora quando utilizada associada às outras tecnologias estruturais, para poder fornecer um diagnóstico precoce e aumentar a chance de sobrevivência do paciente. A mestra Jéssica Hipólito de Vasconcelos analisou o tema em sua dissertação de mestrado “Investigações sobre Métodos de Classificação para Uso em Termografia de Mama”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFPE.

O trabalho, orientado pela professora Rita de Cássia Fernandes, do PPGEM, analisou a viabilidade do uso da termografia infravermelha para detecção do câncer de mama, através de métodos de classificação de imagens termográficas de mama, que são processadas utilizando câmeras de infravermelho sensíveis e um software que permite a interpretação de imagens em alta resolução. Por meio do registro da radiação infravermelha emitida pelo calor irradiado do corpo, se encontra uma parte do espectro magnético na qual a visão humana não é capaz de identificar. “A termografia é um procedimento de diagnóstico não invasivo, indolor, e com ausência de qualquer tipo de contato com o corpo da paciente, além de não emitir qualquer tipo de radiação, sendo um procedimento confortável e seguro”, afirma a pesquisadora.

De acordo com a mestra em Engenharia Mecânica, a mamografia, a ultrassonografia e a ressonância magnética são as principais técnicas utilizadas no diagnóstico de câncer de mama. Apesar de a mamografia ser a mais importante técnica de imagem para as mamas, há desvantagens, como o fato de ser um exame doloroso, e submeter a paciente à radiação ionizante, além de ser impróprio para mulheres com implantes. Em contrapartida, a termografia, para auxiliar na detecção de anomalias mamária, pode detectar tumores ainda pequenos, através dos termogramas, que captam um aumento de temperatura no local e nas vizinhanças onde há uma elevada atividade metabólica das células cancerígenas. Estas variações na temperatura e alterações vasculares podem estar entre os primeiros sinais de anormalidade na mama.

Ainda segundo a autora do trabalho, a análise das imagens termográficas é feita através de um sistema que contém aquisição de imagens, extração, segmentação, reconhecimento de padrões e interpretação das imagens. No processo, inicialmente, a imagem termográfica é obtida e processada. Em seguida, a segmentação das imagens forma o tamanho e as fronteiras das regiões mais quentes do que o resto da imagem. Após a segmentação, ocorre a extração de características, que se baseiam nas faixas de temperatura obtidas a partir do termograma, determinando os dados para a fase final desse processamento, a classificação da imagem, que mostra o resultado da detecção da lesão suspeita e informa o possível diagnóstico da paciente.

PROCESSO | “Foram avaliados sete classificadores e utilizados 233 termogramas de pacientes do Ambulatório de Mastologia do Hospital das Clínicas (HC) da UFPE. Os resultados mais expressivos apresentaram altas taxas de acertos e sensibilidade, de 93,42% e de 94,73%, respectivamente, no que diz respeito a classificação ‘câncer x não câncer’. Para um diagnóstico envolvendo as quatro classes consideradas – maligno, benigno, cisto e normal –, as taxas de acerto e de sensibilidade obtiveram resultados menores em comparação ao primeiro. Tais taxas foram de 63,46% e de 80,77%, respectivamente. Apesar disso, os resultados encontrados foram satisfatórios”, destaca Jessica Vasconcelos.

CÂNCER | O câncer ocorre quando há uma proliferação celular excessiva e descontrolada, que se perdura mesmo depois que o estímulo inicial que a ocasionou tenha cessado. De acordo com a mestra em Engenharia Mecânica, em nosso corpo existem 200 mil células cancerosas entre as 60 bilhões que o constituem. “Diariamente, são regeneradas 100 milhões de células sãs no corpo, ou seja, o número de células cancerosas é insignificante e inofensivo a princípio. Porém, quando o sistema imunológico do organismo não as destroem, estas se multiplicam até formarem um tumor”, afirma.

Segundo a autora da dissertação, mais da metade da população vai ser diagnosticada com câncer em algum momento da vida. Esse aumento da frequência no número de câncer se deve ao fato do aumento relativo da população mais velha, além de componentes do meio ambiente e alterações genéticas. Um dos tipos que apresenta taxas de mortalidade elevada, o câncer de mama, é também um dos mais comuns entre mulheres no Brasil e no mundo. E na maioria dos casos, a doença é diagnosticada em estágios avançados. “Mas se diagnosticado precocemente e tratado oportunamente, o câncer de mama pode ser considerado um câncer de bom prognóstico”, pontua. 

             
A interpretação das imagens é a parte mais importante do exame de termografia de mama

Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica - UFPE
(81) 2126.8231
secppgem@ufpe.br 

Jéssica Hipólito de Vasconcelos
jessicahipolito.v@hotmail.com

Data da última modificação: 11/09/2018, 15:36