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Aluna da UFPE desenvolve prótese eletrônica mais acessível para os joelhos

Para o desenvolvimento da peça foi necessário conhecer os impulsos elétricos presentes no corpo de pacientes amputados

Por Maik Santos

Pessoas que apresentam amputações acima do joelho possuem dificuldades para realizar algumas atividades diárias como andar, correr e subir escadas. Além disso, o alto custo de alguns modelos de próteses para perna mostra-se como outro empecilho na vida dos amputados. Na dissertação de mestrado “Desenvolvimento de um joelho eletrônico para utilização em próteses transfemorais”, defendida este ano no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) da UFPE, Cinthya Rachel Lopes Moraes, sob orientação do professor Marco Aurélio Benedetti Rodrigues, propõe o desenvolvimento de uma prótese eletrônica mais acessível e que possa auxiliar melhor os pacientes amputados em sua locomoção.

De acordo com a pesquisadora, no Brasil não existe a produção de próteses microprocessadas. Portanto, essas próteses devem ser importadas, o que acaba encarecendo o produto final para o consumidor. “Comecei a pensar nesse trabalho lá no Grupo de Pesquisa de Engenharia Biomédica (GPEB) do Departamento de Eletrônicas e Sistemas (DES). Existe uma grande produção de pesquisa sobre próteses para os braços, mas poucas na área de próteses de membros inferiores, principalmente aquelas acimas do joelho”, explica Cinthya.



Cinthya Lopes optou por montar uma prótese de alumínio que utilizasse principalmente componentes nacionais, mesmo que os componentes importados, quando comprados em larga escala, possam ter um custo menor. A pesquisadora avalia que o custo total da prótese idealizada por ela pode chegar a R$ 5 mil em componentes, mas que um preço para o produto ainda não foi avaliado. No entanto, estima-se que seja muito menor que uma prótese importada, que custa entre R$ 100 mil e R$ 300 mil.

A pesquisadora idealizou uma prótese que juntasse partes de controle, eletrônica e mecânica; tendo feito primeiramente um estudo de como são os movimentos da marcha com prótese mecânica. A aquisição desses movimentos foi quantificada e gravada no sistema de controle da prótese desenvolvida por ela. O sistema eletrônico faz, então, uma leitura dos impulsos elétricos no corpo do paciente através da eletromiografia e de sensores inerciais, envia esse sinal para o sistema de controle que, por sua vez, aciona o sistema mecânico da prótese; fazendo, assim, com que o amputado possa se locomover de uma forma mais fácil que com o uso da prótese tradicional.

CONTROLE | Como a prótese desenvolvida nessa pesquisa funciona através de sinais eletromiográficos para seu controle, também foi necessário um estudo sobre os impulsos elétricos presentes no coto de pacientes amputados. Esse estudo foi desenvolvido, no Grupo de Pesquisa de Engenharia Biomédica, por Ednaldo Aragão Júnior, outro mestrando do PPGEE. O resultado dele concluiu que os sinais eletromiográficos em pacientes amputados são tão fortes quanto em pacientes saudáveis, às vezes até maiores, exigindo um esforço físico maior na utilização da prótese. Com esse resultado, foi possível melhorar o sistema de controle da prótese.

No entanto, tentando evitar novos riscos de traumas à pessoa amputada, os testes iniciais foram feito pela própria Cinthya Lopes e alguns voluntários que trabalham no laboratório de Engenharia Eletrônica, utilizando uma prótese adaptada. O projeto mecânico da prótese contou com apoio da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). “Nessa fase inicial, eu queria evitar que pessoas amputadas pudessem passar por novos riscos, como quedas, então os testes foram feitos em mim, que fui avaliando o desempenho da prótese para depois ser aplicada à pessoa deficiente”, relata.

O protótipo criado por Cynthia foi um dos vencedores do Congresso Innovathon 2017, que ocorreu na cidade de Vitória de Santo Antão. Agora, a pesquisadora parte para etapa de testes com pessoas amputadas. “Os resultados obtidos nessa primeira parte da pesquisa foram muito promissores, as próteses responderam muito bem; agora estamos montando o perfil dos candidatos para os testes em amputados”, afirma.

Mais informações

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE)
(81) 2126.7117
ppgee@ufpe.br

Cinthya Rachel Lopes Moraes
cici2116@gmail.com

Data da última modificação: 13/07/2018, 15:54