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Especialistas do HC destacam a importância da doação de órgãos

Conheça a história dos irmãos Luciana e Marciano, no Dia Nacional de Doação de Órgãos

A rendeira Luciana Souza da Paz, 26 anos, recebeu o rim esquerdo do irmão, o agricultor Marciano Souza da Paz, 28 anos, no dia 26 de agosto no Hospital das Clínicas da UFPE. Ela foi a mais recente transplantada no hospital universitário e uma entre milhares de brasileiros que contaram com a solidariedade e amor ao próximo, que têm até data para ser celebrada, lembrada e incentivada: o 27 de setembro, o Dia Nacional de Doação de Órgãos. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“Tinha uma pressão alta que não se controlava e me fez ter a minha filha prematura (nasceu com seis meses) e, desde o parto, fazia hemodiálise três vezes por semana em Arcoverde (a cerca de 70 km de Poção, a sua cidade) nestes quase dois anos. Foi quando surgiu a possibilidade do transplante. Minha mãe e meus seis irmãos fizeram os testes de compatibilidade: o de Marciano deu 100%”, relata Luciana Paz, que é moradora de Poção, a cerca de 240 km do Recife. “Ele disse que tem dois rins e só precisaria de um para viver e, por isso, me doaria. O meu transplante foi muito rápido graças à equipe que me acompanhava em Arcoverde e à equipe aqui do HC”, completa Luciana.

No HC, os transplantes renais são realizados com o doador vivo (intervivos), com o doador e receptor tendo parentesco até o quarto grau ou sendo cônjuges, após a realização de uma série de exames que investigam a compatibilidade e viabilidade do procedimento. No caso de não familiares, a doação só acontece mediante autorização judicial. Desde a década de 1990, o hospital já realizou mais de 500 transplantes.

“O transplante renal é o tratamento recomendado para os pacientes que estão nas fases avançadas da doença renal crônica. O transplante com doador vivo tem duas características principais que ajudam o rim a durar mais tempo (em comparação com o doador falecido): primeiro, a compatibilidade com o doador familiar tem uma chance maior de acontecer em comparação com um doador falecido; e segundo, esse doador vivo é completamente estudado (tem bom estado de saúde e função renal normal), o que deixa tudo previsível e marcado proporcionando uma melhor preparação do receptor, com as medicações para evitar a rejeição do enxerto e melhor programação da cirurgia”, explica a nefrologista e coordenadora do Serviço de Transplante Renal do HC, Larissa Guedes.

CÓRNEA – Além do transplante renal intervivos, o HC realiza a captação de córneas por meio da sua Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), que tem a menor taxa de negativa familiar de Pernambuco. A sensibilização para a captação do tecido ocular é realizada num momento difícil tanto para os familiares que estão vivenciando os primeiros instantes do luto quanto para os profissionais de saúde que têm a missão de acolher e entrevistar a família para tentar viabilizar a doação. As córneas devem ser captadas até seis horas após o óbito, podendo se estender até 12 horas, desde que acondicionadas em geladeira até a quarta hora pós-morte. Mais de 500 córneas já foram captadas no HC.

“Uma das principais atuações da Cihdott no HC é garantir que todas as famílias dos pacientes falecidos no hospital e que sejam viáveis, que não tenham contraindicações para doação de córnea, sejam acolhidos e entrevistados, oferecendo à família o direito de doar as córneas de seu ente querido, possibilitando que duas pessoas que não enxerguem devido a problemas da córnea voltem a enxergar. O acolhimento hospitalar ao paciente e seus familiares durante todo o período de tratamento e internamento é um dos principais fatores que contribuem para que ocorra a doação de órgãos e tecidos”, relata a coordenadora da Cihdott do HC, a médica intensivista Cláudia Ângela Vilela.

Qualquer pessoa maior de 18 anos e com boa condição de saúde pode ser doadora de órgãos e tecidos em vida daquelas partes que não colocam em risco as aptidões vitais: um rim, medula óssea e uma parte do fígado, uma parte do pâncreas e uma parte do pulmão (em situações excepcionais). Quando falecido, o doador pode ter qualquer idade, sendo necessário o consentimento familiar por escrito, daí a importância de o futuro doador manifestar a sua vontade ao longo da vida às mais pessoas mais próximas.

DOAÇÃO – A doação de órgãos e tecidos em pessoas falecida só pode ocorrer após a constatação de morte encefálica, que é a interrupção irreversível das funções cerebrais. A retirada é feita por meio de uma cirurgia tradicional e, ao fim do procedimento, o corpo é reconstituído, podendo ser velado normalmente sem sequelas.

Uma pessoa falecida pode salvar mais de 20 outras pessoas, por meio da doação de órgãos como rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino; e tecidos como córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde.

Data da última modificação: 27/09/2021, 16:10