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HC implanta ambulatórios de “Navegação em Enfermagem” na alta complexidade

Metodologia tem como objetivo “guiar” e orientar o paciente (seus familiares e cuidadores) durante tratamentos longos para dar suporte à continuidade da terapia

O Hospital das Clínicas da UFPE implantou uma nova metodologia na linha de cuidado aos seus pacientes de seis serviços de alta complexidade. É o Ambulatório de Navegação em Enfermagem (também chamado Navegação Clínica ou Navegação de Pacientes), que tem como objetivo “guiar” e orientar o paciente (seus familiares e cuidadores) durante tratamentos longos para dar suporte à continuidade da terapia e garantir maior qualidade de vida. O HC é unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

No HC, a Navegação em Enfermagem começou como projeto-piloto para pacientes do Serviço de Oncologia em 1º de junho deste ano, a partir da iniciativa do Núcleo Gestor Ambulatorial da Divisão de Enfermagem e da Divisão de Gestão do Cuidado. No dia 10 deste mês, pacientes de outros cinco serviços passaram também a contar com a novidade: Nefrologia, Cardiologia, Doenças Infeciosas e Parasitárias (DIP), Saúde Mental e Neurologia.

“A partir dos bons resultados desse projeto-piloto, ampliamos o serviço delineando um perfil de pacientes que teriam mais dificuldades em seguir no tratamento e de acordo com as características de cada uma dessas especialidades. Assim, podemos melhorar o tempo do tratamento e dar uma resposta terapêutica mais rápida otimizando o resultado final. A Navegação em Enfermagem contempla toda a ‘jornada do paciente’ que vai desde a primeira consulta até o resultado final”, explica o chefe da Divisão de Enfermagem do HC, Francisco Amorim.

Alguns objetivos da navegação clínica são a remoção de barreiras e dificuldades no sistema de saúde, fornecimento de informações úteis e claras em tempo hábil, resolução de problemas dos pacientes, promoção da tomada de decisão consciente, complemento aos serviços de apoio e melhoria da qualidade de vida dos pacientes, entre outros.

ACOLHIMENTO – “A navegação auxilia no acolhimento do usuário do serviço de saúde, desde a informação sobre a doença e tratamento, agilizando consultas e exames de diagnóstico e estadiamento (processo que determina a localização e a extensão do câncer) e realizando encaminhamentos para a equipe multidisciplinar (como nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos e Ambulatório Pré-Operatório) com o intuito de destravar possíveis dificuldades de acesso e adesão à terapêutica proposta”, enumera a coordenadora do Ambulatório de Navegação em Enfermagem de Oncologia, Luana Pinheiro.

A enfermeira Luana explica que os pacientes se sentem mais acolhidos e mais seguros com essa aproximação, o que reflete num tratamento mais efetivo. No caso da Oncologia, outra grande vantagem diz respeito ao cumprimento da “lei dos 60 dias” (Lei 12.732/12), que garante ao paciente com câncer o direito de iniciar o tratamento no SUS em, no máximo, 60 dias após o diagnóstico da doença.

“Eles sentem confiança na gente. Muitos não têm acesso às informações e possuem pouca compreensão a respeito do diagnóstico e tratamento, além de não conseguir acessar os serviços de saúde do próprio hospital, nós atuamos como um elo entre eles e as diversas equipes do serviço hospitalar, ajudando a diminuir o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento”, completa Luana Pinheiro.

Prova disso é a dona de casa Ana Cláudia Vieira da Silva, de 40 anos. Ela descobriu um câncer de mama recentemente e desde então é tratada no HC, sendo acompanhada pela Navegação em Enfermagem. “Estou já na 2ª sessão de quimioterapia e depois da 6ª sessão vou me operar. Também já fui para a assistente social pra me orientar sobre os meus direitos, como o cartão Vem gratuito. Luana é um anjo e esse ambulatório tem me ajudado muito, agilizando o meu tratamento", relata Ana Cláudia.

FLUXO – Os pacientes que são acompanhados pelo Ambulatório de Navegação em Enfermagem são aqueles assistidos previamente pelas clínicas de Oncologia, Nefrologia, Cardiologia, Doenças Infeciosas e Parasitárias (DIP), Saúde Mental ou Neurologia do HC. Para cada uma dessas especialidades, existe um perfil específico de paciente, de acordo com o seu diagnóstico, que deve ser encaminhado pelo médico assistente aos enfermeiros navegadores para o acompanhamento.

HISTÓRICO – A navegação de pacientes surgiu no final da década de 1980, no Harlem Hospital Center, em Nova York (EUA), quando o médico Harold Freeman percebeu que o índice de cura de câncer de mama das pacientes negras era menor em relação às brancas, mesmo elas passando pelo mesmo tratamento. Ao analisar e pesquisar o porquê da diferença, Freeman descobriu que as negras não conseguiam aderir ao tratamento da mesma forma que as brancas, pois tinham inúmeras barreiras socioeconômicas (como, por exemplo, o tipo do trabalho, assistência aos filhos, custo de transporte, entre outras) que dificultavam a adesão ao tratamento.

Data da última modificação: 30/08/2021, 17:32