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Especial A Limousine do Agreste aborda os famosos Toyotas alongados, tecnologia criada no interior de Pernambuco

O veículo é a principal forma de transporte coletivo da região e uma das bases da economia local

Da assessoria do projeto

Todos os dias, diversas cidades nordestinas passam o dia escutando os motores de um carro que se tornou símbolo da região agreste, os toyotões Bandeirantes. Esse modelo alongado, que topa qualquer estrada e pode carregar gente, feira, bode, geladeira, é base fundamental na vida e na economia local, mas tem sua importância pouco discutida, sendo relegado muitas vezes ao posto de mero “transporte alternativo”. Ele nasceu no interior de Pernambuco: há quem diga que foi em Brejo da Madre de Deus, há quem fale em Santa Cruz do Capibaribe. É sobre esse jipão poderoso – ele fez com que os criadores do veículo saíssem do Japão para conhecer o alongamento no Agreste – que o Observatório da Vida Agreste (OVA), lança, hoje (2), o especial “A Limousine do Agreste”, desenvolvido pelo projeto de extensão Reportagens Especiais do curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da UFPE.

Foto: Géssica Amorim

Veículos são modificados em oficinas em todo o Agreste

O especial aborda histórias dos Toyotas Bandeirantes, seus passageiros e motoristas. Circulando por toda a região, eles ganharam o nome de limousines do Agreste, batismo que usamos em todo o projeto, composto por site com reportagem, minidocumentário, dois podcasts e uma live realizada junto com o projeto O Moderno Popular. Na reportagem, em parceria com a Aveloz Comunicação (também do curso de Comunicação Social), foi visitada, em Brejo da Madre de Deus, a oficina de Belmiro Laranjeira, nome pioneiro no alongamento dos carros. Depois da morte do pai, é Jessé quem comanda o local. Também, na mesma cidade, o projeto foi até a oficina de seu Danda, onde se conferiu o processo do alongamento in loco. Em Surubim, foi a vez de conhecer a Rosinha do Amor, Toyota totalmente cor-de-rosa de Jardel Ferreira, que pintou até o motor do veículo com a cor.

“Apesar da importância vital deste carro na economia e vida cultural do Agreste, há poucas investigações de mais fôlego sobre o tema. Em uma região muito precária no transporte público, as Toyotas cumprem o principal papel de deslocamentos coletivos, mas passam, por exemplo, por problemas como proibições de circulação. Por outro lado, a segurança destes veículos é muitas vezes precária e há necessidade de maior fiscalização”, diz a professora Fabiana Moraes, editora do projeto e coordenadora do Observatório da Vida Agreste.

O projeto traz textos dos repórteres Géssica Amorim, Maria Souza, Layane Lima, Victória Pascoal, Thalícia Sousa e João Gabriel Lourenço, com a colaboração de Cladisson. No dia 7 deste mês, serão lançados dois podcasts produzidos por Maria Júlia Moura, Maryane Martins, Rauany Vasconcelos e Laís Guedes com histórias contadas pelos motoristas que guiam os famosos Toyotões. O primeiro fala do cotidiano e desafios enfrentados por estes profissionais. No segundo, seu Dodia fala como, há 25 anos, se desloca entre Brejo da Madre de Deus e São Paulo carregando gente, mudanças e sonhos. Os podcasts contam com a parceria do projeto Solte Sua Voz, coordenado pela professora Giovana Mesquita, também do OVA.

“Além de fonte de renda, os toyotões são um grande marco na história agrestina, são o meio de transporte mais utilizado para as pessoas que moram nas áreas rurais”, diz Maria Julia Vieira, repórter que participou do podcast. “Várias histórias acontecem todos os dias nas limousines do Agreste, desde partos repentinos à amizades duradouras. É verdade que as condições de trabalho e a falta de apoio político acabam por desmotivar os motoristas das Toyotas, mas é verdade também que esse laço resiste às ciladas do tempo e aos boicotes dos representantes do poder municipal”, continua. Maryane Martins Gomes, também participante do podcast, fala que há quem só viaje para São Paulo se for na limousine, um dos temas de um dos episódios. “É importante que se perceba, se analise e se fale acerca das complexidades que envolvem a relação das pessoas com esse meio de transporte.”

Iniciado em 2019, o projeto especial teve que ser suspenso devido à pandemia. Retorna agora com site feito em parceria com o Laboratório de Tipografia do Agreste (LTA) e com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) da UFPE.

Data da última modificação: 02/12/2021, 16:01