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Equipe da UTI Neonatal do HC produz luvas preenchidas com arroz para auxiliar na adaptação de recém-nascidos

Luvas proprioceptivas simulam o toque materno, estímulo sensorial necessário para o desenvolvimento de bebês nascidos prematuramente

Os bebês nascidos prematuramente no Hospital das Clínicas da UFPE, unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), têm um aliado a mais para se adaptarem ao mundo extrauterino. Tratam-se de luvas para procedimentos não cirúrgicos preenchidas com arroz que proporcionam um toque profundo e continuado, retomando à sensação da vivência intrauterina nos momentos de maior estresse e ausência materna. Essas luvas proprioceptivas são um recurso facilitador das regulações de recém-nascidos, que maximiza as funcionalidades e auxilia na obtenção de respostas adaptativas ao ambiente extrauterino. O equipamento é produzido pela equipe multiprofissional da Unidade Neonatal do hospital universitário.

“Um dos principais cuidados com o recém-nascido, prematuro e de baixo peso, ou mesmo aquele bebê que, embora tenha nascido no tempo certo, necessita de cuidados neonatais, é a neuroproteção. Uma das formas de atingi-la é sensorialmente, através do aconchego dos pais”, explica a terapeuta ocupacional Débora Santos, acrescentando que a unidade neonatal é um local no qual nem sempre é possível a presença dos genitores 24 horas por dia. “Devido a fatores como a alternância das mães por conta da necessidade de cuidar de outros filhos, possíveis intercorrências ou até mesmo no caso de bebês colocados para adoção”, pontua.

Débora trabalha na Unidade Neonatal e foi a pioneira na utilização das luvas proprioceptivas no HC. O recurso é utilizado desde 2017 no hospital universitário, mas não é conhecido por muita gente. Roseane Maria, mãe da bebê Camilly, nascida no dia 9 de agosto no hospital universitário, conta que não conhecia as luvas antes de serem utilizadas em sua filha e afirma que o recurso foi um grande amigo no processo de adaptação da recém-nascida ao mundo externo. “Eu não fazia ideia da existência das luvas. Pra acalmar a minha bebê, eu só conhecia o meu colo mesmo”, falou, dando risadas.

Atualmente, a bebê está internada na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (Ucinca) do HC, local onde é trabalhado o constante contato físico materno, porém, no caso de Camilly, que apresenta uma irritabilidade muito elevada, foi recomendado o uso das luvas. “Passo 24 horas com ela, mas à noite, quando ela fica mais irritada e chorando muito, eu coloco as luvas e ela se acalma, fica tranquila, e aí eu consigo descansar também”, afirma Roseane.

As luvas proprioceptivas são indicadas quando o bebê é hiper-reativo, inquieto e/ou muito choroso, dificultando a manutenção de sua regulação e adaptação no ambiente hospitalar. “Mas elas são utilizadas apenas nos casos de indicações, por profissionais especializados, como um recurso facilitador das respostas adaptativas do mesmo ao ambiente extrauterino e não como substitutivas do contato humano. Por isso, a prioridade para manutenção do estímulo sensorial do toque é primordialmente a regulação pela mãe e/ou pelo pai do recém-nascido”, destaca Débora.

Data da última modificação: 09/09/2021, 15:41