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Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira, é o extensionista homenageado do mês de fevereiro

(Foto: Divulgação)

 

Em 19 de setembro de 1921, na cidade do Recife, nasceu o filho de Joaquim Temístocles Freire, e de Edeltrudes Neves Freire, conhecida como Dona Tudinha. Nomeado como Paulo Regles Neves Freire, viria a ser um dos mais notáveis pensadores da história da pedagogia mundial, sendo considerado o maior influenciador da Pedagogia Crítica. Mas, antes, o educador, pedagogo e filósofo, ainda passaria por maus bocados, entrando em contato com a pobreza e a fome durante a depressão de 1929, experiência que moldou o seu interesse pela parcela mais desfavorecida da população e processos de alfabetização.

Hoje, quase um século depois, Paulo Freire é Patrono da Educação Brasileira e dono de um legado internacional de atuação e reconhecimento, sendo o terceiro pensador mais citado no âmbito das Ciências Humanas*. Uma de suas obras de maior impacto na área, Pedagogia do Oprimido, homenageado na 2ª Semana de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura da Universidade Federal de Pernambuco (SEPEC/UFPE) pelo aniversário de 50 anos de publicação, foi traduzido para diversas línguas e propõe uma pedagogia com uma nova forma de relacionamento entre professor, estudante e sociedade. Dessa forma, o pensador teve - e tem - extrema relevância no desenvolvimento da Extensão Universitária, além de ter sido responsável por grande parte da luta pela sua institucionalização.

Apesar d’a Extensão ser uma prática antiga, que contava com cursos e prestações de serviços, sobretudo rurais, realizada antes mesmo do nascimento de Paulo Freire, muito demorou antes de encontrar espaço nas universidades. No início, era tratada como um acessório, algo que acontecia ao largo das instituições. Mas, nos anos sessenta, Paulo introduziu na Universidade do Recife - como era chamada a UFPE -, de forma pioneira, tanto para a cidade quanto para o país, a ideia de criar um órgão responsável pela política contínua e processual da Extensão. Assim, surgiu o Serviço de Extensão Cultural (SEC), fruto do contato da vivência de Paulo Freire com o Movimento de Cultura Popular.

“Esse Serviço de Extensão vai virar um Departamento e, no final dos anos 1960 e começo dos anos 1970, vai virar a Pró-Reitoria de Extensão. Então, plantar essa sementinha de forma orgânica, dando uma dimensão de órgão, de fazer parte da instituição, que é uma briga que até hoje os Pró-Reitores de Extensão têm, que o Fórum de Pró-Reitores tem, que é a briga por um lugar dentro da institucionalidade das universidades, para ter servidores próprios, uma política própria, isso é muito importante”, afirma Dimas Veras, professor do IFPB e pesquisador da Cátedra Paulo Freire da UFPE. O professor Dimas ainda pontua que a contribuição dessa conquista vai muito além do âmbito institucional; ela é, acima de tudo, uma contribuição social e político-pedagógica.

Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Ou seja, levá-lo a entender sua situação diante da sociedade e agir em favor da própria libertação. De acordo com Eliete Santiago, professora, pesquisadora e coordenadora da Cátedra, a contribuição de Paulo Freire na extensão vem justamente da compreensão do diálogo, o diálogo não apenas como a relação entre sujeitos, mas uma relação entre o sujeito e os seus contextos, entre a universidade e o seu ambiente social, entre as pessoas e os seus contextos de vida e de trabalho, e essa seria a verdadeira definição de extensão.

A professora Eliete também ressaltou que, quando pensamos na sua obra, pensamos em uma unidade entre o pensamento, a formulação das ideias e a prática, então Paulo Freire nem é só ideia, nem é somente prática, ele é essa unidade. E essa unidade, garante, é transformadora.

Visando materializar a dimensão dialógica do pensamento freiriano, a Universitária AM 820, parte do Núcleo de Televisão e Rádios Universitárias (NTVRU) da UFPE, passou a ser denominada Rádio Universitária Paulo Freire, agora sob gestão do Departamento de Comunicação (DCOM). Pautada pelas ideias do seu fundador Paulo Freire, que entre 1962 e 1964 deu início a esta instância informativa, política e pedagógica, foi inaugurada em novembro do ano passado na 2ª SEPEC e funciona como rádio-escola em uma unidade anexa à Reitoria. Esse monumento, como a Rádio foi chamada pela professora Eliete Santiago, é mais uma prova de que a filosofia freiriana permanece viva como nunca.

 

*: Segundo um levantamento feito no Google Scholar - ferramenta de pesquisa dedicada à literatura acadêmica.