(Fotos: Grupo Robeyoncé de Extensão Universitária)

Membros do Robeyoncé e outros coletivos no III Encontro de Mulheres nas Ciências Criminais, em Maceió

Robeyoncé Lima, atualmente co-deputada estadual de Pernambuco pelo mandato coletivo das Juntas, foi a primeira advogada transexual do norte e nordeste. Mulher, negra e trans, destacou-se na história da Faculdade de Direito do Recife (FDR) por levar diversidade a um espaço de tradicionalismo, lutando pela representatividade dentro do ambiente acadêmico. Em sua homenagem, surgiu o projeto de extensão intitulado “Grupo Robeyoncé de Extensão Universitária”, criado em 2016, no ano em que se formou. 

Com coordenação de Mariana Pimentel Fischer Pacheco, professora do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Pernambuco (CCJ/UFPE), unidade de origem da iniciativa, o projeto foi motivado pela necessidade de debater gênero e sexualidade na Universidade. Além disso, seguindo os princípios extensionistas, promovem uma série de estudos e ações de aconselhamento jurídico para mulheres e população LGBTTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexos) do estado, com o objetivo de levar esse conhecimento para a sociedade. 

No início, o Grupo Robeyoncé era bem diferente do que é agora. Antes dedicado a pesquisas e discussões, passou por uma reformulação e, atualmente, atende a população feminina carcerária, em conjunto com o coletivo Liberta Elas, que busca romper o isolamento de mulheres em situação de cárcere. As ações são realizadas no Instituto Bom Pastor, localizado no bairro da Iputinga, e incluem uma série de oficinas, tanto na área de autocuidado quanto no âmbito jurídico. A ideia é informá-las acerca da própria situação processual, mas também humanizá-las e cuidar das mais básicas necessidades, que muitas vezes lhes são negadas. 

Na entrada da Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, em um dia de oficinas com as presas

“A gente vai lá, junto com uma defensora pública da União, e tira umas dúvidas sobre o processo penal. Na verdade, a gente nem tira tantas dúvidas porque elas mesmas já sabem muita coisa, de como muita coisa funciona, então muitas vezes elas que acabam ensinando a gente”, conta Renata Ataíde, estudante do décimo período de Direito na FDR e parte do projeto de extensão. Após as oficinas, é passada uma lista com o nome de todas que estão presentes, para que seus processos sejam analisados pelos sete graduandos que compõem o Grupo. Apesar de serem poucos, Renata afirma que todos atuam ativamente para que as metas sejam sempre atingidas.

Neste período de fim de ano, está sendo realizado um mutirão para que, devido ao grande número de grávidas e lactantes em situação de cárcere, a recente decisão de que mulheres grávidas e com filhos de até 12 anos permaneçam em prisão domiciliar seja cumprida. Para que isso aconteça, o Grupo Robeyoncé de Extensão Universitária se juntou a outros coletivos para fazer esses pedidos e permitir que elas voltem para casa no natal. “Eu acho que nós, enquanto estudantes de uma universidade pública, temos um privilégio imenso. A gente precisa fazer algo quanto a isso e eu penso como sendo muito pouco simplesmente estar na faculdade, ir para as aulas, aprender várias coisas, e não dar aquilo em retorno para a sociedade de nenhuma forma”, afirma Renata. 

Apesar de, até então, o projeto ser formado apenas por estudantes de Direito, o Grupo aceita graduandos de qualquer curso, pois acredita que todas as áreas têm muito a acrescentar e, quanto mais pessoas idealizando formas de ajudar e possibilitando que elas sejam colocadas em prática, melhor. Para participar, não é necessário passar por nenhum processo seletivo, apenas entrar em contato através do e-mail ou redes sociais do Grupo Robeyoncé e manter-se ativo nas reuniões quinzenais. De organização horizontal, as atividades são divididas igualmente e todos possuem voz. Afinal, esse é o seu verdadeiro objetivo.

 

Mais informações
Grupo Robeyoncé de Extensão Universitária
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@gruporobeyonce
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