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Defesa de Tese de Doutorado n.º 16 em 2019

“DISPERSÃO E MOBILIDADE DE RADIONUCLÍDEOS NO AQUÍFERO BEBERIBE (OLINDA – PE) E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS”

Programa de Pós-Graduação em Geociências – CTG/UFPE

 

Defesa de Tese de Doutorado n.º 16 em 2019

 

Aluno(a): Ana Claudia de Paiva

 

Orientador(a): Prof. Dr. João Adauto de Souza Neto

 

Coorientador(a): Prof. Dr. Elvis Joacir De França (CRCN/CNEN)

 

Título: “DISPERSÃO E MOBILIDADE DE RADIONUCLÍDEOS NO AQUÍFERO BEBERIBE (OLINDA – PE) E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS”

 

Data: 19/11/2019

 

Horário: 14h

 

Local: Sala de Projeções do Departamento de Geologia (sala 522), localizada no 5.º (quinto) andar do edifício escolar do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco

 

Banca Examinadora:

 

Titulares:

 

1.º Examinador(a): Prof. Dr. Elvis Joacir de França (Coorientador)

2.º Examinador(a): Prof. Dr. José Geilson Alves Demétrio (PPGEOC/CTG/UFPE)

3.º Examinador(a): Prof. Dr. Mário Ferreira de Lima Filho (PPGEOC/CTG/UFPE)

4.º Examinador(a): Prof. Dr. Germano Melo Junior (UFRN)

5.º Examinador(a): Prof. Dr. Wanilson Luiz Silva (UNICAMP)

 

Suplentes:

 

1.º Examinador(a): Prof.ª Dr.ª Lúcia Maria Mafra Valença (UFPE)

2.º Examinador(a): Prof.ª Dr.ª Maria Helena Bezerra Maia de Hollanda (USP)

 

Resumo:

 

A porção do Aquífero Beberibe localizado no município de Olinda está inserida na Bacia Sedimentar Paraíba, definida como uma sequência de sedimentação clástica e química de idade do Cretáceo ao Neógeno, composta, da base para o topo, pelas formações Beberibe (arenitos), Itamaracá (arenitos calcíferos),Gramame (calcários), Maria Farinha (calcários e margas) e Barreiras (arenitos e argilitos). Capeando a Formação Itamaracá, ocorre uma camada descontínua e variável em espessura (1 a 3m) de fosforito uranífero, contendo níveis elevados de radionuclídeos (238U, 232Th, 226Ra e 228Ra). Como os recursos hídricos do Aquífero Beberibe são utilizados para abastecimento público, é plausível a exposição da população a níveis mais elevados desses radionuclídeos naturais, uma vez que, por drenança vertical a água possa passar através do fosforito, antes de chegar ao aquífero. Assim, o objetivo desta pesquisa foi estudar a distribuição de radionuclídeos nas águas de poços do aquífero Beberibe localizados no município de Olinda – PE a partir da interação das águas destes poços com a camada do fosforito. Nesse caso, em um testemunho de sondagem do projeto K-T, (62,2 metros de profundidade) representando a sucessão geológica típica que ocorre no substrato de Olinda, foram quantificados Ca, Mg, P, Si e 238U, 232Th, 226Ra e 228Ra em amostras de rochas (fosforito e calcários) por Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia (EDXRF) e por Espectrometria Gama de Alta Resolução (EGAR) para se estimar a distribuição do fosforito uranífero nesta perfil. Amostras de água subterrânea foram coletadas em 20 poços, operados pela COMPESA (Companhia Pernambucana de Saneamento), estrategicamente selecionados de modo a serem espacialmente representativos do município estudado. Para identificar a origem dos elementos químicos presentes na água dos poços, foi empregada a técnica de razão isotópica 87Sr/86Sr analisadas por Espectrometria de Massas com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS) nas amostras de rochas do perfil geológico e nas águas dos poços, após digestão química. Finalmente, foi avaliada a presença de radionuclídeos naturais nas águas dos poços de Olinda (PE) pela combinação das técnicas do Contador Proporcional de Fluxo Gasoso (alfa total, beta total, 226Ra e 228Ra), de ICP-MS (U e Th naturais) e de Cintilação Líquida de Ultra-Baixa Radiação de Fundo para a quantificação de 222Rn, um dos principais radionuclídeos para a avaliação de risco para a saúde da população. Os resultados das amostras de rochas do perfil geológico indicaram a presença de fosforito em subsuperfície (camadas de 59,86m a 62,20m de profundidade), contudo o fosforito uranífero não apresentou distribuição homogênea no perfil, cujas concentrações variaram entre 10,4 a 35,1Bq/kg para 228Ra; 16,3 a 486Bq/kg para 226Ra, 11,1 a 32,8Bq/kg para 232Th e 163,9 a 820,5Bq/kg para 238U. As análises da razão isotópica 87Sr/86Sr apontaram para uma assinatura geoquímica congruente entre as águas dos poços e as camadas de rochas estudadas: calcários (0,70714 a 0,70770), fosforito (0,71155 a 0,73033), e água (0,70104 a 0,73397). Para as concentrações dos radionuclídeos naturais nas águas dos poços, os valores de 238U variaram de 0,36µg/L a 1,80µg/L, estando abaixo do valor máximo permitido pela Portaria n.º 2.914 do Ministério da Saúde (30,00µg/L); as concentrações de Th atingiram 0,02µg/L, enquanto os resultados variaram de 0,06 a 0,17Bq/L para 226Ra e 0,08 a 0,25Bq/L para 228Ra. Com isso, conclui-se que, mesmo as águas apresentando contato com as camadas de rochas, não houve contribuição significativa do fosforito uranífero para a concentração dos radionuclídeos na água dos poços, fato, ainda, comprovado pelas baixas concentrações de 222Rn, cujos valores variaram de 2,4Bq/L a 29Bq/L, muito inferiores aos encontrados em águas de poços de ocorrências uraníferas (média de 184,5kBq/L) na região de Caitité, Estado da Bahia. Finalmente, do ponto de vista da potabilidade radiológica, os valores máximos encontrados de radiação alfa e beta total foram inferiores aos limites permissíveis pela Portaria n.º 2.914 do Ministério da Saúde de 0,5Bq/L (alfa total) e 1,0Bq/L (beta total), corroborando a qualidade da infraestrutura quanto à produção de água potável no Município de Olinda.

 

Palavras-chave: Radionuclídeos; razão isotópica 87Sr/86Sr; água subterrânea; Olinda.