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Exame de Qualificação ao Doutorado n.º 4 em 2023

“OS METATÉRIOS DA BACIA DE ITABORAÍ: sistemática e diversidade”

Programa de Pós-Graduação em Geociências – CTG/UFPE

 

Exame de Qualificação ao Doutorado n.º 4 em 2023

 

Aluno(a): Leonardo de Melo Carneiro

 

Orientador(a): Dr. Édison Vicente Oliveira

 

Coorientador(a): -

 

Título da pré-tese: “OS METATÉRIOS DA BACIA DE ITABORAÍ: sistemática e diversidade”

 

Data: 31/05/2023

 

Horário: 14h

 

Local: https://meet.google.com/myd-hhcd-skv

 

Banca Examinadora:

 

Presidente:

 

Dr. Édison Vicente Oliveira (Orientador)

 

Titulares:

 

1.º Examinador(a): Dr. Francisco Javier Goin (Universidad Nacional de La Plata)

2.º Examinador(a): Dr. Leonardo Rodrigo Kerber Tumeleiro (UFSM)

3.º Examinador(a): Dr.ª Lílian Paglarelli Bergqvist (UFRJ)

4.º Examinador(a): Dr. Pierre-Olivier Antoine (Université de Montpellier)

 

Suplentes:

 

1.º Examinador(a): Dr.ª Ana Maria Ribeiro (Museu de Ciências Naturais do RS)

2.º Examinador(a): Dr.ª Enelise Katia Piovesan (PPGEOC/CTG/UFPE)

 

Resumo:

 

Metatheria representou o grupo de mamíferos paleogenos de maior diversidade da América do Sul. Dentre as faunas paleogenas, a fauna de metatérios do Eoceno inferior (ca. 56.1-51.4 Ma - Itaboraian SALMA) da Bacia de Itaboraí, São José de Itaboraí, RJ, Brasil, é uma das mais proeminentes. Esta fauna preservou a maior diversidade de metatérios insetívoros, frugívoros e táxons com especializações durófagas (Gaylordia, Didelphopsis e Eobrasilia) em uma única associação faunística do Paleogeno-Neogeno da América do Sul. Os metatérios foram representados por, pelo menos, 25 gêneros e 41 espécies cuja massa corporal variou entre menos de 10 gramas (Minusculodelphis spp.) a mais de 7 kg (cf. Nemolestes sp. e Eobrasilia coutoi). Essa fauna registrou os mais antigos representantes conhecidos dos Didelphimorphia (Monodelphopsis e Protodidelphidae - Guggenheimia, Protodidelphis e Carolocoutoia), e também um Australidelphia-“Woodburnodontidae” (Austropediomys), a linhagem-irmã aos Microbiotheria e Diprotodontia. A presença de Paucituberculata não foi confirmada na fauna, visto que “Riolestes” deve representar um terceiro pré-molar inferior decíduo de Protodidelphis mastodontoides. Sparassodonta foi representado na fauna por Patene e cf. Nemolestes sp., que ocuparam o nicho trófico dos principais mamíferos predadores. Polydolopimorphia foi representado por Epidolops, o metatério mais abundante dessa fauna, e por Gashternia, de dieta folívoro-frugívora. O enigmático Eobrasilia pode ter sido um Alphadontia-Hatcheriformes, um clado considerado como endêmico do Cretáceo da América do Norte. “Zeusdelphys” e “Periprotodidelphis” são prováveis sinônimos de Eobrasilia. A grande variedade de “ameridélfios” Itaboraienses incluiu, entre outros, “Peradectoidea” (Bergqvistherium e Peradectoidea gen. nov.), Caroloameghinioidea (Procaroloameghinia, Mirandatherium e Bobbschaefferia), Jaskhadelphyidae (Minusculodelphis) e táxons afins (Marmosopsis e Gaylordia), e Sternbergiidae (Carolopaulacoutoia, Itaboraidelphys e Didelphopsis), que representaram grupos mais antigos do que os Marsupialia. Os Derorhynchidae (Derorhynchus, Diogenesia e Derorhynchidae gen. nov.) e Herpetotheriidae (cf. Armintodelphys sp.) foram os táxons irmãos de Marsupialia. A revisão dos materiais depositados em coleções brasileiras permitiu a associação de elementos dentários e de dentição (superior e inferior) para quase todos os gêneros conhecidos dessa fauna. A reavaliação dos oito morfotipos de petrosos recuperados em Itaboraí permitiu uma reassociação preliminar com alguns táxons dessa fauna, corroborando uma origem comum para a maioria dos clados sul-americanos. A presença de marsupiais didelfimórfios na fauna de Itaboraí é corroborada pela identificação de um morfótipo de petroso (tentativamente associado ao Monodelphopsis) e dois morfótipos de elementos tarsais (tentativamente associados a Monodelphopsis e Carolocoutoia). A fauna de Itaboraí apresentou representantes da maioria dos clados conhecidos de metatérios do Eoceno inferior da América do Sul, a exceção de “Glasbiidae”, Polydolopidae, Prepidolopidae (todos Polydolopimorphia), Paucituberculata (Marsupialia) e Microbiotheriidae (Australidelphia) conhecidos para as faunas de Las Flores, Chubut, Argentina; e/ou La Meseta/Marambio, Península Antártica (Itaboraiense e Riochiquense SALMAs, respectivamente). É possível que esses grupos estivessem restritos ao Reino Austral durante o Eoceno inferior. A presença de táxons aparentados aos Anatoliadelphyidae e aos Peratheriinae na fauna de Itaboraí, como sugerido na literatura, poderia indicar uma similaridade faunística compartilhada entre o sudeste brasileiro e Euro-Afro-Anatólia (hipótese da Atlantogea), em comparação com as faunas Patagônicas e Antárticas. Entretanto, essa hipótese não pôde ser corroborada com base nos materiais conhecidos.

 

Palavras-chave: Didelphimorphia; Eoceno Inferior; Itaboraiense; Marsupialia; Paleogeno; Petroso