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Homenagem ao Sr. Aldemir Santos, funcionário mais antigo em atividade da UFPE

Aconteceu na noite de ontem, 16/05, a entrega de medalha em homenagem ao Sr. Aldemir Santos, pelos 50 anos de serviços prestados à UFPE.

 

Acompanhe a noticia publicada pelo Site G1:

(publicação original disponível aqui)

 

Com mais de meio século de trabalho, funcionário mais antigo da UFPE recebe medalha de 50 anos de serviço

 

Aos 71 anos, Aldemir dos Santos acumula 53 anos de serviço público. Ele trabalha na Faculdade de Direito do Recife.

Por Pedro Alves, G1 PE

 

O técnico administrativo em educação Aldemir Sebastião dos Santos, de 71 anos, é o funcionário mais antigo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ao longo de 53 anos, ele coleciona uma quantidade que já nem consegue recordar de homenagens por seu trabalho, sempre dedicado, ao serviço público. Apesar disso, havia uma que ele ainda esperava.

 

Na noite da quinta-feira (16), ele recebeu a uma medalha destinada aos servidores civis com meio século de atuação no serviço público. A sessão solene foi realizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife, no Centro da cidade, prédio onde Aldemir atua.

 

Em 2018, ao completar 52 anos de trabalho na UFPE, ele informou ao G1 que ainda esperava o recebimento da medalha, tão rara, e temia não estar vivo para receber a condecoração. Ao saber da notícia da chegada da insígnia ao Recife, ele diz que a sensação é a de ter vencido um campeonato mundial.

 

"Me sinto como um atleta que sai do seu país para um campeonato mundial e ganha uma medalha cobiçada por tantos. Eu competi e ganhei. Não tenho nem palavras para expressar", diz o servidor.

Aldemir viu crescer a instituição de ensino, na qual ingressou, então no cargo de "servente", aos 18 anos de idade. O prédio da FDR é um dos tantos pelos quais ele passou durante as décadas trabalhando na UFPE. A cerimônia de concessão da medalha foi comandada pelo reitor Anísio Brasileiro.

 

Reitor da UFPE, Anísio Brasileiro condecora o funcionário mais antigo da instituição ainda em atuação — Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press. Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/05/17/com-mais-de-meio-seculo-de-trabalho-funcionario-mais-antigo-da-ufpe-recebe-medalha-de-50-anos-de-servico.ghtml, Acesso em 17/05/2019.

 

A concessão da medalha segue um decreto publicado em 27 de julho de 1961, assinado pelo então presidente Jânio Quadros. O texto afirma que a medalha é uma forma de "reconhecimento que o país deve aos que se distinguem em seus serviços, sem falta grave" e que a medalha deve ser concedida pelo presidente da República.

Foi o Ministério da Educação, então chefiado por Aloizio Mercadante, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), que decidiu, em 2016, conceder a Aldemir a medalha, que chegou à capital pernambucana três anos depois.

 

"Eu vivi muita coisa na UFPE, vi muitas mudanças acontecerem. A começar pelos cargos. Entrei como servente, passei para agente administrativo e hoje, sou técnico administrativo em educação. Minhas duas filhas estudaram na UFPE. Tenho muito orgulho", declara Aldemir.

Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press. Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/05/17/com-mais-de-meio-seculo-de-trabalho-funcionario-mais-antigo-da-ufpe-recebe-medalha-de-50-anos-de-servico.ghtml. Acesso em 17/05/19.

 

Sobre uma possível aposentadoria, Aldemir afirma que pediu ao reitor Anísio Brasileiro que, no futuro, pudesse atuar como voluntário na universidade.

"Ficar em casa vai ser muito ruim. Imagine você vir num ônibus a 180 quilômetros por hora e, de uma hora para outra, parar do nada. É como eu me sinto depois de tantos anos trabalhando", diz.

 

Meio século de história

Aldemir entrou na universidade em 1966, no antigo Instituto de Ciências do Homem, atual Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Na época, a unidade de ensino funcionava na cozinha de onde, hoje, é o Restaurante Universitário, na Zona Oeste do Recife.

 

A história da UFPE, fundada como Universidade do Recife em 1946, se confunde com a de Aldemir. Ele viu de perto a construção do imponente prédio de 15 andares do CFCH, bem como as do Centro de Artes e Comunicação, do Centro de Tecnologia e Geociências, do Hospital das Clínicas e da Reitoria da UFPE, hoje, marcas inconfundíveis da Cidade Universitária.

 

Apesar de ter 53 anos registrados de trabalho na UFPE, sua vida profissional começou bem antes, pela necessidade de sobreviver. Seu pai morreu aos 15 anos de idade e, sendo o mais velho entre oito irmãos, Aldemir precisou levar nas costas as contas de uma família de dez pessoas.

"Fui camelô, ajudante de feirante e várias outras besteiras. Minha mãe, no entanto, sempre fez questão que estudássemos. Naquela época as coisas eram muito diferentes. Existia a cultura de mulher ser dona de casa e, apesar de minha mãe ser muito esforçada, eu, como filho homem mais velho, tive que trabalhar para dar conta de tudo", afirma o servidor público.

 

Como trabalhador do acervo da Faculdade de Direito, uma das funções que desempenhou ao longo dos anos, entre os trabalhos que ele se orgulha em ter feito, estão densas pesquisas sobre o ex-governador Barbosa Lima Sobrinho, falecido em 2000, e sobre o poeta Castro Alves, grande abolicionista do século 19.

Apesar da felicidade em completar mais de meio século com conduta exemplar na universidade, ele faz questão de citar a preocupação com a UFPE, depois do bloqueio de R$ 55,8 milhões pelo Ministério da Educação.

 

"Passei pela ditadura e tudo, mas é a primeira vez que vejo algo assim acontecendo. A universidade é gratuita, os alunos não pagam nem por um diploma. Como o pessoal de baixa renda vai ficar? Me entristece muito ver uma coisa dessas acontecendo com o serviço público. A coisa já não estava boa, colegas minhas se aposentaram e não foram substituídas. Agora, não sei como vai ser", afirma Aldemir.