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Análise de resultados pré e pós-imunização evidenciam impacto positivo da vacinação contra a Covid-19

Testes sorológicos foram realizados por pesquisadores dos três campi da UFPE e resultaram em dois artigos em revistas internacionais

Por Meliah Batista

A metodologia Bayesiana permite a atualização de distribuições probabilísticas de parâmetros de interesse à medida que evidências se tornam disponíveis. Ela foi apontada como adequada para modelar a incerteza e aprimorar o conhecimento sobre a soroprevalência do SARS-CoV-2 – a proporção de casos de infecção do agente patogênico da Covid-19 numa determinada população, medida através de exames do soro sanguíneo – no cenário de pré e pós-campanhas de vacinação. Essa abordagem é apresentada no artigo "Seroprevalence of SARS-CoV-2 on health professionals via Bayesian estimation: a Brazilian case study before and after vaccines" (“Soroprevalência de SARS-CoV-2 em profissionais de saúde via estimação Bayesiana: estudo de um caso brasileiro antes e depois das vacinas”), publicado na revista internacional Acta Tropica (estrato A1 do Qualis Unificado). É o primeiro relato de soroprevalência entre profissionais de saúde no Brasil após o início da campanha de vacinação, resultante de trabalho interdisciplinar envolvendo pesquisadores dos três campi da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) .

Essa pesquisa foi realizada em continuidade ao estudo "SerumCovid database: Description and preliminary analysis of serological Covid-19 diagnosis in healthcare workers" (“Banco de dados SerumCovid: descrição e análise preliminar do diagnóstico sorológico de Covid-19 em profissionais de saúde”), disponível na revista PlosONE (também no estrato A1 do Qualis Unificado). "Esse primeiro artigo contribui para o entendimento do comportamento sorológico após contato com o vírus (antes da vacina) em profissionais da saúde, enquanto o segundo artigo apresenta uma metodologia para atualização da soroprevalência nessa população, à medida que novas informações tornam-se disponíveis", explica a autora do estudo e integrante do Centro de Estudos e Ensaios em Risco e Modelagem Ambiental (Ceerma), professora Isis Didier Lins

No estudo envolvendo a metodologia Bayesiana, observaram-se os níveis dos anticorpos IgA e IgG antes e depois da vacinação. “Os níveis mais altos de IgA são detectáveis no soro sanguíneo no início da infecção e tendem a cair. Já o IgG se expressa mais tardiamente e é detectável por longo período”, explica a pesquisadora Ana Lisa Gomes, também autora dos artigos. A população de estudo foi composta por 432 profissionais de saúde de Vitória de Santo Antão e mais de 620 coletas, visto que parte das pessoas foi testada mais de uma vez. 

No contexto pré-vacina, foram avaliados diversos casos sem considerar conhecimento prévio e também levando-se em conta bases de dados anteriores, já disponíveis na literatura, associados à soroprevalência do SARS-CoV-2 em Nova York, nos Estados Unidos, e em Genebra, na Suíça. Nesse caso, chegou-se a uma distribuição probabilística da soroprevalência baseada no IgG com média 10,09% e desvio padrão 0,91%, utilizando os dados europeus. 

Para o pós-vacina, além de casos sem conhecimento prévio, houve a utilização da base de dados local, a SerumCovid, descrita no primeiro artigo, como fonte de informação inicial. Nesse último caso, após atualização Bayesiana com resultados dos testes sorológicos em vacinados, observou-se uma distribuição atualizada da soroprevalência com média igual a 84,83% e desvio padrão de 2,15%, também com base no anticorpo IgG. Isso confirma o aumento acentuado da soroprevalência pós-vacinação.

RESULTADOS - Os resultados obtidos evidenciam a importância das vacinas como medida eficaz na indução de soroconversão, que leva a teste sorológico positivo (observação de presença significativa de anticorpo contra o vírus), sugerindo, portanto, proteção e, consequentemente, desenvolvimento de formas mais leves da Covid-19. Ainda, corroboram a aplicação de testes sorológicos cujos dados podem atualizar o conhecimento sobre a soroprevalência, métrica essencial não só para caracterizar o perfil sorológico das populações estudadas, mas também para apoiar decisões relacionadas às políticas de vacinação e à manutenção das medidas de proteção e distanciamento social. Soroprevalências em populações de diferentes regiões podem ser usadas até mesmo para definir modelos de otimização sobre a distribuição de equipamentos de proteção individual, como máscaras e protetores faciais. A metodologia apresentada pelos pesquisadores é facilmente adaptável à soroprevalência associada a outros agentes patogênicos, não apenas o SARS-CoV-2.

Além de Isis Didier Lins, do Ceerma e do Departamento de Engenharia de Produção (DEP), no Campus Recife, e Ana Lisa Gomes, do Departamento de Enfermagem do Centro Acadêmico de Vitória (CAV), a pesquisa contou com a colaboração de Caio Souto Maior, do Ceerma e Núcleo de Tecnologia do Centro Acadêmico do Agreste (CAA); Márcio Moura, João Mateus Santana, Leonardo Raupp e Felipe Felipe, do Ceerma e do DEP; Mariana Fernandes, do Departamento de Educação Física do CAV; e Alice Araújo, do Departamento de Saúde Coletiva, também do CAV. Os resultados do trabalho serão atualizados tão logo um novo banco de dados com amostras após a terceira e quarta doses de vacinação estiver disponível.

Mais informações

Professora Isis Didier Lins
(81) 2126.7112
isis.lins@ufpe.br

Professora Ana Lisa Gomes
ana.vgomes@ufpe.br

Data da última modificação: 13/07/2022, 15:10