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O Hospital Pedro II

Por Gilson Edmar, vice-reitor da UFPE

Muitas pessoas já escreveram sobre o velho Hospital Pedro II. Isto evidencia o papel que desempenhou na formação de médicos e de outros profissionais da saúde, além de ter sido, durante muito tempo, o principal local de atendimento da parcela carente de nossa sociedade.

O Pedro II funcionou como Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da nossa Universidade Federal de Pernambuco, por muitas décadas. Por lá passaram gerações de médicos, professores e estudantes. Os serviços ou enfermarias do hospital se confundiam com as cátedras ou disciplinas do curso clínico da faculdade. Eram dirigidos pelos professores catedráticos, posteriormente denominados professores titulares. Ao longo do tempo outros cursos vieram a ter sede no velho hospital, como os cursos de fisioterapia, terapia ocupacional, na Clínica Ortopédica do Professor Rui Batista. Existiam ainda as Enfermarias de Professores Livre-Docentes, como as de Neurologia de Pacífico Pereira e Zacarias Maciel, além das Enfermarias da Santa Casa. Uma delas, a de Ginecologia, era dirigida pelo doutor. Henrique Matos de Oliveira, local onde os estudantes também iam aprender e praticar.

No térreo do velho prédio localizavam-se as Enfermarias de Cirurgia Vascular, Ginecologia e Oftalmologia. No 1º andar, as Enfermarias de Clínica Médica (1ª e 2ª) e a de Semiologia Médica. No 2º andar, a de Cirurgia Torácica (inclusive cardíaca), a de Cirurgia Geral e as de Neurologia e Neurocirurgia. Atrás do bloco principal, tínhamos a Patologia, a Psiquiatria, a Ortopedia e a Pediatria. No porão uma das Salas de Aula e o Laboratório. Anexo ao Hospital, havia um pequeno prédio onde funcionava a Maternidade no térreo e a Puericultura no 1º andar. Posteriormente, veio a ser construído o Imip, sendo transferido o Serviço de Pediatria para este novo edifício. Ainda existiam outras clínicas que também lá funcionavam. Foram inúmeros os professores que atuaram nos seus respectivos serviços. Difícil citar todos, sem incorrer no erro da omissão.

O Hospital Pedro II exerceu um papel fundamental na construção do polo médico do Recife, hoje o segundo em importância no Brasil. Nas suas enfermarias grandes mestres da medicina foram modernizando e inovando a prática médica, através das pesquisas ali realizadas. O pioneirismo em várias especialidades médicas consolidou a competência instalada naqueles serviços, como na Cirurgia Cardíaca, na Neurocirurgia, na Neurofisiologia Clínica, entre várias outras. O desenvolvimento das diversas especialidades permitiu a formação profissional de excelentes médicos, que atuam em todos os Estados do Brasil e até mesmo no exterior.

Na década de 80 foi concluído o prédio do Hospital das Clínicas (HC) no campus da Cidade Universitária, uma aspiração da comunidade acadêmica. Em razão disto, todos os serviços ligados a UFPE foram transferidos para o novo HC. A mudança, como foi realizada, resultou em alguns problemas em ambas as unidades, especialmente na dificuldade de funcionamento do HC e na impossibilidade do Hospital Pedro II continuar em atividade. No HC as dificuldades eram resultantes da falta de equipamentos necessários ao seu bom funcionamento, por ter sido impedida a transferência dos mesmos, pela Santa Casa. A saída do pessoal da UFPE inviabilizou a atividade do Pedro II, pois as equipes não foram repostas pelos órgãos responsáveis pela saúde, na época. O HC/UFPE se equipou, sendo atualmente uma das mais importantes unidades hospitalares do Estado.

Passaram-se 28 anos desde o "fechamento do prédio" até que o espírito empreendedor de Antônio Carlos Figueira, dentro dos princípios norteadores do Imip, devolveu à sociedade pernambucana o velho/novo Hospital Pedro II. Foi preservada a sua arquitetura original, marco de uma época e patrimônio dos pernambucanos. Entretanto, foi equipado com o que se tem de mais moderno na medicina, mantendo a vocação do Pedro II de continuar a formar profissionais competentes e atender de modo eficiente a nossa comunidade.

Todos os que por lá passamos como estudantes, como professores, como profissionais e servidores da saúde almejamos vida longa ao nosso querido Hospital Pedro II, pois ele faz parte da história de cada um de nós e também do Estado de Pernambuco.

Publicado no Jornal do Commercio, na edição do dia 09.09.2010
Data da última modificação: 27/10/2016, 14:59

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