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Municípios saudáveis

Por Gilson Edmar Gonçalves e Silva – vice-reitor da UFPE
 
O Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social (Nusp) está atravessando o importante momento da sua consolidação como uma unidade da Universidade Federal de Pernambuco. Criado há 10 anos para ajudar na implementação do Sistema Único de Saúde em três municípios do Estado, em parceria com o governo japonês, através da Jica, logo se impôs como órgão de atuação multi, inter e transdisciplinar.
 
Terminado o período do convênio, o Nusp continuou com as suas atividades de extensão, na promoção da saúde, por meio de um projeto para transformar em município saudável a cidade de Itambé. A experiência positiva motivou a equipe a propor um novo convênio com a Jica, juntamente com a Secretaria de Planejamento do Estado, para desenvolver esse arrojado e importante trabalho em cinco municípios do Agreste pernambucano: Barra de Guabiraba, Bonito, Camocim de São Félix, Sairé e São Joaquim do Monte.
 
O governo do Japão apoiou esta nova iniciativa, tendo em vista a experiência lá desenvolvida, com apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS). A parceria tem trazido grandes benefícios para todos, pela troca de informações e de práticas. O Nusp, até então ligado administrativamente ao Centro de Ciências da Saúde, extrapolou os limites desta unidade acadêmica da UFPE, ao agregar em suas atividades de extensão, docentes e estudantes de todas as áreas do conhecimento. Havia a necessidade, urgente, de um re-desenho do Nusp, dentro do organograma universitário.
 
Após longas discussões, chegou-se a um consenso que deveria ser transformado em órgão suplementar, ligado diretamente à Reitoria. Dessa forma, poderia atuar de modo mais eficaz, como um elo de conexão entre a UFPE e a sociedade, através dos seus projetos de extensão, mas também atuando no ensino e na pesquisa em saúde coletiva, tanto na graduação como na pós-graduação. Torna-se, assim, necessária a participação dos parceiros na construção da sede própria do Nusp.
 
O intercâmbio Brasil-Japão nessa área do saber permite a vinda de técnicos japoneses para conhecer nossa realidade social, como também a ida dos nossos pesquisadores para avaliar as ações que resultam em municípios saudáveis, na conjuntura social japonesa. O crescimento destas experiências, para ambos, é imensurável.
 
Como alguns, estive visitando a vivência japonesa em municípios saudáveis, na cidade de Chiroi, desenvolvida pelo seu governo municipal e na província de Chiba, coordenada pela Universidade de Juntendo, uma instituição temática em ciências do esporte, cujas ações são direcionadas à promoção da saúde. Outro ponto a destacar, nessa mobilidade de peritos brasileiros e japoneses, é a grande chance de todos conhecerem a cultura, a arte, os costumes dos dois povos, elementos facilitadores dessa parceria.
 
Não é nada simples a implantação de ações que resultem na promoção da saúde e, em conseqüência, na melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes do município, representada por renda, moradia, educação, lazer, alimentação, atividade física, todas condignas com o ser humano, na concepção ampla de saúde da OMS. Para facilitar e desenvolver essa política pública é necessário e também indispensável à participação efetiva da população, de forma individual, familiarmente ou por meio das associações de moradores, definindo as linhas de ação a serem adotadas. É imprescindível também a participação dos governantes municipais e estaduais, oferecendo as condições necessárias para implementação do projeto.
 
É preciso logo começar, mesmo que seja numa microárea, pois é tão importante o município ser saudável, como a pessoa, a família, a casa, a escola, o bairro serem saudáveis através de uma adesão cada vez maior a estas políticas sociais. Por essa razão, também devemos escolher a UFPE para implantarmos o projeto e, como resultado, transformar a nossa instituição numa “universidade saudável”.
 
Ao pensar em algo tão importante para a sociedade, devemos exigir, dos responsáveis, segurança para a população, a fim de que se possam desenvolver essas ações de modo tranqüilo e com eficácia. Esta segurança representa, entre outras medidas, o combate até o controle total da violência e da criminalidade.
 
Publicado em 26.01.2006 no Jornal do Commercio
Date of last modification: 31/10/2016, 11:42

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