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Homenagem aos salesianos

Por Gilson Edmar, vice-reitor da UFPE
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Este ano, a Congregação Salesiana comemora 150 anos da sua fundação em Turim, na Itália. Quando chegaram ao Brasil, instalaram missões com o objetivo de catequizar os índios. Por terem vocação de educadores, foram inaugurando colégios em todo o País. No Recife, chegaram em 1894 e fundaram o Colégio Salesiano do Sagrado Coração, na Rua Dom Bosco. Posteriormente criaram uma unidade profissionalizante em San Martin e outras duas em Carpina e Jaboatão. As ações foram expandidas com a presença das irmãs salesianas e o seu colégio Nossa Senhora Auxiliadora, na Rua Joaquim Nabuco.

A congregação foi fundada por dom Bosco, hoje santo católico pela sua dedicação aos jovens, na missão de educar. Destacam-se entre os seus discípulos, Domingos Sávio, também elevado a santo. Dom Bosco teve visões proféticas. Entre elas, foi a aparição de uma cidade do futuro, cuja localização coincide com a de Brasília. Por esta razão, a cidade de Brasília é dedicada a Dom Bosco, seu padroeiro e protetor.

Muitos da minha família estudaram no Salesiano. Com 10 anos, após o curso primário (ensino fundamental) prestei o exame de admissão, o vestibular para ingresso no curso secundário (ensino médio), tendo sido aprovado. Frequentei o secundário, que era constituído por quatro anos do ginásio e três anos do científico. Nesse período, vivenciei várias etapas evolutivas do educandário e tive contato com grandes mestres. A disciplina era bastante rigorosa. O aluno externo não podia falar com o interno. No ginásio, a farda era bege, de mangas compridas e com uma gravata preta, depois eliminada do fardamento devido ao calor. Assistíamos à missa todos os dias, antes das aulas. O colégio se destacava nos jogos colegiais e nos desfiles, para os quais os alunos vestiam as "fardas olímpica ou de gala", brancas, bastante bonitas para a época. Nos desfiles, o Salesiano apresentava-se com sua Banda Musical, cujo maestro era o professor de música, ou a Banda Marcial, ambas formadas por alunos e irmãos salesianos leigos.

No curso científico, a disciplina era mais flexível, especialmente no último ano, quando nos preparávamos para o vestibular. Mesmo assim, havia a obrigação, antes das aulas, da oração e do "bom-dia", a preleção diária do coordenador.

Foi o meu primo padre Murilo Domingues da Silva que, ao suceder o padre Cassiano, começou a flexibilização no ginásio, juntamente com o padre Arnóbio. Entretanto, quem ainda deixava os alunos com medo na época, pelo seu rigor, era o prefeito do Colégio, um alemão chamado padre Bernardo Bicker. De acordo com uma orientação mais moderna da congregação, o padre Francisco Colares, coordenador do científico e posteriormente diretor do colégio, implantou normas que marcaram sua gestão: extinguiu o internato, transformou o colégio em misto e deu ênfase aos esportes, construindo a piscina e quadra poliesportiva coberta, no local onde havia o maior dos vários campos de futebol. O futebol foi sempre praticado com êxito nos jogos estudantis.

O nível do professorado era de primeira qualidade. Entre os vários mestres que nos ensinaram, citarei alguns que representarão todos os outros. O português era ensinado pelo professor Aluízio, matemática por Sá Barreto, física pelo irmão leigo Luiz de Oliveira, inglês por Alan Magalhães Costa, geografia por Tadeu Rocha e história por Potiguar Matos. Ao concluirmos o curso secundário, frequentamos durante alguns anos o dia do ex-aluno, momento de confraternização de todos os que lá estudaram. Foram vários colegas que tivemos na época e que ainda hoje continuam sendo amigos. Outros, por circunstâncias da vida profissional, não temos contato. Ao citar Gilberto Carvalheira pelo fato inédito de ter estudado comigo na mesma sala, desde o admissão até a Faculdade de Medicina, faço referência a todos os outros que compartilharam comigo esta etapa da vida. Em 2010, comemoraremos 50 anos que terminamos o secundário no Salesiano. Façamos uma corrente para encontrar o maior número de colegas, a fim de celebrar a data. Será uma festa inesquecível, pois representará a alegria de termos estudado no Colégio Salesiano.

Publicado na edição do dia 29 de dezembro de 2009 do Jornal do Commercio

Date of last modification: 31/10/2016, 10:31

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