A vida é uma sucessão de desafios. Ora independem da nossa vontade, ora se confundem com os nossos objetivos. Podem ser agradáveis ou não, mas pelas circunstâncias somos obrigados a enfrentá-los. Como seria monótona uma existência sem desafios! Muitas das nossas alegrias são resultantes das vitórias obtidas. Entretanto, jamais devemos desistir, quando o resultado não for o esperado ou o idealizado. As vitórias obtidas no Parapan pelos atletas portadores de necessidades especiais nos mostraram que é possível superar dificuldades e vencer desafios.

 

A história natural da vida de cada um de nós deve começar cedo, no enfrentamento dos primeiros estudos. A educação deve ser um dos principais objetivos de qualquer governo, que tenha o desenvolvimento como meta. Não podemos mais conviver com o analfabetismo. Não nos convence uma mera diminuição de índices como dado positivo. Queremos todos os brasileiros alfabetizados, através de uma política de Estado bem implementada. A UFPE vem participando dessas ações, atuando na formação de professores para o ensino básico, fundamental e médio. Através da educação poderemos ter duas vertentes importantes: um ensino profissionalizante de nível médio, que prepare o egresso para o mercado de trabalho, e um ensino superior que permita 30% dos jovens entre 17 a 25 anos cursarem as nossas universidades. Mas se o governo tem obrigação de prover os meios para este fim, a família deve exercer um papel importante na educação dos seus filhos, através do controle, da exigência e da participação nas atividades escolares. Esta parceria fará que se conquiste esta vitória, que é de todos e da luta de dois pernambucanos: Paulo Freire e Paulo Rosas.

 

O nosso povo precisa também de uma política séria de alimentação. Não é possível um desenvolvimento intelectual em pessoas que ainda sentem fome, que não têm o que comer e que se encontram desnutridas. Já faz alguns anos que vários estudos experimentais e clínicos vêm demonstrando que a má nutrição, que atinge crianças ainda no período gestacional (crianças de mães desnutridas) ou no primeiro ano de vida, dificulta o aprendizado escolar. O combate a este flagelo, que atinge várias regiões do mundo, será uma vitória da humanidade e do sonho de dois pernambucanos: Josué de Castro e Nelson Chaves.

 

Outro desafio atual é a saúde pública. O nosso modelo de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) é tido como um dos melhores entre todos os existentes em vários países, pela sua universalidade e hierarquização do atendimento. Entretanto, está longe de ser aquele idealizado pelos seus mentores. Esbarra-se no financiamento necessário à sua implementação, de modo a atender a todos, em todos os recantos. É preciso também uma política de Estado, que avance de modo transversal por todos os governos. Um povo doente não tem condições de exercer sua cidadania em toda a sua plenitude. É consenso, no mundo científico, que as estratégias de promoção de saúde e de prevenção das doenças são muito mais eficazes e menos dispendiosas que as ações curativas e de reabilitação. É preciso apoio governamental, orientação das equipes de saúde e educação da população para que estes programas de promoção da saúde e de prevenção de doenças possam atingir os objetivos propostos. Será mais uma vitória do nosso povo.

 

Um dos maiores desafios do brasileiro, especialmente do pernambucano, nos dias atuais, é a busca pela paz. A violência vem aumentando em proporções absurdas, atingindo todas as classes sociais e se aproximando de cada um de nós. Cada pessoa da nossa população tem uma história para contar sobre a violência praticada em si mesma ou em alguém da família ou num amigo. É revoltante! Um outro grande desafio a vencer é a eliminação da miséria em nossa população, dando condições dignas a estas pessoas. Isso também é um tipo de violência. É imprescindível que governo e sociedade se unam para combater esta epidemia social. Vamos participar e torcer para que o povo alcance esta grande vitória, a paz e a igualdade, que também foi o sonho de dom Hélder Câmara.

 

Enfim, cada ser humano pode ter metas e objetivos para si mesmo, porém nunca deve deixar de participar da construção de uma vida mais justa para todos. É também muito saudável a busca constante de uma vida psicoafetiva estável. Foi buscando este equilíbrio que pude encontrar uma Vitória.