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As vertentes da universidade

Vice-reitor Gilson Edmar
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A grandeza de uma instituição de ensino superior está na diversidade das suas áreas de conhecimento e de atuação, levando seus integrantes a aprender a conviver com as diferenças, que se expressam no quotidiano de uma universidade. A sabedoria dos seus dirigentes é não usar procedimentos iguais para situações distintas. Isso se reflete em todas as ações acadêmicas: valorização do papel do docente, escolha de instrumentos de avaliação e dos indicadores de qualidade.
 
O docente que realiza pesquisa pura deverá ter sua formação direcionada para os conhecimentos da metodologia científica, que o capacite a executar suas investigações, confirmando-lhe também condições de orientar e liderar grupos de pesquisadores e criar linhas de pesquisa. A inovação deve fazer parte constante das suas atividades. É fundamental a publicação de papers, para que seus pares possam acompanhar suas descobertas, conduzindo, assim, novas pesquisas naquela área do conhecimento. O mérito acadêmico é medido, entre outros indicadores, pela qualidade das revistas científicas onde os trabalhos são publicados e pelo número de citações aos mesmos, refletindo sua importância, aceitação e impacto, ou seja, o reconhecimento da comunidade científica.
 
Entretanto, as universidades têm e devem ter docentes que atuam na área profissional: artes, cultura, negócios, área da saúde, humanas, tecnologia, entre outras. Isso enriquece a instituição. É necessário entender e valorizar estas atividades. O docente das artes plásticas expressa suas competências por meio de exposições do produto da sua criatividade e o das artes cênicas, através da montagem e apresentação de peças teatrais. A cultura não requer papers, mas livros publicados pelos docentes escritores e composições de peças musicais, com suas execuções em concertos realizados pela equipe de especialistas.
 
Os professores da área de negócios precisam interagir com empresas para o desenvolvimento e atualização de seus saberes e desempenhos. Os profissionais da área da saúde, principalmente médicos, ensinam praticando a medicina, enquanto os advogados ensinam exercendo a atividade jurídica. O mesmo ocorre na área tecnológica, quando se dá a aproximação com a cadeia produtiva, provocando o intercâmbio de conhecimentos e práticas.
 
Essas duas vertentes não só são importantes, como são essenciais, dentro de uma visão ampla e diversificada que caracteriza e define uma universidade: a casa de todos os saberes. A geração do conhecimento pode ocorrer em todas as atividades. Não apenas vinculada a projetos de pesquisa, mas freqüentemente durante qualquer prática profissional ou docente, através de uma atitude criativa, de uma análise crítica de conceitos e doutrinas e de uma percepção aguçada dos fenômenos observados, buscando sempre algo novo. Assim, cada um, ao seu modo, pode contribuir para o progresso da ciência e da cultura, em benefício de todos e de tudo.
 
Um programa de educação permanente também tem características próprias em cada uma das duas linhas universitárias. Para os futuros cientistas e docentes, existem mestrados e doutorados acadêmicos e para os futuros profissionais, tanto o seu aperfeiçoamento pode se dar por iniciativa própria, como pelos mestrados e doutorados profissionalizantes, que precisam urgentemente ser normatizados e implementados adequadamente, para que venham cumprir sua missão na formação de profissionais altamente capacitados para a sociedade.
 
Tudo isso nos conduz a uma visão mais real de universidade e impõe a necessidade de uma definição, tanto na vertente acadêmica quanto na profissional do que pode ser considerado como excelência e de que maneira esses conceitos podem ser quantificados em instrumentos de avaliação. A influência e o prestígio da UFPE estão justamente no fato de atuar nos mais diferentes setores do saber. Essa atuação multifacetada, entretanto, ocorre muitas vezes de forma isolada e, ocasionalmente, até de forma conflituosa, devido a pontos de vistas distintos.
 
À liderança universitária cabe, portanto, estabelecer um desenho que venha estimular a UFPE a se reinventar como uma espécie de caldeirão cultural, de onde possam emergir visões de uma universidade do futuro, através da formação de recursos humanos qualificados acadêmicos e profissionais: os líderes do amanhã. Esses novos paradigmas e resultados virão se traduzir em ações criativas para o desenvolvimento sustentável e avanço de toda a nossa sociedade.
 
Publicado no Jornal do Commercio em 30.05.2006
Date of last modification: 31/10/2016, 11:38

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