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A UFPE e as humanidades (I)

Publicado no Jornal do Commercio no dia 20 de maio de 2017

Anísio Brasileiro é reitor da UFPE

A Universidade pública constitui-se, em todo o mundo, um espaço essencial para o entendimento e a produção de conhecimento sobre fenômenos econômicos e sociais. Mas não basta entender a natureza destes fenômenos. É preciso interpretá-los para superar dimensões negativas da globalização, expressas na expansão das desigualdades sociais, na exclusão de amplas parcelas da população mundial a serviços essenciais como educação e saúde, no aumento das intolerâncias e violências, no crescimento de refugiados que vagueiam pelos continentes, ou na indução à universalização do chamado pensamento único.

É preciso fortalecer aspectos positivos da globalização como a expansão da cooperação científica e da inovação aberta, as trocas de conhecimento que abrem oportunidades para os povos construirem juntos outro mundo, mais justo e solidário. Para isso é preciso interpretar a realidade e construir outra ordem social. As humanidades são vitais para a universidade exercer seu papel impulsionador de transformações sociais que avancem o projeto civilizatório.

As Ciências Humanas e as Artes contribuem para a construção de visão crítica sobre, por exemplo, desdobramentos do excessivo foco das sociedades contemporâneas no progresso técnico. É delas de onde partem questões como: para que, para quem se destinam as inovações tecnológicas? Que mundo elas tendem a criar, que efeitos podem causar nas diferentes formas de vida e de organização social existentes no planeta? As Artes e Ciências Humanas inspiram questionamentos que propiciam visibilidade a problemas que sem elas passariam despercebidos, estimulando assim a capacidade crítica e a criatividade tão valorizadas atualmente na moderna sociedade do conhecimento.

Cabe à sociedade, por meio das universidades, assegurar que essa diversidade de saberes seja valorizada, reconhecendo que o desenvolvimento tecnológico está imbricado com a construção de saberes oriundos da filosofia, da história e da sociologia, da ciência política, da antropologia, da arqueologia e museologia, da psicologia, da geografia, da literatura, da música, do cinema e de outras artes. As origens da UFPE se assentam nas Humanidades, transitando da contribuição dos cursos jurídicos à formação do Estado brasileiro, por meio da Faculdade de Direito, ao pensamento humanístico para além dos centros europeus e do Sudeste do Brasil.

P.S. Segunda parte do artigo será publicada na próxima semana

Publicado no Jornal do Commercio no dia 20 de maio de 2017

Date of last modification: 15/06/2017, 21:59

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