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Tese de doutorado questiona o fazer diplomático em notas oficiais do Ministério das Relações Exteriores

Para a autora, as Notas Oficiais do Itamaraty se mostram tendenciosas quando o assunto envolve interesses comerciais caros ao Brasil

Na próxima quinta-feira (5), no Centro de Artes e Comunicação da UFPE, às 10h, será realizada a defesa de tese da professora Patrícia Fernandes no Programa de Pós-Graduação em Letras com ênfase em Linguística, cujo trabalho se intitula “Comunicação ostensivo-inferencial como estratégia argumentativa diplomática: os caminhos tortuosos guiados pelas notas do Itamaraty”.

O trabalho questiona o emprego linguístico-argumentativo da comunicação ostensivo-inferencial, apontando prováveis intenções que esta atividade pode desvelar em Notas Oficiais do Itamaraty. A autora defende que os recursos ostensivo-inferenciais seriam empregados intencionalmente para o desvio da atenção de parte do público-leitor, objetivando a manutenção de acordos comerciais já estabelecidos entre o Ministério das Relações Exteriores e a porção da audiência que o interessa atingir.

Para realizá-lo, Patrícia Fernandes conciliou a Teoria da Relevância de Sperber & Wilson (2005) com pressupostos da Teoria da Argumentação de Perelman (1976). Segundo a autora, “é possível perceber como, nas Notas Oficiais, a compreensão é conduzida estratégica e inferencialmente, efetuando a manutenção de acordos diversos”. Para chegar a esta conclusão, ela colheu 40 Notas Oficiais diretamente do site do MRE e os analisou agrupando os comunicados entre países que tivessem maior ou menor envolvimento comercial para com o Brasil durante o ano de 2018.

A banca examinadora será formada pelos professores Antônio Carlos Xavier (orientador), Flávio Brayner (Pós-graduação em Educação da UFPE), Marcos Guedes (Pós-Graduação em Ciência Política da UFPE), Emanuel Cordeiro (do Departamento de Letras da UFPE) e Sandra Melo (do Departamento de Letras da UFRPE). 

Data da última modificação: 03/03/2020, 11:51