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Programa de Pós-Graduação em Geociências promove defesa de tese

O trabalho foi orientado pelo professor Roberto Lima Barcellos

O Programa de Pós-Graduação em Geociências promoveu a defesa de tese “Aspectos Sedimentológicos e Geoquímicos do Estuário do Rio Capibaribe, Recife, Pernambuco”, da doutoranda Emarielle Coelho Pardal. A apresentação ocorreu hoje (25) pela manhã, na sala de projeções do Departamento de Geologia, no 5º andar do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG), no Campus Recife da UFPE.

O trabalho foi orientado pelo professor Roberto Lima Barcellos e coorientado pelo professor Manuel de Jesus Flores Montes. A banca examinadora foi formada pelos professores Roberto Lima Barcellos, Valdir do Amaral Vaz Manso (PPGEOC/UFPE), Virgínio Henrique de Miranda Lopes Neumann (PPGEOC/UFPE), Felipe Lima Gaspar (UFPE) e José Francisco Berrêdo Reis da Silva (Museu Paraense Emílio Goeldi/MCTI).

Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo estudar a variabilidade espacial, sazonal e interanual dos processos sedimentares, da origem da matéria orgânica (MOT), do carbonato de cálcio (CaCO3) e das frações de fósforo sedimentar em um estuário tropical densamente urbanizado (Estuário do Rio Capibaribe-PE). Foram realizadas amostragens de sedimentos superficiais de fundo, nos anos de 2010 a 2013 e 2015 a 2017, com um amostrador pontual de fundo (“Van-Veen”). Doze pontos foram amostrados ao longo do estuário, sendo que nos dois primeiros anos ocorreram quatro amostragens na plataforma continental interna (PCI), totalizando 136 amostras. Foram feitas análises granulométricas; do conteúdo de matéria orgânica total (MOT) e carbonato de cálcio (CaCO3); análises elementares de C e N, cálculo das razões elementares C/N e das razões isotópicas de carbono (d13C) e nitrogênio (d15C) da matéria orgânica sedimentar. Foi calculado o índice do Estado Trófico do Sistema; e determinação das concentrações resultantes do fracionamento do fósforo sedimentar (total, orgânico e inorgânico). Sazonalmente e espacialmente, a dinâmica sedimentar e geoquímica do estuário do Rio Capibaribe-PE exibiu dois comportamentos durante os períodos chuvosos: (i) incremento de sedimentos arenosos de origem fluvial terrígena, geralmente depositados na calha principal do rio; e (ii) deposição de sedimentos finos na região do baixo estuário. Para os períodos secos, a deposição de finos e de matéria orgânica aumentaram no médio estuário, maiores porcentagens de sedimentos arenosos de origem marinha e incremento nos valores de carbonato para o baixo estuário. O incremento nos conteúdos de matéria orgânica no médio estuário interferiu na produção de carbonato marinho, diminuindo suas concentrações e sua distribuição ao longo do sistema estuarino. As dragagens modificaram o padrão sedimentar anual. Em 2010, 2011 e 2015 a 2017 apresentou predomínio de sedimentos arenosos em 2012 e 2013, em 2012 e 2013 ocorreu aumento das porcentagens de lama. O maior aporte de carbono orgânico (%) e de nitrogênio total (%) ocorreu no período seco, associados à sedimentação de granulação mais fina. Os resultados da razão isotópica (C/N) permitiram caracterizar o estuário como um ambiente de fontes mistas de matéria orgânica, nos períodos secos, origem mista e marinha, e nos períodos chuvosos registrou matéria orgânica de origem continental. A origem da matéria orgânica, segundo a razão d13C, mostrou tendência continental com ocorrências de origem marinha, em 2010. Em 2011, revelou tendência marinha com ocorrências de origem continental. A razão d15N indicou origem marinha para os períodos chuvosos e, nos meses mais secos, registraram origem terrígena, natural e antrópica, com forte indício de poluição com matéria orgânica sedimentar oriunda de efluentes domésticos, tendo o estuário predomínio de condições hipertróficas ao longo dos anos. Os elevados teores de MOT inibiram a adsorção do fósforo nos sedimentos. Contudo, as elevadas concentrações de fósforo nos sedimentos do estuário do Rio Capibaribe-PE indicam altos índices de contaminação, expondo valores de advertência em todo o sistema, e uma concentração oito vezes maior que o valor permitido pela resolução 454 do CONAMA de 2012-PT>2000mg/kg. O teste de durabilidade das amostras mostrou que as amostras apresentam melhor precisão quando preservadas na temperatura ambiente e menos perda dos compostos fosforados nas amostras secas. Com relação à estabilidade o experimento demonstrou que as análises são confiáveis até 142 dias após a extração. Por fim, este trabalho permitiu concluir que a crescente expansão urbana, as modificações na geomorfologia do estuário e o incremento de dejetos domésticos e industriais, somados aos índices pluviométricos e as operações de dragagens foram fatores determinantes na dinâmica sedimentar e no padrão geoquímico, bem como, que a MOT apresenta fontes mistas associadas a influências antrópicas sendo favorável ao acúmulo de poluentes, tornando-o indispensável na avaliação de impactos ambientais que a região está submetida.

Mais informações:
Programa de Pós-Graduação em Geociências
(81) 2126.8726/8902

Date of last modification: 25/02/2019, 11:45