Asset Publisher Asset Publisher

Back

Insegurança e divulgação difusa reduzem participação de mulheres em game jams

Frequência feminina em game jams foi tema de dissertação no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFPE

Por Gabriela Lázaro

Muito pequena se comparada à participação de homens em eventos que buscam desenvolver jogos eletrônicos, a frequência feminina em game jams foi tema de dissertação no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFPE. Com o estudo “Participação feminina em game jams: um estudo de caso sobre questões de gênero em maratonas de desenvolvimento de jogos”, Cláudia Letícia Ferraz Dutra apontou algumas causas para essa diferença, considerando o fato de os apelos motivacionais para a participação em game jams serem muito similares para os dois gêneros. A autora observa, por exemplo, que a confiança no próprio trabalho é mais baixa entre as mulheres. Além disso, houve a conclusão de que “há um significativo aumento nas inscrições femininas quando a comunicação do evento é especialmente direcionada a elas”.

Desenvolvida sob a orientação do professor Kiev Santos da Gama, o trabalho teve como objetivo “entender os aspectos que inibem a participação feminina em maratonas nesses eventos, a fim de esclarecer quais são os fatores, comportamentos e ambientes que propiciam a motivação e o desencorajamento delas”. As game jams reúnem desenvolvedores de jogos para efeitos de planejamento, concepção e criação de jogos dentro de um curto espaço de tempo, que geralmente dura entre 24 e 72 horas. Segundo a autora, “estes encontros servem como um ambiente de networking importante para a construção de relações sociais e profissionais entre os indivíduos da área, além de gerar um ecossistema de apoio e suporte favorável ao mercado de desenvolvimento de jogos, beneficiando a todos os envolvidos: aspirantes, profissionais e o mercado como um todo”. 

Para entender os motivos citados acima que justificam uma menor participação de mulheres em game jams, Cláudia desenvolveu um estudo de caso em agosto de 2018, criando o evento “UFPE Game Jam” para a realização da pesquisa. O evento aconteceu no Centro de Informática (CIn) da UFPE, quando foram aplicados 42 questionários com os jovens que estavam participando da maratona, sendo 32 homens e 10 mulheres; e, destes 42 que responderam ao questionário, 14 realizaram entrevistas  - sendo 6 homens e 8 mulheres. Foi com base nos dados colhidos que a pesquisadora elencou os principais motivos que levam os jovens a participar desses eventos: aprendizagem (47,6%), desenvolver portfólio (16,7%), conhecer pessoas (9,5%), diversão (7,1%), desafio (7,1%), networking (7,1%) e oportunidades de trabalho (4,8%).

INSEGURANÇA | No estudo, a mestra em Ciência da Computação constatou que “as mulheres se sentem mais inseguras que os homens em relação ao seu próprio trabalho e sua competência, além da insegurança em relação ao ambiente potencialmente hostil provocado pela massiva presença masculina comparada à feminina”. Cláudia também percebeu a “concordância coletiva a respeito das diferenças de oportunidades, credibilidade e estereótipos entre homens e mulheres no mercado de tecnologia e jogos”. “Há, frequentemente, entre as mulheres, sentimentos de não pertencimento, intimidação e percepção de tratamento diferenciado em relação aos homens nas equipes de trabalho”, afirma ela.

Uma descoberta importante foi de que as mulheres tendem a participar mais de game jams e eventos de tecnologia de forma geral quando há uma divulgação especial voltada ao público feminino. “Elas tendem a se sentir mais confortáveis, incluídas e dispostas a participar quando são chamadas diretamente, deixando claro que o evento é inclusivo e que deseja a participação delas”, pontua a autora. E acrescenta: “A principal queixa é sobre não serem ouvidas, o que provoca, inicialmente, um medo em relação ao ambiente e sua possível hostilidade.”

Mais informações

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFPE
(81) 2126.8430 
secpos@cin.ufpe.br

Cláudia Letícia Ferraz Dutra
claudia@cin.ufpe.br

Date of last modification: 16/10/2019, 15:11