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Estudo revela alta taxa de obesidade entre adolescentes da comunidade dos Coelhos no Recife

A constatação vem associada à análise de que as dificuldades de acesso à informação, geralmente enfrentadas pelas populações de baixa renda

Por Maik Santos

O excesso de peso na adolescência é um problema de saúde pública e a situação socioeconômica desfavorável vem sendo observada como um fator de importante contribuição para este fenômeno. A constatação, apontada na dissertação "Prevalência e fatores associados ao excesso de peso em adolescentes de uma comunidade de baixa renda", defendida por Lizelda Maria de Araújo Barbosa, no Programa de Pós Graduação em Nutrição da UFPE (Posnutri), vem associada à análise de que as dificuldades de acesso à informação, geralmente enfrentadas pelas populações de baixa renda, podem repercutir negativamente no acesso a informações sobre alimentação saudável, tornando-as mais propensas ao desenvolvimento de distúrbios nutricionais.

Considerando que a adolescência em si é um período suscetível a mudanças comportamentais e na composição corporal, a pesquisadora aponta outros fatores de base socioeconômica que contribuem para o fenômeno do excesso de peso, entre eles a dificuldade ao acesso de alimentos saudáveis e a um bom serviço de saúde. Portanto, segundo a autora do estudo, quando se somam essas mudanças a uma condição financeira desfavorável há uma situação de risco para o desenvolvimento do quadro de excesso de peso na adolescência. Lizelda, que contou com orientação das professoras Ilma Kruze Grande de Arruda e Raquel Canuto, em conjunto com os professores Pedro Israel Cabral de Lira e Malaquias Batista Filho, realizou a prospecção de dados entre jovens da comunidade dos Coelhos, na região central do Recife, Pernambuco.

Para os pesquisadores, o fato de ter internet residencial parece refletir uma melhor condição financeira, um maior acesso às oportunidades sociais e, sobretudo, um fator de proteção à ocorrência de excesso de peso entre os adolescentes avaliados. "Essas associações reafirmam a natureza multifatorial da obesidade e revelam para a sociedade o impacto que os fatores socioeconômicos podem exercer na determinação do excesso de peso em adolescentes que vivem em comunidades de baixa renda", analisa ela. Para Lizelda Barbosa, vale ressaltar que os achados deste estudo devem ser interpretados com cautela, visto que a exposição aos fatores de risco e a presença do problema foram investigadas simultaneamente durante um período relativamente curto de tempo.

DADOS | A partir do levantamento, observou-se que 36,4% dos adolescentes da comunidade tinham peso acima do recomendável, sendo 20,4% na escala do sobrepeso e 16,0% com obesidade. Quando se avaliou por sexo, foi observada uma maior prevalência de excesso de peso entre as adolescentes do sexo feminino (42,5%), quando comparadas aos do sexo masculino (28,6%). "As comunidades semelhantes à que foi estudada geralmente abrigam famílias que vivem sob condições socioeconômicas e ambientais precárias e, consequentemente, esperava-se que elas apresentassem situações fundamentalmente desfavoráveis, incluindo especificamente a prevalência de agravos carenciais, como a desnutrição energético-proteica. Entretanto, a prevalência de desnutrição encontrada foi de 3,6%, enquanto a de excesso de peso na população total foi cerca de dez vezes maior", aponta Lizelda.

Esses resultados foram obtidos mediante um estudo epidemiológico de corte transversal, caráter analítico e de base populacional denominado "Saúde, nutrição e serviços assistenciais numa população favelada do Recife: um estudo baseline", que contou com a participação do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Departamento de Nutrição da UFPE e Secretaria de Saúde da cidade do Recife. O estudo foi realizado durante o período de março a setembro de 2014, a partir de inquérito domiciliar, com amostra probabilística representativa da população de adolescentes da comunidade dos Coelhos. Participaram do estudo 225 adolescentes com idade média de 14 anos, sendo 98 (43,6%) do sexo masculino e 127 (56,4%) do sexo feminino.

Mais informações 
Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFPE
(81) 2126.8463
posnutricao@ufpe.br 

Lizelda Maria de Araújo Barbosa
lizelda.araujo@yahoo.com.br 
 

Date of last modification: 17/10/2018, 14:47