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HC estuda caso raro de síndrome cerebelar aguda associada à dengue

A ataxia (dificuldade ou incapacidade de manter a coordenação motora) associada à arbovirose virou um estudo publicado no Journal of NeuroVirology

Uma rara síndrome no cerebelo (parte do cérebro responsável pelo equilíbrio corporal e pelo controle de atividades motoras) associada à dengue foi estudada e acompanhada por médicos da Área Assistencial de Neurologia do Hospital das Clínicas da UFPE, gerando um estudo de caso publicado pelo Journal of NeuroVirology, no dia 9 deste mês. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de serviços Hospitalares (Ebserh).

“Apesar da incidência global da infecção, ainda conhecemos muito pouco a respeito do acometimento neurológico pela dengue. A maior parte das informações vem de relatos e séries de caso isolados. Esse artigo é um exemplo da importância de lembrarmos da doença como uma possível causa de ataxia cerebelar aguda e de continuarmos buscando uma investigação adequada para todos os pacientes”, explica o residente em Neurologia do HC Arthur Holanda, um dos autores do estudo, composto por outros quatro profissionais do HC.

O estudo “Dengue fever presenting as acute cerebellar ataxia: Case report and literature review” (“Dengue apresentando-se como ataxia cerebelar aguda: relato de caso e revisão de literatura”) descreve o caso de uma paciente de 70 anos, que foi encaminhada à área assistencial de Neurologia do HC com febre, cefaleia, fotofobia, mialgia, náuseas e vômitos, evoluindo precocemente com vertigem, desequilíbrio e perda de controle das pernas.

De acordo com a análise da literatura médica desenvolvida pelos pesquisadores do HC, esse é o segundo relato científico com ataxia (a dificuldade ou incapacidade de manter a coordenação motora) iniciada no primeiro dia da síndrome febril entre os sete estudos publicados até agora em que se reconheceu uma relação entre ataxia e dengue. “A dengue tem sido associada a diversas complicações neurológicas, sendo o acometimento cerebelar uma das mais raras. Fazer parte da construção e da divulgação deste conhecimento é muito gratificante, ainda mais considerando o impacto epidemiológico da dengue em nosso meio”, ressalta Arthur Holanda.

O estudo do HC indica que é cedo para traçar uma conclusão definitiva sobre a associação entre ataxia e dengue, mas ele complementa a discussão sobre o papel do vírus da dengue na síndrome cerebelar aguda, já que diversas outras causas de ataxia foram descartadas pela equipe ao longo da pesquisa e acompanhamento da paciente. “O diagnóstico diferencial e o acompanhamento de perto do paciente são extremamente importantes para garantir bons resultados”, completa o especialista. Além de Arthur Holanda, assinam o artigo Eduardo Melo, Marcos Eugênio Bezerra, Luísa Van Der Linden e Eduardo Maranhão.

Data da última modificação: 21/06/2022, 17:09