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Especialista do HC fala sobre a importância de prevenir e tratar a obesidade, uma das pandemias deste século

A obesidade é uma doença metabólica crônica caracterizada por excesso de gordura corporal

Uma em cada 12 pessoas no mundo (cerca de 650 milhões) tem obesidade, e uma em cada quatro (1,9 bilhão) está com sobrepeso, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). É uma pandemia que preocupa e tem até um Dia Mundial, o 4 de março, data criada pela Federação Internacional da Obesidade, para promover a reflexão e o conhecimento a respeito da doença. O chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh e professor da UFPE, Lucio Vilar, explica que a obesidade é causada por uma complexa interação de ambiente, predisposição genética e comportamento humano.

A obesidade é uma doença metabólica crônica caracterizada por excesso de gordura corporal habitualmente definida como um Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m2. O sobrepeso, escala anterior à obesidade, é definido pelo IMC entre 25 e 29,9 kg/m2. O IMC, vale lembrar, é calculado pela divisão do peso (em kg) pelo valor da altura (em cm) ao quadrado.

“A prevalência da obesidade vem aumentando em proporções epidêmicas nas últimas três décadas. No Brasil, segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgados pelo Ministério da Saúde, a proporção de adultos obesos subiu de 11,4% para 19,8%, entre 2006 e 2018. Já a proporção de pessoas com sobrepeso subiu de 42,7% para 55,7%, nesse mesmo período”, destaca o endocrinologista Lucio Vilar.

A obesidade favorece o surgimento de várias doenças crônicas, como as cardiovasculares (doença coronariana, hipertensão etc), cerebrovasculares (acidente vascular encefálico) e neuropsiquiátricas (ansiedade, depressão, demência etc.); como também distúrbios metabólicos (diabetes melito tipo 2, dislipidemia, doença hepática gordurosa não alcoólica etc.), distúrbios digestivos (refluxo gastroesofágico etc.) e respiratórios (síndrome da apneia obstrutiva do sono, asma brônquica etc.); alguns tipos de cânceres (de mama, de endométrio, vesícula biliar, de próstata e colorretal, entre outros).

“A obesidade está associada à redução expressiva da expectativa de vida e aumento das taxas de mortalidade, dependendo da gravidade das comorbidades. Também acarreta significativos incrementos de gastos com assistência médica e compra de medicamentos”, afirma Lucio Vilar.

Para Lucio Vilar, a prevenção da obesidade é o melhor caminho e deve começar o quanto antes, ainda na infância, por meio de uma dieta saudável e atividade física regular, que devem ser mantidas ao longo de toda a vida. Já o tratamento consiste na redução do peso corporal por meio de dieta com baixa quantidade de calorias e aumento do gasto energético com atividade física. “Diversos medicamentos também podem ser utilizados, porém, sibutramina e liraglutida são os únicos atualmente autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A cirurgia bariátrica está indicada nos casos de obesidade grave, com IMC maior ou igual a 40 kg/m2 ou maior ou igual a 35 kg/m2, na presença de comorbidades”, completa o especialista.

OBESIDADE E COVID-19 – Estudos em vários países apontam que pessoas acima do peso (com sobrepeso e obesidade) podem desenvolver formas mais graves da Covid-19. “Essas pessoas tendem a apresentar mais frequentemente hipertensão, diabetes melito e outras condições também associadas à inflamação sistêmica, a qual pode facilitar o agravamento da Covid-19”, salienta o endocrinologista Lucio Vilar.

Data da última modificação: 03/03/2021, 17:31