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UFPE conta com Observatório das Ações Afirmativas e Promoção de Igualdade Étnico-Racial de Pernambuco

Implementação, supervisão, monitoração, avaliação e publicização das políticas de ação afirmativa são os seus objetivos

Por Renata do Amaral

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) agora conta com o Observatório das Ações Afirmativas e Promoção de Igualdade Étnico-Racial de Pernambuco, lançado na última sexta-feira (8) à tarde, no auditório da Reitoria. O observatório nasceu a partir de um Grupo de Trabalho Interinstitucional (GT Interinstitucional) do Consórcio Pernambuco Universitas, formado pelas Universidades Federal de Pernambuco (UFPE), de Pernambuco (UPE), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Católica de Pernambuco (Unicap), Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape) e pelos Institutos Federais de Pernambuco (IFPE) e do Sertão Pernambucano (IF-Sertão).

Foto: Anderson Lima

Evento com representantes de diversas instituições ocorreu no auditório da Reitoria

O observatório busca criar uma instância interinstitucional para desenvolver mecanismos e estratégias de proposição para implementação, supervisão, monitoração, avaliação e publicização das políticas de ação afirmativa. De acordo com a professora Conceição Reis, coordenadora do Núcleo de Políticas de Educação das Relações Étnico-Raciais (Núcleo Erer) da UFPE e presidente do GT Interinstitucional, a ação será iniciada na UFPE, em parceria constante com o grupo de trabalho. O mapeamento vai permitir saber, por exemplo, quantos docentes negros há na instituição. “Vamos dar o pontapé inicial com o Módulo UFPE”, explicou. “O observatório não é da UFPE, é de Pernambuco”, afirmou.

Coordenador científico do projeto, o professor Francisco Jatobá, do Departamento de Sociologia, fez uma apresentação das ações previstas. O Módulo UFPE vai desenvolver os primeiros protocolos e processos de construção de indicadores que serão usados pelas outras instituições de Ensino Superior, sempre adaptados às suas particularidades. Ele destacou que a palavra “interinstitucional” é estratégica e que as singularidades de cada uma delas devem ser respeitadas. De acordo com o docente, as ações afirmativas não se restringem apenas às cotas para ingresso, mas também incluem assistência estudantil e ações para permanência de modo geral.

As ações estratégicas englobam cinco eixos para mapeamento e avaliação: ingresso, permanência, sucesso, carreiras (docentes e técnicas) e acompanhamento da atuação das comissões de heteroidentificação. Após a análise das ações afirmativas no Ensino Superior em Pernambuco entre 2012 e 2022, a equipe – que conta com grupos de Tecnologia da Informação e de Pesquisa e Levantamento – vai gerar um painel digital de monitoramento, com dados públicos e abertos a todos. “É parte do racismo estrutural não produzir informação para a elaboração de políticas públicas, então precisamos produzir essas informações”, disse.

Marlos Ribeiro, da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da UFPE, falou sobre sua felicidade em participar do projeto. “É muito bom o quanto a tecnologia pode mudar vidas. Vamos criar conhecimento a partir desses dados e dar suporte a decisões”, disse. O reitor Alfredo Gomes falou sobre as ações do Comitê de Políticas Afirmativas da UFPE e a importância da defesa da política de cotas, que vem sendo encabeçada por entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). “Precisamos reafirmar essa política.”

DIÁLOGO - A solenidade contou com a participação de representantes de instituições e movimentos sociais. A professora Valdenice Raimundo, pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), representou o GT Interinstitucional. “Há dois pontos importantes: os dados são seguros, pois são coletados e tratados por nós, e o diálogo entre as universidades é fortalecido”, frisou. Marta Almeida, do Movimento Negro Unificado de Pernambuco, falou sobre a importância da ação neste momento, em que o sistema de cotas passa por uma disputa de narrativas. “Muitos não puderam estar aqui, mas não podemos parar de reivindicar esses espaços”, afirmou.

Para a secretária-geral adjunta da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pernambuco (OAB-PE), Manoela Alves, este é um momento de observar institucionalmente quem foi historicamente invisibilizado. Ela lembrou a importância de pensar o impacto do povo negro em todos os setores, incluindo a presença de mais autores negros nas bibliotecas. “Queremos uma reparação efetiva em uma perspectiva autocrítica”, disse a advogada. Já o major Eduardo Scanoni, do GT Racismo da Polícia Militar de Pernambuco, considerou o observatório uma ferramenta estratégica para que as instituições possam vencer a batalha contra o racismo estrutural no ambiente acadêmico.

Formada em Direito e Geografia pela UFPE e também servidora técnico-administrativa da Universidade, a codeputada estadual Robeyoncé Lima afirmou a centralidade da questão racial em uma sociedade que nega o racismo. Para ela, é necessário que haja um esforço conjunto e multidisciplinar. Em seguida, ela compartilhou um pouco de sua vivência como ex-estudante da UFPE. “Sou um corpo vivo de concretude de uma ação afirmativa”, destacou. “Uma travesti preta que enegrece o Legislativo e quer galgar mais espaços”, disse. Robeyoncé faz parte das Juntas Codeputadas, a mandata coletiva de cinco deputadas estaduais em Pernambuco.

Date of last modification: 12/04/2022, 15:38