A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) abriu o semestre letivo 2020.2 dos campi Recife, Vitória e Agreste (Caruaru) hoje (24) com uma aula magna temática, proferida pelo reitor Alfredo Gomes, que abordou a universidade pública e o contexto político-orçamentário. A cerimônia virtual, transmitida pelo canal da UFPE no YouTube, reuniu autoridades da Universidade e representações das categorias de estudantes, técnicos e professores para dar as boas-vindas a estudantes que ingressam na UFPE ou dão continuidade aos cursos de graduação.

A Universidade oferece 109 cursos de graduação, sendo 104 presenciais e cinco na modalidade a distância (EAD). No caso dos cursos EAD, o semestre 2020.2 teve início no dia 8 de março. As atividades acadêmicas do semestre 2020.2 estão mantidas em formato híbrido devido à pandemia da Covid-19. Neste semestre, matricularam-se 27.660 estudantes, dos quais 3.730 são ingressantes, além de 1.500 formandos que estão colando grau. São ofertadas 4.036 disciplinas, que integram ao todo 7.465 turmas, dentre as quais apenas 134 disciplinas ocorrem de forma presencial, principalmente nos cursos dos Centros de Ciências Médicas e de Ciências da Saúde e do Centro Acadêmico do Agreste (CAA).

A pró-reitora de Graduação (Prograd), Magna do Carmo Silva, reforçou os agradecimentos às equipes técnicas e de docentes da instituição pela superação contínua de dificuldades durante a pandemia. “Nós tivemos que fazer inúmeras adaptações, sejam ajustes nos projetos pedagógicos, sejam adequações na nossa forma de ensinar e avaliar. Tudo isso só foi possível porque todos aceitaram os desafios de garantir um ensino de qualidade e adequado diante do contexto pandêmico e diante da dificuldade de trabalhar remotamente”, lembrou.

“A universidade está num contexto de dificuldades que vai de financiamento, inclusão digital, acessibilidade e evasão - sendo essa última de efeitos sociais e emocionais grandes - até a própria ampliação de vagas e adequação dos cursos. No país, o índice de evasão nas universidades públicas é de 16,16% e nas universidades particulares é de 35,28%. No geral, considerando todo o ensino superior, chega a 30%, um dado preocupante e um dos desafios nacionais”, explica Magna.

Apesar dos cortes, as bolsas de monitoria estão mantidas, ou seja, mais de 900 bolsas distribuídas pelos três campi. Também seguem o fluxo normal os programas institucionais, como o Programa de Educação Tutorial (PET), o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), a residência pedagógica, os programas de iniciação científica (Pibic), dentre outros. Outros dados importantes a serem destacados estão relacionados ao edital de reintegração e transferência interna, que contemplou 241 estudantes com a transferência interna de curso, 238 com reintegração (estudantes que tinham evadido da universidade e voltaram) e 28 com mudança de curso.

Em sua fala, o reitor Alfredo lembrou a contribuição política na sociedade da universidade para enfrentamento do contexto de crise vivenciado. “A universidade não está apartada da sociedade, nem da economia nem da cidadania. Portanto, a universidade tem por função preparar para o exercício da cidadania, ou seja, do exercício político no cotidiano”, destacou. “Nós estamos vivendo uma crise tripla: uma crise sanitária, que se avolumou, ganhou corpo e se materializa numa crise econômica, dados os elementos que temos hoje, com pessoas passando fome e desemprego, e essas crises são geridas por outra crise, a política. Aquilo que deveria ser a condição para resolução daquelas duas crises constitui uma crise em si”, aponta Alfredo.

Alfredo explica que essas crises se refletem na maneira como o país tem lidado com a pandemia, com a falta de coordenação e liderança nacional em termos básicos de planejamento. “É uma crise forjada, construída, não é uma crise natural. Ela nasce das condições políticas e sociais, marcada pelo negacionismo”, denuncia. Para o reitor, o contexto político é caracterizado pelo ataque as instituições centrais da república, entre elas a universidades e a ciência: “O ataque às universidades, mais recentemente, tem algumas dimensões, dentre elas o ataque contra a própria concepção do que é a universidade, ou seja, a desconstrução do que historicamente a universidade representa”.

Alfredo lembrou os cortes no orçamento da UFPE, que chegam a 30 milhões. “O corte representa 19% dos recursos de 2021 em relação a 2020. Temos, portanto, um orçamento que regrediu a 2011. Isso não nos dá as condições concretas para manter a universidade sem realizar cortes e ajustes em várias atividades. Estamos na luta para recomposição do orçamento da UFPE e de todas as universidades públicas. Por isso precisamos manter a mobilização”, conta. O reitor explica que, nesse momento, a instituição tem feito estudos para responder a essas circunstâncias e viabilizar o funcionamento da universidade.

Além do reitor e da pró-reitora Magna do Carmo Silva, estiveram presentes à mesa o vice-reitor Moacyr Araújo; o vice-diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Ricardo Medeiros, representando os diretores e vice-diretores de centros acadêmicos; a coordenadora do curso de Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória (CAV), Wylla Tatiana Ferreira e Silva, representando os coordenadores dos cursos de graduação; e a pedagoga do Setor de Estudos e Assessoria Pedagógica (Seap) do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) Neide Menezes Silva, representando os técnicos administrativos em educação.

Também marcaram presença na cerimônia a vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Pernambuco, Débora Karolayne da Silva; o presidente do Diretório Central dos Estudantes da UFPE (DCE), João Neto; o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco – Seção UFPE (Sintufepe), Adalberto Tavares; e o presidente da Associação de Docentes da UFPE (Adufepe), Cristovam Martins.