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Janeiro Roxo destaca importância do diagnóstico precoce da hanseníase

Especialista do HC lembra que Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos no mundo inteiro

O Janeiro Roxo é voltado para a conscientização da população acerca do diagnóstico precoce da hanseníase, uma doença considerada negligenciada no Brasil. A coordenadora do Ambulatório de Hanseníase do Hospital das Clínicas da UFPE e médica dermatologista titular da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), Marcia Oliveira, ressalta a importância da campanha, que visa promover o tratamento precoce da doença. No Brasil, ela afeta cerca de 30 mil pessoas por ano, o que faz o país ter a segunda maior incidência de casos no mundo, atrás apenas da Índia. A campanha de conscientização tem seu fechamento em 31 de janeiro, o Dia Mundial da Luta Contra a Hanseníase.

A hanseníase é uma doença infecciosa e crônica provocada por uma bactéria, conhecida como bacilo de Hansen. De acordo com Marcia Oliveira, essa bactéria tem predileção pelo parasitismo da pele e dos nervos periféricos, com alto poder de infecção, mas baixo adoecimento. Então, nem todo mundo que está infectado vai adoecer. “É uma doença que se manifesta de forma crônica, o que faz com que os pacientes que chegam ao serviço hospitalar já tenham, em média, cinco anos de infecção. Por isso, é importante que a gente dedique esse mês à conscientização da hanseníase, uma doença endêmica e que faz o Brasil ocupar o segundo lugar em número de casos no mundo inteiro", explica.

A transmissão da hanseníase acontece através das vias aéreas ou por meio do contato direto e prolongado com a pessoa doente. Sua principal manifestação clínica é a presença de manchas na pele com alteração de sensibilidade e/ou espessamento de nervos periféricos. Mas, também, o infectado pode apresentar redução na força muscular, perda de pelos na área lesionada ou sensação de “fisgadas” nos pés e mãos. “Ao perceber algum desses sintomas, deve-se procurar uma unidade básica de saúde ou um profissional especializado, para que futuras sequelas possam ser evitadas”, aconselha a dermatologista do HC, uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO - O diagnóstico da hanseníase é prioritariamente clínico. Dessa forma, o especialista consegue identificar a doença através do exame físico, testando a sensibilidade da mancha apresentada pelo paciente e fazendo a palpação dos nervos periféricos. Além disso, apesar de não serem prioritariamente necessários, exames complementares podem ser exigidos pelo profissional, como a baciloscopia e a biópsia da lesão. “Eles são geralmente utilizados quando há dificuldade na análise ou para esclarecer algum diagnóstico diferencial”, afirma Marcia Oliveira.

Em caso de diagnóstico positivo para hanseníase, principalmente por ser uma doença infecciosa, contagiosa e de evolução crônica, a médica orienta que os indivíduos que possuam convivência domiciliar ou regular com um doente de hanseníase procurem um posto de saúde para avaliar se há alguma mancha e se ela possui alteração de sensibilidade. “Muitas vezes, novos casos são detectados no exame de contato, quando a doença é excluída, em alguns casos, se indica a vacina BCG como um reforço para a imunidade celular do contactante (não doente), para minimizar a chance de adoecimento", acrescenta.

De acordo com a dermatologista Marcia Oliveira, o tratamento da hanseníase é feito através de poliquimioterapia, uma combinação de três medicações de ação antibiótica contra o bacilo da hanseníase. O paciente passa um período tomando essa medicação de acordo com a forma clínica que ele apresenta, com duração de seis a doze meses, podendo ser estendida caso haja alguma interrupção. “O tratamento é todo fornecido pelo governo a partir do momento que o paciente é diagnosticado e notificado. A entrega da medicação é mensal em forma de cartela na própria unidade de saúde", finaliza.

Date of last modification: 19/01/2023, 15:52