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Graduanda em Direito da UFPE recebe menção honrosa em prêmio da SBPC por trabalho sobre Direitos Humanos e metodologia Paulo Freire

Laura Gabriella Muniz da Silva é uma das 18 brasileiras premiadas na 4ª edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher

A estudante Laura Gabriella Muniz da Silva, graduanda em Direito na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é uma das 18 brasileiras com trabalhos reconhecidos pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na 4ª edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher. Ela recebeu menção honrosa na área de Humanidades, com a pesquisa “Transformando vítimas em protagonistas: a pedagogia de Paulo Freire na educação em Direitos Humanos”, desenvolvida com orientação da professora Flavianne Fernanda Bitencourt Nóbrega, da Faculdade de Direito do Recife/Centro de Ciências Jurídicas da UFPE.

“Nossa pesquisa consiste em aplicar o método educacional desenvolvido por Paulo Freire na formação em Direitos Humanos dos graduandos atrelados à extensão universitária “Acesso ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos (aSIDH-PE)”. Dessa maneira, realizamos formações periódicas que objetivam formar sujeitos ativos nas transformações sociais, diminuindo o espaço entre a Universidade e a sociedade. Desenvolvemos uma formação técnica especializada em Direitos Humanos, porém sensível às demandas brasileiras”, explica Laura Gabriella.

A graduanda em Direito ressalta que as professoras Flavianne Nóbrega e Camilla Montanha, que já trabalhavam com o método Paulo Freire, ajudaram a estudante a formar a base teórica necessária para ela pesquisar com mais autonomia os eixos temáticos escolhidos para a participação da estudante no projeto (entre eles, saúde pública brasileira durante a pandemia de covid-19 e direitos dos vulneráveis frente às mudanças climáticas).

Os resultados obtidos foram organizados no artigo “O (Re)desenho Institucional do Pacto Federativo diante da Covid-19”, que foi aceito para publicação na Revista de Direito Público (Qualis A1), do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Outro exemplo de publicação é o capítulo de livro “A corrida pela vacina e suas reverberações político-institucionais: como a vacinação contra a covid-19 reforçou o redesenho institucional do pacto federativo com forte descentralização das ações nos estados e municípios” (Editora Max Limonad).

O projeto de pesquisa reconhecido pela SBPC foi desenvolvido com técnicas da pesquisa-ação e a própria estudante apresenta o contexto que motivou a escolha: “O Brasil é um país que enfrenta inúmeros problemas na temática dos Direitos Humanos, assim, sempre surgem demandas que precisam de uma contribuição prática e jurídica do pesquisador. A pesquisa-ação mostrou-se adequada para nós, justamente por unir a contribuição teórica com uma contribuição prática”.

“Desse modo, além de produzirmos artigos e livros que ajudam no desenvolvimento científico da temática, já prestamos assessoria jurídica para o povo indígena Xukuru Ororubá, realizamos palestras com mães da rede pública, e também já contribuímos com o judiciário na condição de amicus curie, fornecendo uma formação especializada em demandas judiciais de grande impacto, como tem sido o caso do Complexo do Curado, no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), e em outras atuações junto ao Supremo Tribunal Federal (STF)”, continua Laura Gabriella.

PRÊMIO CAROLINA BORI - Nesta edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, a SBPC recebeu indicações de 446 candidatas de 223 instituições de ensino baseadas em todas as regiões do Brasil. Com a categoria “Meninas na Ciência”, buscou-se ressaltar o trabalho de jovens “cujas pesquisas de iniciação científica demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro”.

A comissão julgadora, formada por sete representantes da comunidade científica de diversas áreas do conhecimento, escolheu as seis vencedoras da Graduação e as três do Ensino Médio, assim como concedeu seis menções honrosas para estudantes da Graduação e três para alunas do Ensino Médio (a relação completa é reproduzida ao final deste texto).

A cerimônia de premiação será realizada em São Paulo, no dia 10 de fevereiro, data em que é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. O evento será transmitido ao vivo pelo canal da SBPC no YouTube. Além de receberem passagens e hospedagem para participar da cerimônia, e da 75ª Reunião Anual da SBPC, em Curitiba, as premiadas são convidadas a participar de uma visita guiada ao Museu do Ipiranga. Também são entregues troféus para as menções honrosas e todas as finalistas receberão certificado.

O Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher foi criado em 2019 e seu nome faz menção à primeira das três mulheres que foram presidentes da SBPC – Carolina Martuscelli Bori (1924-2004), pesquisadora na área de psicologia experimental.

Em depoimento publicado junto com a divulgação das finalistas, a vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral, ressaltou a diversidade dos trabalhos desenvolvidos e da origem das candidatas: “Isso mostra que cada vez mais as meninas estão presentes na ciência em todos os campos do conhecimento, em vários tipos de instituições e em diferentes regiões, o que me deixou muito contente”, avaliou.

O aumento de 55% no número de inscrições em relação à 2ª edição do prêmio também foi lembrado no texto. “Essa quantidade mostra a mobilização das meninas em torno da ciência e, pela qualidade dos trabalhos, podemos vislumbrar trajetórias brilhantes neste setor”, comentou a vice-presidente.

REALIZAÇÃO PESSOAL E SOCIAL - Laura Gabriella define a experiência de ver o trabalho que desenvolve recebendo destaque no Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher como “uma grande realização pessoal e social”. Ela também comentou sobre a quantidade de mulheres participando da premiação.

“Há cerca de seis anos, quando ganhei medalha de ouro na Olimpíada Pernambucana de Física, além de outras medalhas na Olimpíada Pernambucana de Astronomia e Astronáutica, notei apenas outra menina subindo ao pódio para receber os prêmios, além de mim. A grande maioria era formada por homens. Hoje, aos 22 anos, participar de um prêmio que foi feito para homenagear especificamente as cientistas  brasileiras mostra que estamos no caminho certo, como sociedade, para tornar a participação acadêmica mais igualitária para homens e mulheres”, destaca.

“Por conta disso, gostaria de dedicar esse feito a todas as mulheres que, superando inúmeros desafios, participam e contribuem para o desenvolvimento científico brasileiro. Vocês são incríveis e inspiram toda uma geração de futuras cientistas, como eu”, declara a estudante de Direito.

PESQUISA E EXTENSÃO - Laura Gabriella conta que começou a ter contato com projetos de pesquisa e extensão ao ingressar no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), aos 14 anos, e que isso “mudou completamente” a vida dela. “A partir desse momento, já estava decidida que independente da área ou curso que escolhesse, iria me dedicar profissionalmente à ciência. Eu sabia que seria pesquisadora, só não sabia em qual área. Na Faculdade de Direito do Recife, não só encontrei inúmeras oportunidades para perseguir esse sonho, como também encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram ao longo da trajetória: meus colegas de pesquisa e extensão e meus professores e professoras”, recorda.

“O envolvimento com a pesquisa científica mudou e tem mudado completamente a minha vida. Ao longo de quase uma década envolvida em projetos acadêmicos, sinto que me tornei mais resiliente, criativa, organizada e atenta à realidade social em minha volta. Essas habilidades têm impactado positivamente tanto minha trajetória profissional quanto acadêmica. Há quatro meses, por exemplo, soube que fiquei em segundo lugar geral na 27ª Competição Interamericana de Direitos Humanos, além de já ter sido condecorada, em maio, com o primeiro lugar na categoria oradora em língua portuguesa. Apesar de a competição ter um viés diferente da pesquisa científica, sei que minhas habilidades como pesquisadora me ajudaram a alcançar bons resultados na competição”, avalia a estudante.

4ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” – Meninas na Ciência

Graduação

Humanidades

Vencedoras

Alessandra Stefanello – Letras / Universidade Federal de Santa Maria, pelo trabalho “Um outro olhar para a língua: a posse da terra e o direito à propriedade”

Denise Barrozo de Paula – Psicologia / Universidade Municipal de São Caetano do Sul, pelo projeto “Representações, sentidos e valores da menina negra na literatura infantojuvenil: um estudo a partir do livro a cor da ternura de Geni Guimarães”

Menções honrosas

Laura Gabriella Muniz da Silva – Direito / Universidade Federal de Pernambuco, pelo projeto “Transformando vítimas em protagonistas: a pedagogia de Paulo Freire na educação em direitos humanos”

Vanessa Nogueira Matos – Pedagogia / Universidade Federal de Jataí, pelo trabalho “A infância em diário de Bitita: o memorialismo poético de Carolina Maria de Jesus”

Biológicas e saúde

Vencedoras

Anita de Souza Silva – Medicina Veterinária / Universidade Federal de Sergipe, pelo projeto  “Diagnóstico da Leishmaniose Visceral em cães e percepção dos tutores de cães e gatos sobre a doença”

Ariane Leite do Nascimento – Ciências Biológicas / Universidade Federal da Bahia, pelo trabalho “Botânica sempre viva”

Menções honrosas

Camila Vitória Ferreira Mendes – Enfermagem / Universidade Federal do Pará, pelo projeto  “Análise funcional de microRNAs na doença dermatológica Vitiligo”

Carolina Batista Nunes – Ciências Biológicas / Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo projeto  “Conhecimento de pescadores sobre mudanças ambientais na água e no pulso de inundação dos rios Tapajós e Tocantins, Amazônia brasileira”

Engenharias, Exatas e Ciências da Terra

Vencedoras

Amanda Guimarães Melo – Matemática / Universidade Federal do Sergipe, pelo trabalho “Equação de Logística Fracionária”

Sara Lüneburger – Química / Universidade Federal da Fronteira Sul, pelo projeto “Biodiesel production from Hevea Brasiliensis seed oil”

Menções Honrosas
Maitá Carvalho Micol – Ciências Moleculares / Universidade de São Paulo, pelo trabalho “Estudo de Processos Físicos e Emissão de Alta Energia em torno”

Wadja Feitosa dos Santos Silva – Química Tecnológica e Industrial / Universidade Federal de Alagoas, pelo trabalho “Planejamento de alfa-Cianoacrilatos e alfa-Cianoacrilamidas Baseado em Fragmentos, como Inibidores da NS2B/NS3 dos Vírus Dengue e Zika”

Ensino Médio

Vencedoras

Camily Pereira dos Santos – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, pelo trabalho “Desenvolvimento de material biodegradável para absorventes femininos”

Gabrielly Santos Souza – Centro de Ensino Médio Elefante Branco, pelo projeto “Biodiversidade, ciência e juventude negritude, política e protagonismo juvenil”

Isabelle Almeida Novais – Escola Estadual Fernão Dias Paes, pelo trabalho “A influência da infraestrutura dos hospitais públicos na realização do diagnóstico da mielomeningocele fetal”

Menções Honrosas

Amanda Ribeiro Machado – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, pelo projeto “Desenvolvimento de celulose bacteriana a partir dos resíduos do processamento da uva”

Ana Beatriz Caetano Ribeiro – Centro Paula Souza – ETEC de Campo Limpo Paulista/Unesp, pelo trabalho “A posição brasileira na ONU frente ao desarmamento nuclear (1997-2017)”

Gabrielly Cardoso Rocha – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, pelo projeto “Software de mapeamento de queimadas em biomas”

Date of last modification: 26/01/2023, 18:38