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Estudante de Medicina da UFPE investiga realização de protocolos prévios e relação com biópsia renal
Estudo foi apresentado no congresso norte-americano de Nefrologia Kidney Week, realizado pela American Society of Nephrology (ASN)
O estudante João Mateus Souza, do curso de Medicina da UFPE, desenvolve um estudo sobre como a realização de protocolos prévios pode minimizar complicações da biópsia renal, tendo como orientador o professor Marclébio Dourado, nefrologista do Hospital das Clínicas da UFPE. Como parte do processo de pesquisa, ele apresentou no congresso norte-americano de Nefrologia Kidney Week, realizado pela American Society of Nephrology (ASN), o trabalho “Paradox of Precision: more parameters, fewer complications in kidney biopsy outcomes” (“Paradoxo da precisão: mais parâmetros, menos complicações nos resultados da biópsia renal”, em tradução livre). O evento ocorreu em San Diego, na Califórnia.
A conclusão do estudo é que “a implementação de um protocolo estruturado de biópsia renal com parâmetros claramente definidos demonstrou tanto eficácia quanto viabilidade, alcançando um baixo índice de complicações. Isto sugere que uma abordagem bem organizada das avaliações pré-biópsia pode melhorar a segurança do paciente e minimizar os riscos associados ao procedimento”.
João Mateus Souza explica que o objetivo geral deste estudo era avaliar se uma abordagem mais parametrizada dos protocolos pré-biópsia contribuiria para melhorar a segurança e eficácia da biópsia renal, que é uma ferramenta fundamental no diagnóstico de doenças glomerulares. A realização do procedimento envolve alguns riscos, como o de que haja sangramento ou surja uma infecção.
“A biópsia renal é um procedimento transcutâneo, realizado com uma agulha específica, que permite a retirada de fragmentos do tecido funcional renal e análise direta sob microscopia óptica, imunofluorescência e microscopia eletrônica. Além disso, por se tratar de uma visão direta do que está acontecendo nos glomérulos, serve como um diagnóstico definitivo para a injúria ou patologia associada à doença renal”, explica João Mateus Souza. Ele detalha: “As doenças glomerulares são condições que afetam os glomérulos, que são pequenos filtros nos rins. Esses filtros são responsáveis por remover resíduos e excesso de água do sangue, formando a urina”.
Para realizar a avaliação proposta, foi feita uma análise retrospectiva considerando as biópsias renais com complicações que foram realizadas de novembro de 2018 a dezembro de 2022 no Hospital das Clínicas (HC-UFPE), onde foi adotado um protocolo pré-biópsia mais restrito.
Com isso, formou-se um grupo com cerca de 370 pessoas para o estudo. A maioria era do sexo feminino (65,6%) e as idades variavam de 4 a 76 anos, sendo que a maioria (81,6%) tinha entre 14 e 53 anos. Além disso, 88,9% das biópsias nesses pacientes foram realizadas em rins nativos (não transplantados). Aproximadamente, 23,6% desses pacientes necessitaram de diálise pré-biópsia.
“O trabalho incluiu todos que foram submetidos à biópsia renal, porém, se os pacientes tivessem com parâmetros laboratoriais ou clínicos alterados, intervenções específicas eram instituídas antes da biópsia como: tratamento anti-hipertensivo, transfusão sanguínea, diálise. Tudo isso para aumentar a segurança do procedimento, por garantir maior estabilidade clínica dos pacientes e diminuir o risco de complicações pós-biópsia”, afirma João Mateus Souza.
“O protocolo utilizado foi trazido por um ex-residente da Nefrologia do HC-UFPE, hoje professor da cadeira de Nefrologia da Universidade, Marclébio Dourado. Anos antes, porém, a análise dos dados disponíveis só se deram nesses quatro anos. Ainda temos seguimento no trabalho em questão, seguiremos coletando dados e instituindo novos olhares para tentar tirar novas informações a respeito do tema”, adianta o estudante.
Observando os dados referentes ao grupo estudado, os pesquisadores notaram que, com adoção do protocolo, apenas 4,86% dos pacientes tiveram maiores complicações ao passar pela biópsia (dez tiveram hematúria macroscópica, ou seja, sangue visível a olho nu na urina, seis precisaram de transfusão de sangue e dois sentiram dor intensa). Nenhum paciente necessitou de procedimentos com intervenção hemodinâmica, nefrectomia ou faleceu.
Além disso, não foram identificadas associações relevantes entre os índices de complicação e a idade dos pacientes, a indicação de que fosse realizada biópsia nos órgãos ou o diagnóstico dado.
Os detalhes são apresentados no artigo, que tem como autores, além de João Mateus Souza e do professor Marclébio Dourado, a professora Ana Paula Gueiros e os estudantes Maria Zayne Nogueira de Azevedo, Thiago Vinícius Paulo Paiva, Breno Matheus dos Santos Sá e Tiago Moura Freitas.
“Participar da Kidney Week me permitiu interagir com especialistas renomados em nefrologia, discutir minhas descobertas e receber feedback valioso. A experiência foi ao mesmo tempo esclarecedora e inspiradora, reforçando minha paixão pela medicina renal. A apresentação em inglês, sobre um tema tão específico e ainda durante a graduação, era desafiadora, porém com bastante treino e preparação foi possível atingir um bom desempenho e acompanhar outros trabalhos durante o congresso”, avalia João Mateus Souza.
Mais informações
João Mateus Souza
joao.limasouza@ufpe.br