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Academia Brasileira de Ciências lança alerta contra aumento de contaminação por mercúrio no Brasil
Um dos autores do documento é o professor Anderson Gomes, do Departamento de Física da UFPE, e vice-presidente regional da ABC
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) definiu a contaminação por mercúrio como um desafio nacional que deve mobilizar todos os níveis governamentais, o setor privado e as organizações sociais. A recomendação está presente em documento, publicado no último dia 11, no qual a entidade divulga estudo com diagnóstico das emissões do metal no país e lista oito recomendações para lidar com o desafio. “O material é fundamental para alertar e esclarecer a sociedade para este problema ambiental de sérias consequências”, alerta Anderson Gomes, professor do Departamento de Física da UFPE e vice-presidente Regional para o Nordeste e Espírito Santo da ABC.
Com o título “Contaminação por mercúrio – Por que precisamos de um plano de ação?”, o documento explica que o mercúrio é tóxico devido à alta afinidade do metal com compostos de enxofre presentes em proteínas e em muitas enzimas essenciais para o metabolismo das células humanas. Quando o metal se liga a enzimas e outras proteínas, elas são inativadas de forma irreversível, o que pode gerar complicações clínicas graves como vertigens, tremores e danos aos pulmões e ao cérebro.
De acordo com o material, apesar de várias localidades brasileiras serem afetadas pela contaminação, o mercúrio está fortemente associado ao garimpo ilegal e ao uso do metal para extração do ouro. Muitos problemas de contaminação ambiental por mercúrio, no entanto, são devidos não apenas ao aumento das emissões do metal, mas também à tendência de maior concentração dele em peixes, humanos e outros organismos observada nos últimos 20 anos. O fenômeno é atribuído à alteração do uso do solo, particularmente na conversão de florestas para a extração de madeira e a agropecuária. A exposição humana ao mercúrio ocorre principalmente pela ingestão de pescados. Dessa forma, os riscos à saúde são ainda maiores em populações ribeirinhas da Amazônia e em pescadores.
O estudo foi realizado por Grupo de Trabalho (GT) criado com a finalidade de analisar o problema e propor um encaminhamento que a ABC pudesse fazer para alertar a sociedade, bem como provocar o governo federal a se preocupar com a questão e empregar esforços para resolvê-la ou mitigá-la. Foram analisados documentos e artigos científicos, no mundo e no Brasil, e feitas reuniões com especialistas no tema. A partir dos resultados obtidos, o GT recomenda que sejam subsidiadas medidas para melhorar a segurança alimentar das populações atingidas, com um esforço continuado de monitoramento da contaminação de peixes e outros produtos da aquicultura.
Por meio do documento, o grupo defende que o Brasil volte a ser participante ativo na Convenção de Minamata, que traz uma série de medidas de controle sobre o uso do mercúrio em todo o mundo, atualize os inventários de emissões de mercúrio e substitua produtos que contêm o metal por alternativas. Sugere ainda o desenvolvimento e implementação de tecnologias voltadas à redução de emissões de fontes incidentais de mercúrio.
“O material de ‘alerta’ está pronto e foi lançado, e estamos disseminando o mais amplamente possível”, diz o professor Anderson Gomes, que também é um dos membros do GT. “A partir do documento, a ABC promoverá alguns encontros em temas específicos, de forma a ampliar e aprofundar o leque de informações, enquanto aguarda o lançamento de edital do CNPq para que cientistas, estudantes de graduação e pós-graduação e o setor privado possam pesquisar soluções para este grave problema de forma conjunta e com base científica ampla”, conclui o professor Anderson Gomes.