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Ética e universidade

Por Anísio Brasileiro, reitor da UFPE

A universidade, como espaço de saber, desempenha papel essencial na formação da juventude, tanto em termos profissionais quanto na adoção, pelos jovens, da ética como princípio de vida. O filósofo francês Roger-Pol Droit, no livro Ética: uma primeira conversa, mostra que esse conceito atravessa os tempos e diz respeito a um saber "relativo à maneira de se comportar", que tem a ver com o preocupar-se com o outro, com ações que, em primeiro lugar, não prejudiquem o próximo. Penso que essa definição é cada vez mais importante, em um mundo onde a violência, a pobreza, o racismo, os danos ao meio ambiente perduram, apesar do desenvolvimento da sociedade. Daí a importância da formação ética dos jovens para o exercício da cidadania. Um desafio, pois se trata de exercitar a ética em cada momento de vida.

A UFPE tem exercido o papel de disseminar uma verdadeira cultura da ética com iniciativas concretas. Uma delas foi a institucionalização da Comissão de Direitos Humanos dom Helder Camara, há quase 14 anos, com o objetivo de promover o respeito aos direitos humanos no âmbito da universidade, em particular, e da sociedade, em geral. Outra importante realização foi a criação de uma disciplina eletiva, aberta aos alunos de qualquer curso de graduação, chamada Educar para os Direitos Humanos. Na mesma linha, a UFPE abriga hoje o Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, que tem como um dos méritos formar profissionais capazes de atuar como agentes multiplicadores da defesa da cidadania e da paz. O PPGDH, como é conhecido, além dos cursos de especialização e mestrado, oferece atividades de extensão, seminários e congressos. Recentemente, realizou com êxito o I Congresso Nacional de Direitos Humanos e Cultura de Paz da UFPE.

Mas é preciso avançar. Por isso, levaremos em breve ao Conselho Universitário o projeto de criação da Comissão de Ética para a UFPE. Nossa instituição já conta com iniciativas setoriais importantes, como as Comissões de Ética no Uso de Animais e em Pesquisa, mas ainda carecia de um órgão com atuação mais ampla sobre as suas unidades. E mais: em 2014, em parceria com a Comissão de Verdade e Justiça do Estado, a UFPE organizará um congresso internacional sobre direitos humanos. O evento abordará conceitos como cultura de paz, ética, cidadania, verdade e justiça. Outra novidade importante será a criação do Instituto de Humanidades da UFPE, cujo foco será permitir que os estudantes, nos primeiros anos de curso, alicercem uma base intelectual humanística, através de estudos em áreas como arte, filosofia, política, moral, ciência e teologia. Assim, queremos despertar nos estudantes o interesse pela cultura geral, pois é esse tipo de formação ampla que permite compreender melhor como a ética se aplica não só ao campo de saber que se elege como ramo de estudo, mas a toda atividade humana.

Publicado na edição de sábado (23/11) no Jornal do Commercio

Date of last modification: 27/10/2016, 14:16

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