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A sociedade hiperindustrial

Publicado no Jornal do Commercio, no dia 21 de outubro de 2017

Por Anísio Brasileiro

Em artigo recente (JC, 23.9.2017) fizemos referência a uma agenda em curso de parcerias estratégicas entre a UFPE e a sociedade, com foco na construção de um projeto de desenvolvimento para o Nordeste que gere emprego, seja inclusivo e contribua para a cidadania. Mas, de que sociedade estamos falando? Pierre Veltz, pesquisador francês (La Société hyper-industrielle, 2017), coloca quatro pontos que se destacam no atual mundo hiperindustrial baseado na 4ª revolução industrial, liderada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação, pela digitalização da economia e pelo predomínio da robótica. Primeiro, a complementação entre indústria e serviços. Ela permite, por exemplo, que a indústria automobilística produza, além de carros, uma gama de serviços conexos, com foco em propiciar mais mobilidade às pessoas.

Segundo, a economia baseada em plataformas conectadas em redes, permitindo interações em tempo real entre oferta e demanda. Daí o sucesso das grandes firmas nascidas da internet (Google, Amazon, Facebook, Apple e outras). Terceiro, o fato de que as aglomerações urbanas não param de crescer, seja pelas reconfigurações rápidas das cadeias de atividades, pela circulação dos fluxos de conhecimento que se apoiam na mobilidade de pessoas ou o fato das empresas se localizarem em lugares que dispõem de boas infraestruturas e pessoas qualificadas. Aqui se coloca a quarta dimensão da atual sociedade hiperindustrial: o papel crescente das grandes universidades de pesquisa que se articulam na forma de complexos industriais-universitários. No mundo inteiro, se observa a existência do campus como ecosystème aberto, onde numerosas startups fazem a ligação entre universidades e incubadoras de empresa.

A educação a distância tem papel-chave, com as universidades atuando como “hubs” de pesquisa e inovação, atraindo pesquisadores do mundo. A educação torna-se estratégica, a sala de aula é mundial e Veltz chama atenção para a circulação de cérebros, ao invés de fuga de cérebros. A UFPE se defronta com o desafio de, em se mantendo como instituição pública de qualidade, com formações pedagógicas inovadoras, buscar novas parcerias estratégicas com empresas públicas e privadas, com vista a impulsionar, através do conhecimento, projetos de desenvolvimento para o NE. Ao mesmo tempo em que vem desenvolvendo cooperações com importantes universidades do mundo, tecendo alianças internacionais de conhecimento através dos Institutos de pesquisa e inovação em processo de constituição.

Anísio Brasileiro é reitor da UFPE

Date of last modification: 09/07/2019, 10:50

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