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Segunda edição do livro “Ópera no Recife” será lançada no Recife

Entre os autores está o professor Sérgio Deslandes, do Departamento de Música da UFPE

Da assessoria da Cepe

Com direito a uma apresentação de Emparedadas, ópera em um ato livremente inspirada no título “A Emparedada da Rua Nova”, de Carneiro Vilela, a Cepe Editora e a Titivillus Editora lançam na quinta-feira (10), no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), a partir das 19h, a segunda edição do livro “Ópera no Recife: Vozes, Bastidores, Espectadores”, dos historiadores Karuna Sindhu de Paula, Felipe Azevedo e Souza e do maestro, compositor e pesquisador Sérgio Deslandes, professor do Departamento de Música da UFPE.

Fruto de uma extensa pesquisa aprovada pelo Funcultura em 2016, o livro ganhou há quatro anos uma primeira edição reduzida - não contemplada pelo edital - esgotada em curtíssimo tempo. É um dos raríssimos estudos sobre a produção operística local e resgata a cena musical erudita e operística nos séculos 19 e 20, revelando ter sido Recife um importante centro cultural do continente americano e por onde passaram dezenas de companhias europeias.

Documento e memorial, o livro permite, como atesta em texto o professor de História da Música, de Harmonia e de Análise Musical no Conservatório Pernambucano de Música, Sérgio Nilsen Barza, dar “voz a amadores dedicados, relembrando profissionais esquecidos e pequenas companhias de trajetórias quixotescas, todos parte de uma rica tradição histórica”. Seus capítulos estão dispostos como um libreto operístico e foi organizado seguindo a estrutura de uma ópera, com seus elementos fundamentais.

Situando a ópera no contexto social do Recife do século 19, o livro revela que o gênero ganhou os espaços públicos como arte coadjuvante do teatro. No início, árias famosas executadas marcando os intervalos das comédias em cartaz no Teatro Público ou Casa da Ópera. Primeiro teatro de Pernambuco (1777), e popularmente conhecido como Capoeira, o espaço foi durante meio século o centro cultural da cidade, sendo frequentado tanto pelas camadas mais populares quanto pela elite e onde, não rara as vezes, as apresentações eram suspensas por causa da balbúrdia da plateia.

A obra destaca também o esforço e a busca por espaços e formatos de expressão artística mais apurados, uma vez que as artes eram um importante indicador do cosmopolitismo das cidades na época. “Ser um importante porto foi fundamental, mas o desenvolvimento de um cenário artístico local, com seus críticos, músicos, empresários e público, teve relação direta com os investimentos feitos para o fomento das artes dramáticas pelo governo.  [...] Diante do montante de investimento e da regularidade com que essa verba era alocada no setor artístico, pode-se afirmar que as artes cênicas foram o primeiro grande projeto político de incentivo à cultura financiado pelo Estado”, destaca Felipe Azevedo e Souza. 

Esse entendimento foi fundamental para um ambiente propício ao gênero. “A agitação da ópera no Recife, por exemplo, criou um intenso intercâmbio entre artistas estrangeiros e nacionais, movimentou a economia de produtos de luxo, a oferta por aulas de canto, aguçou debates estéticos e morais, avivou disputas políticas”, complementa Felipe Azevedo e Souza.

Data da última modificação: 08/11/2022, 14:28