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Professor, alunos e ex-alunos de Letras Libras são contemplados em edital de poesia surda do Itaú Cultural

Seleção nacional foi voltada a artistas surdos e com deficiência auditiva

O professor Cristiano Monteiro, do curso de Letras Libras, ligado ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi contemplado no edital “Arte como respiro: Múltiplos Editais de Emergência”, promovido pelo Itaú Cultural, na categoria Poesia Surda. Além dele, cinco alunos da graduação e dois ex-alunos também foram selecionados no edital nacional, que busca movimentar a economia criativa em tempos de pandemia de coronavírus. O resultado foi divulgado no último dia 29. 

A seleção foi voltada a artistas surdos e com deficiência auditiva que tiveram sua rotina modificada em razão da Covid-19 e da consequente suspensão social. Segundo os organizadores, a partir do recorte Poesia Surda, a iniciativa propõe que os inscritos gravem um vídeo, de até três minutos, com o trabalho na Língua Brasileira de Sinais (Libras), com legendas em português, ou em visual vernacular (ou Libras 3D, é um recurso artístico e poético próprio das línguas de sinais).

Foram selecionados os alunos de graduação do curso Letras Libras Jonathan Alves de Oliveira, Letícia Lima do Nascimento, Lucas Sousa da Cruz, Rebbekka Santos de Souza e Yanna Bárbara de Souza Porcino, além dos ex-alunos Alan Henrique Godinho Durand e Leôncio de Albuquerque Oliveira. Eles participaram de atividades de extensão e cursos promovidos pelo professor para estimular o desenvolvimento da poesia surda. Cada selecionado receberá R$ 2,5 mil pelo licenciamento dos direitos autorais da obra.

“No momento em que tive acesso às informações sobre a seleção nacional nas redes sociais, eu achei uma ótima oportunidade para mostrar o valor da Cultura Surda e da língua de sinais. Então, resolvi motivar outros surdos de Pernambuco: alunos e egressos do curso de Letras Libras e outros surdos que participaram de ações de extensão promovidas por mim, como o Festival Cultural Literário em Libras”, explica o professor. As propostas foram pensadas a partir da experiência nesses contextos para valorizar a identidade surda.

“Isso é motivo de grande felicidade para mim, pois conseguimos mostrar para a sociedade em geral que a poesia surda é uma marca cultural importante e de grande valor”, afirma. O professor considera que a arte é de extrema importância em tempos de pandemia do novo coronavírus. “Durante a quarentena, as pessoas estão nervosas e ansiosas. Nesse sentido, a arte ajuda a partir da pintura, da dança, da poesia, da contação de piadas, das lives e das dramatizações”, destaca.

“São marcas da nossa cultura e das respectivas adaptações tão necessárias para superarmos o nervosismo e a negatividade no período de pandemia. A arte nos ajuda a pensar positivo nesse momento. Ela é como se fosse um remédio para alma e nos acalma”, ressalta o professor. A entrevista para a Assessoria de Comunicação (Ascom) da UFPE contou com a tradução de Libras para português do servidor Roberto Carlos e da bolsista Monique Marry.

RESULTADO – De acordo com o Itaú Cultural, a edição recebeu 247 inscrições (vindas de 23 estados), das quais foram escolhidas 100 poesias, sendo 77 em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e 23 em visual vernacular (VV). Participantes de todas as regiões do país foram contemplados. Há representantes de 16 estados, que elaboraram trabalhos cujos temas vão da pandemia de coronavírus a assuntos que extrapolam o agora – como empoderamentos feminino e surdo, liberdade de expressão e diversidade de corpos.

Data da última modificação: 10/06/2020, 16:04