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Delfim Amorim integra rol dos professores Eméritos da UFPE

Reitor Anísio entregou o título ao filho de Delfim Amorim

Por Renata Reynaldo

Um dos introdutores dos preceitos da Arquitetura Moderna em Pernambuco, o arquiteto e professor Delfim Fernandes Amorim, falecido em 1972, agora integra o rol dos Professores Eméritos da UFPE. A honraria foi entregue, in memoriam, na última quinta-feira (6), em solenidade, no Auditório João Alfredo, na Reitoria, que contou com a presença de familiares, amigos, ex-alunos e docentes da Universidade, e foi comandada pelo reitor Anísio Brasileiro. “A UFPE reconhece um professor e um profissional que ousou e realizou”, afirmou Anísio.

Foto: Passarinho

Filho de Delfim, Luiz Amorim também é professor de Arquitetura da UFPE

Como filho e também professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE, Luiz Amorim recebeu o título em nome do homenageado e, em seu discurso, destacou a codificação arquitetônica e os princípios da obra de Delfim, além de pontuar o papel do professor Amorim como militante pela democratização de Portugal e do Brasil. “No repertório da obra, verifica-se que ele era um investigador e não tinha restrições para experimentar materiais e de desenvolver novas linguagens arquitetônicas. Era um inventor”, afirmou.

Convidado para fazer o discurso de apresentação do novo Professor Emérito, o também arquiteto Zildo Sena Caldas, relembrou a convivência entre ambos durante o período em que era elaborada a nova estruturação acadêmica da Faculdade de Arquitetura da UFPE, “quando Amorim teve papel fundamental”, e quando o antigo mestre ensinava a disciplina Grandes Composições de Arquitetura. Sena Caldas finalizou sua fala com um apelo ao reitor: “A Universidade poderia fazer gestões junto ao poder público para nomear uma rua em homenagem a Delfim Amorim”; sugestão que foi acolhida com entusiasmo pela gestão da UFPE.

PERFIL – Nascido em Portugal, na freguesia de Amorim, concelho da Póvoa do Varzim, em 2 de abril de 1917, Delfim Fernandes Amorim graduou-se como arquiteto na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Foi professor de grandes composições de arquitetura na mesma instituição entre 1950 e 1951. Desenvolveu com o sócio Oliveira Martins projetos residenciais, comerciais e públicos de 1947 a 1951. Militou em favor da arquitetura moderna através de artigos publicados na revista Vértice, de Coimbra, de palestras como a Arquitetura deHoje, 1951, proferida no Ateneu Comercial do Porto, e da participação, como membro-fundador, na Organização em Defesa da Arquitetura Moderna (Odam).

Emigrou para o Brasil, em 1951, por causa das condições socioeconômicas de seu país e da presença de um irmão no Recife, onde se instalou definitivamente. Os primeiros projetos ali desenvolvidos foram assinados por engenheiros construtores ou por Acácio Gil Borsoi – com quem trabalhou inicialmente –, já que Amorim só conseguiu validar o seu diploma depois que, em 1956, se naturalizou brasileiro. Desenvolveu projetos residenciais, comerciais, de serviço, educacionais e industriais em parceria com os arquitetos Lúcio Estelita, Armindo Leal e Heitor Maia Neto, seu sócio, entre 1963 e 1972, e assistente no curso de Arquitetura desde 1958. Ao mesmo tempo, realizou pareceres para o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan).

Até 1959, quando foi criada a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Recife, foi professor da cadeira de Pequenas Composições do curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes, primeiro como assistente de Borsoi, depois como responsável pela disciplina. Assumiu a cadeira de Composição de Arquitetura em 1959 e a cadeira de Plástica em 1962. Participou da Comissão de Reorganização do Currículo da Faculdade de Arquitetura de 1961 a 1963. Publicou artigos sobre Arquitetura no Jornal do Commercio, de 1957 a 1958, e no Jornal Pequeno, em 1963, além de proferir palestras na Faculdade de Filosofia do Recife, na Galeria de Arte da Casa de Holanda e nas instituições em que foi professor. Seu projeto para o Edifício Barão do Rio Branco, 1966/1969, foi premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento de Pernambuco (IAB/PE).

LEGADO– No Recife, sua atuação como educador deixou marcas em seus alunos de origem brasileira e latino-americana, cujos traços são percebidos em cidades do Nordeste brasileiro e em países da América Latina. Sua morte prematura em 1972, aos 55 anos de idade, ceifou uma obra que estava em pleno vigor. Suas últimas obras mostram um profissional irrequieto em busca de novos caminhos para a arquitetura. Entre os trabalhos mais conhecidas no Recife estão os edifícios Acaiaca (1957) e Francisco Vita (1968), em Boa Viagem; Duque de Bragança (1970-72), no Derby; Edifício AIP (1956), no bairro de São José; e Barão do Rio Branco (1965-69), Santa Rita (1962), e Pirapama (1956-60), no bairro da Boa Vista; e a casa (1959) onde funciona a sede da CPRH, no bairro de Santana.

Confira as fotos da cerimônia, de autoria de Passarinho, da Ascom-UFPE

 

Data da última modificação: 10/12/2018, 15:57