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O prédio da Faculdade de Direito do Recife


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No dia 11 de dezembro de 1911, era inaugurado o novo prédio da Faculdade de Direito do Recife, no bairro da Boa Vista.

O belo prédio da Faculdade de Direito do Recife teve sua pedra fundamental lançada em 17 de agosto de 1889. O termo desse ato, o qual foi assinado por sua Alteza o Sr. Conde d'Eu, Presidente da província, Governador do Bispado e mais pessoas gradas, foi colocado em caixa de zinco, hermeticamente fechada, depositada em cavidade aberta para esse fim, tendo em sua parte superior em uma pedra de mármore branco perfeitamente polida, medindo 60 cm de comprimento por 40 cm de largura e 18 de espessura, na qual foi gravada a seguinte inscrição:

"Aos 19 dias de agosto de 1889, 68º da Independência e do Império, presentes sua Alteza Real Conde d’Eu, Exm. Conselheiro M. Alves de Araújo, presidente da província, autoridades civis e militares e diversos convidados, foi assentada esta pedra inaugural do edifício destinado a Faculdade de Direito do Recife."

E o discurso pronunciado na cerimônia do lançamento da pedra fundamental do novo edifício da Faculdade de Direito de Recife, foi realizado pelo major de Engenheiro, Gregório Thaumaturgo de Azevedo.

A conclusão das obras e a inauguração do palácio ocorreu na gestão do Diretor Augusto Carlos Vaz de Oliveira em 1911. No ano seguinte, em 1912, a Faculdade foi transferida para o local onde funciona até hoje.

O prédio foi construído por José Antonio de Almeida Pernambuco (Engenheiro Civil e Bacharel em Direito) e seu projeto arquitetônico, eclético, com predominância do estilo neoclássico, é de autoria do arquiteto francês Gustave Varin. Na Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife do ano de 1927, o engenheiro José de Almeida Pernambuco descreve o prédio da FDR da seguinte forma:

O edifício tem a sua fachada principal voltada para o oriente, por que de lá vem a luz e de lá surgiram a philosophia, a arte, a civilização e o Direito: ocupa uma area de 3.600 metros quadrados, tendo a sua fachada principal 20 metros de altura e a posterior, voltada para o ocidente, 43.
Destacam-se na fachada principal o corpo ou pavilhão central, com o seu lindo zimbório, ostentando uma coroa principesca, donde pendem guirlandas, tudo apoiado em vigamentos de aço e coberto de ardósias da Ardennes, na Belgica, e nos extremos os pavilhões de ângulos, tendo as suas janellas, por vergas, as architraves de columnas toscanas, supportando arcos plenos que circumscrevem os olhos de boi, ornados de cornucopias cheios de fructos, fazendo sobresahir a ordem jonica pelas suas columnas, dominadas pelas volutas nos capiteis, tendo um grande balanço as cornijas projectando de modo gracioso os seus medalhões, tudo encimado por um frontão curvo, interrompido, ao qual se sobrepõe uma platibanda, e cercado por um zimborio harmonioso, leve, coberto de ardósias e apoiado em vigamento de aço.
Esse monumento é dividido em dois corpos: um, o andar terreo, representando, na phrase de Vitruvio, a simplicidade, a resistência e a dignidade do homem, o outro, o andar superior, representando a delicadeza e os ornamentos da mulher.
No andar terreo , no rez-do-chão, dão accesso ao edifício tres entradas, com a escadaria em blocos unidos de marmore branco de Carrara, seguindo-se o vestibulo, com as suas columnas supportando o tecto todo ornamentado com as paredes de símile-pierre: ahi se acham à esquerda e à direita duas grandes escadas de honra sobre ornatura metalica, em communicação com o primeiro andar, tendo os degraus em marmore branco da mesma procedência, com seus balcões revestidos de cobre e com os monogrammas F.D. em bronze.
Seguem-se as galerias internas com os pisos de marmore de cor, envolvendo a parte enjardinada, dando entrada para os amphiteatros cujas paredes são revestidas de cortiça para evitar o ruido do exterior, tendo os pisos de xilolitho e bem assim os degraus repousam em ossatura metallica de cimento armado, ostentando em todos os lugares, em todos os cantos, o monograma F.D. ora em marmore, ora em bronze.
A campanilla da torre do relógio, dominando toda a fachada posterior, centralisa a vasta biblioteca, com portas e janellas de carvalho.
Além de todas as dependencias necessarias, sala de congregação, estudo, etc., etic., ha a sala de gráu com a sua ornamentação sumptuosa, onde predomina a harmonioso absoluto, bello, util e classico, em ornamentação architectural, com as janellas de vitraes, ditos cathedral, com as porta de velho carvalho, com soalho duplos de madeira em mosaico; com o tecto em forma de sól (plafond soleil), recebendo a luz da parte occidental do zimborio, de modo a tornal-a doze, suave, benda, tendo os raios interceptados; o tecto é revestido de gesso armado com a ornamentação a mais clássica, e a mais magestosa.
O todo é coberto por um zimborio harmonioso, supportado por uma ossatura metallica de aço e coberto de ardosias. Essa dendencia represnta a joa do momumento. (REVISTA ACADÊMICA DA FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE, 1927, p.192-193).

 

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Destaco na fachada oriental do prédio da Faculdade de Direito do Recife um grupo simbolizando a Ciência e o Direito cercado pelo Gênio, sendo que o Direito ali se acha representado pela justiça. No site do Arquivo da FDR, existe um texto que fala do Monumento “Gênio”, “Ciência” e “ Direito”.

Imagem 3 Monumento “Gênio”, “Ciência” e “ Direito”.

O palácio histórico da Faculdade de Direito do Recife, do início do século XX, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e foi inscrito, em 06 agosto de 1980, no Livro do Tombo Histórico, a folha 83, sob o nº 480 e a folha 3, sob o nº544, do Livro do Tombo das Belas Artes Volume  Segundo. E Publicado Diário Oficial no dia 01/08/1980, às fls. 15369.


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Com a criação da UFPE, a faculdade adotou o título de Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) e fica localizado na Praça Adolfo Cirne, entre as ruas do Riachuelo e Princesa Isabel, na Boa Vista, Centro do Recife. Vale destacar que possui uma grande biblioteca com mais de 100.000 volumes, muitos deles raros e preciosos, nas áreas de direito, filosofia, história e literatura, tendo sob sua guarda, inclusive, a biblioteca que pertenceu a Tobias Barreto. Publica, desde 1891, sua Revista Acadêmica.


Referências:

>> Biblioteca Nacional Digital Brasil – Novidades (RJ) - 04 de setembro de 1889

>> Biblioteca Nacional Digital Brasil – Revista Sul-Americana (RJ) - 31 de agosto de 1889

>> Imagem 1 - Fotografia em preto e branco do prédio da Faculdade de Direito em construção. No verso da foto consta a seguinte informação escrita a lápis: “Faculdade de Direito” – autor: ASCOM – Editor: Memorial Denis Bernardes 

>> Imagem 2 - Fotografia do Prédio da Faculdade de Direito do Recife - Data compreendida entre 1911/1912 - villa digital - FUNDAJ

>> Imagem 3 - Fotografia em preto e branco da cúpula da Faculdade de Direito do Recife – autor: ASCOM – Editor: Memorial Denis Bernardes

>> Imagem 4 - Fotografia em cores do Prédio da Faculdade de Direito do Recife - 2019 (Acervo: Elivanda Souza / Arquivo da FDR)

>. Propostas para a construção do novo edifício da FDR (Acervo: Arquivo da FDR)

>> Tombamento da Faculdade de Direito do Recife  - Pernambuco - Acervo Digital IPHAN

Data da última modificação: 09/11/2023, 11:19