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Jogo de contação de histórias traz benefícios para idosos

O projeto, desenvolvido na Pós-Graduação em Design, produziu cartas com estímulos visuais, sociais e emotivos

Por Amanda Myrtes

A mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Design da UFPE Angélica Porto Cavalcanti de Souza produziu um jogo de cartas para idosos que traz à tona memórias de vida por meio de estímulos visuais, interpessoais, intrapessoais e sociais, além da percepção do uso do corpo, como benefício motor. Nas cartas, a autora busca o despertar “da influência das histórias compartilhadas em grupo no processo de recordação de experiências de vida e o do próprio desencadeamento de memórias”, explica.

A pesquisa aponta que o potencial sentimental do jogo “Te contei?” decorre do compartilhamentos de alegrias, vitórias, primeiras vezes, acentuação de curiosidades, identificação de experiências, sentimentos aflorados, enfim, situações engraçadas que acarretam em risadas ou comoventes que acarretam em lágrimas. “Projetamos trazer à tona os momentos mais marcantes de uma longa vida, com uma opção de lazer que seja, de fato, satisfatória, considerando as limitações e os interesses peculiares á idade”, afirma a pesquisadora.

Orientada pelo professor Sílvio Barreto Campello, o trabalho “Design contribuindo para o envelhecimento ativo: um estudo sobre o ligamento afetivo a objetos cotidianos vinculados às memórias de histórias de vida em idosos” colabora na construção de um novo jogo baseado na recordação e contação de histórias. Como justificativa, a autora aponta que, com o rápido crescimento do número de idosos na população, em especial no Brasil, se faz necessária uma preocupação com essas pessoas além da área da saúde física, ampliando-se “para a importância de manter igualmente as faculdades mentais, dinâmicas sociais e até oferecer oportunidades de lazer apropriados e interessantes”. 

De acordo com a pesquisadora, a realidade do mercado comercial não conversa com as necessidades sociais de pessoas maiores de 60 anos, assim são desenvolvidos artefatos para atividades e jogos deficientes, baseados ou em temáticas infantis, que desestimula a utilização pelos idosos por ser para um público infantil, ou em jogos de grande complexidade, também desestimulantes, pois podem gerar frustração dos idosos ao se depararem com situações de fracasso. 

JOGANDO | O jogo “Te contei?” possui 34 cartas e três placas de pontuação, sendo cinco cartas/personagem - caracterizados por possíveis agentes das histórias, como, por exemplo, casal, família, amigos etc. -, 12 cartas/cenário, representando cenários onde acontece a história, como piscina, sala, cachoeira ou sala de aula, e 17 cartas/acontecimento, estas caracterizadas por artefatos de memória, ou seja, objetos cotidianos marcantes que têm capacidade de suscitar memórias antigas, ligadas ao emocional, ou a criatividade dos participantes, a exemplo de mala, aliança, pets. Já as placas de pontuação, elas são divididas em 1, 2 e 3, expressadas em pequenas estrelas. 

Na prática, o jogador deverá escolher três cartas aleatórias, uma de cada categoria, sem olhá-las. Logo em seguida, deverá apresentar as cartas a todos e assim contar uma história relacionada a uma delas, envolvidas por uma conexão lógica. O jogo deve ter, no mínimo, dois participantes e cada partida tem cerca de uma hora de duração. Ao final da contação de cada história, os demais jogadores deverão apresentar uma pontuação, determinada por estrelas, para o último contador. Um dos jogadores deve ficar responsável por anotar as pontuações para que, ao final de quatro rodadas (considerando uma rodada finalizada quando todos os participantes já sortearam os seus cartões e tiveram a oportunidade de contar as suas histórias), aquele que possuir maior placar, adquiridos pela soma das estrelas, vença o jogo.

Para estudos futuros, a pesquisadora propõe cartas personalizadas, produzidas por pessoas próximas ao idoso com artefatos de memórias marcantes de sua vida. A atividade também pode ser utilizada por pessoas de outras áreas de atuação, como profissionais em Terapia Ocupacional, Psicologia etc. Em razão disso, a pesquisadora indica uma “coleta e análise mais controlada das variáveis para conclusões quantitativas sobre as operações interpretativas e sobre o aprofundamento dos sentimentos surgidos e manifestados pelos idosos por profissionais especialistas”.

Mais informações

Programa de Pós-Graduação em Design da UFPE
(81) 2126.8907
ppgdesignufpe@gmail.com

Angélica Porto Cavalcanti de Souza
aportocs@gmail.com

Data da última modificação: 19/07/2021, 18:29