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Artigos de professores da UFPE são citados pelo Comitê Nobel na outorga do Prêmio Nobel de Física 2021

Anderson Gomes, Antônio M. S. Macêdo, Cid Bartolomeu de Araújo, Ernesto Raposo e Leonardo de Souza Menezes atuam no Departamento de Física

Quatro artigos de pesquisadores da UFPE são citados no relatório do Comitê Nobel de Física da Academia Real das Ciências da Suécia deste ano. O documento, que menciona trabalhos considerados relevantes no meio científico, justifica a escolha dos premiados com o Nobel de Física, que, em 2021, são os pesquisadores Giorgio Parisi (Universidade de Roma “La Sapienza”, Itália), Klaus Hasselmann (Instituto Max Planck de Meteorologia, Alemanha) e Syukuro Manabe (Universidade de Princeton, Estados Unidos), por suas contribuições seminais para o entendimento de sistemas complexos. O anúncio do prêmio aconteceu na última terça-feira (5). Os pesquisadores da UFPE citados são: Anderson Gomes, Antônio M. S. Macêdo, Cid Bartolomeu de Araújo, Ernesto Raposo e Leonardo de Souza Menezes atuam no Departamento de Física da Universidade.

Únicos trabalhos brasileiros constantes no relatório “Scientific Background on the Nobel Prize in Physics 2021”, os artigos da UFPE ajudam no entendimento da contribuição do professor Giorgio Parisi para a Física. Na parte de sistemas fotônicos, os trabalhos são: “Observation of Lévy distribution and replica symmetry breaking in random lasers from a single set of measurements”, de A. S. L. Gomes, E. P. Raposo, A. L. Moura et al. (2016); “Coexistence of turbulence-like and glassy behaviours in a photonic system”, de I. R. R. González, E. P. Raposo, A. M. S. Macêdo et al. (2018); e “Replica Symmetry Breaking in the Photonic Ferromagneticlike Spontaneous Mode-Locking Phase of a Multimode Nd:YAG Laser”, de A. L. Moura et al. (2017). Os artigos correspondem, respectivamente, às referências 33, 34 e 74 do documento.

E na área de sistemas magnéticos, está referenciado o artigo “Stability of the Sherrington-Kirkpatrick solution of a spin glass model”, de J. R. L. de Almeida e D. J. Thouless (1978), referência 21 do documento. Jairo de Almeida é professor aposentado do Departamento de Física da UFPE, e D. J. Thouless é ganhador do Prêmio Nobel de Física de 2016 e ex-professor da Universidade de Washington (Estados Unidos).

“A citação do Comitê Nobel de Física aos nossos trabalhos reflete a qualidade da pesquisa científica desenvolvida no Departamento de Física da UFPE, e, em particular, pelo nosso grupo de pesquisa. O alto nível dos trabalhos já podia ser inferido pela qualidade dos periódicos científicos onde eles foram publicados, e agora a citação pelo Comitê Nobel vem a se somar a esta percepção”, ressaltou o professor Ernesto Raposo, do Departamento de Física da UFPE.

Os trabalhos do grupo da UFPE, com liderança experimental do professor Anderson S. L. Gomes e teórica do professor Ernesto P. Raposo, constituem algumas das primeiras demonstrações da fase vidro de spins fotônica. O documento do Comitê Nobel escreve que a referência 34 dos pesquisadores brasileiros “(...) conecta o trabalho inicial de Hasselmann ao de Parisi e ao papel da desordem e flutuações em sistemas complexos em geral” (em tradução livre).

“A colaboração intramuros, entre teóricos e experimentais no departamento, e a interdisciplinaridade – no presente caso, a sinergia entre as disciplinas fotônica e a física estatística –, a participação de estudantes de pós-graduação e pós-docs e o apoio financeiro recebido para os projetos, ao longo dos últimos cinco anos, promovem resultados impactantes internacionalmente em espaço de tempo relativamente curto”, destacou o professor Anderson Gomes, do DF da UFPE.

Salienta-se ainda que, nos últimos anos, o grupo da UFPE vem avançando no entendimento das fases complexas em lasers aleatórios, incluindo distribuições de Lévy de intensidades, eventos estatísticos extremos, fases de Floquet e comportamento fotônico tipo turbulento.

Além dos professores Gomes e Raposo, participaram dos trabalhos os professores e pesquisadores do CNPq Albert Ocas (UFRPE, Campus Cabo de Santo Agostinho), André L. Moura (UFAL, Campus Arapiraca), Antônio M. S. Macêdo (UFPE), Cid Bartolomeu de Araújo (UFPE), Iván R. R. González (UFRPE, Campus Belo Jardim), Lauro J. Q. Maia (UFG) e Leonardo de Souza Menezes (UFPE).

COLÓQUIO – A edição do dia 22 deste mês dos Colóquios do Departamento de Física da UFPE abordará o trabalho do pesquisador Giorgio Parisi, um dos premiados com o Nobel de Física deste ano. A palestra on-line será apresentada pelos professores da UFPE Ernesto Raposo e Maurício Coutinho Filho.

A pesquisa de Giorgio Parisi remete a um tipo de comportamento magnético, nomeado vidro de spin (“spin glass”), o qual mostra que em determinados materiais com desordem estrutural, os spins dos átomos apontam em direções aleatórias e fixas, diferentemente do padrão de ordenamento usual.

Em 1979, o professor Parisi publicou uma teoria que explicava o comportamento vidro de spin, segundo a qual duas réplicas do sistema possuem comportamentos termodinâmicos idênticos a altas temperaturas, mas poderiam apresentar propriedades distintas na fase vidro de spin a baixas temperaturas. Esse fenômeno ficou conhecido como “quebra de simetria de réplicas” e revolucionou o estudo de sistemas magnéticos.

Mais informações
Professor Ernesto Raposo

ernesto.raposo@ufpe.br

Professor Anderson Gomes
anderson.lgomes@ufpe.br

Data da última modificação: 08/10/2021, 12:07