Fotos: Widma Sandrelly

Reitor Alfredo Gomes abordou a dependência financeira das universidades

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) recebeu ontem (7) o Seminário sobre Autonomia Universitária da Região Nordeste que integra um ciclo de cinco de seminários realizados em cada região do país. O objetivo dos eventos é impulsionar um movimento acadêmico em torno da autonomia universitária plena. O seminário aconteceu no auditório do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia (I-Litpeg), localizado no Campus Recife da UFPE, e durou todo o dia. A programação incluiu palestras, mesas-redondas e lançamentos de livros e contou com a presença de representantes de universidades públicas do Nordeste e de outros estados. O evento foi transmitido no canal do YouTube da UFPE, onde estão disponíveis vídeos do evento.

Cristovam Buarque fez a palestra magna sobre a autonomia universitária

O educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação, ex-senador e ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), esteve presente para proferir a palestra magna “Autonomia Universitária para Fortalecimento da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação”. O professor abordou o tema a partir da reflexão provocada por quatro questionamentos: onde, por que, pra que e como. “Primeiramente, aonde se quer chegar com a autonomia? Em segundo, por que é importante chegar a essa autonomia? Terceiro, para quê? E quarto, como seria essa autonomia?”, explica o ex-senador. Para ele, a universidade precisa ser independente de partidos e políticos, de sindicatos e de religiosos. O ex-ministro também contextualizou o tema da autonomia universitária refletindo o momento atual. “É preciso pensar muito livremente hoje em dia. Você não pode ficar prisioneiro do presente. Claro que temos que dar resposta aos problemas imediatos. Para pensar o futuro mesmo, o longo prazo, tem que estar livre do imediato”, explicou.

O reitor Alfredo Gomes participou da primeira mesa-redonda, “Autonomia Universitária das Instituições de Ensino Superior (IES) Federais: Avanços e Desafios”. O reitor avaliou a partir da dependência financeira das universidades. “Nós estamos em uma situação ainda de subfinanciamento. Isso é histórico e se prolonga ao longo de governos. O orçamento é uma peça essencialmente formada pela política, não tem critérios objetivos de formulação, e isso captura a autonomia das universidades”, disse ele. Alfredo explicou que essa é uma característica não só do atual governo, mas também de outros. Para ele, a temática é crucial para a educação superior nacional e, por extensão, para o desenvolvimento do Brasil. “Poucas universidades públicas brasileiras gozam de autonomia financeira, essencial para que os demais âmbitos da autonomia se concretizem”, afirmou. Alfredo também explorou a relação entre autonomia e falta de autonomia e entre autonomia e dependência política e financeira do governo federal, traçando um histórico de todos os governos, de 1995 a 2024.

RESULTADOS - Durante o ciclo de seminários, estão sendo elaboradas cartas com apresentação dos resultados a partir das relatorias das mesas e palestras. As cartas subsidiarão propostas que serão levadas à discussão com instâncias dos poderes executivo e legislativo. A expectativa é promover a reflexão às cinco regiões do país, a fim de promover estratégias inovadoras que fortaleçam as instituições as IES em prol da sustentabilidade do desenvolvimento nacional.