Notícias Notícias

Voltar

Tartarugas marinhas ‘carregam’ um mundo de vidas nas costas

Pesquisadores do PPGBA atuam em parceria com a UFPB e a Florida State University

Fotos: Divulgação

Tartarugas foram analisadas na costa da Flórida

Equipe de pesquisadores da UFPE, UFPB e da Florida State University (FSU) constatou que a ocorrência de organismos diminutos nos cascos das tartarugas cabeçudas (Caretta caretta) marinhas é o dobro e muito mais diversificada do que se estimava até então. O estudo que levou a essa descoberta teve suas primeiras abordagens no Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal (PPGBA-UFPE) em colaboração com a Ecoassociados, em 2013, o que levou os pesquisadores das instituições brasileiras, professor Giovanni dos Santos e sua equipe, a serem convidados para colaborar na coordenação da pesquisa nos EUA.

Segundo Santos, que é professor do Departamento de Zoologia da UFPE, a constatação feita a partir da observação em animais que ocorrem no litoral norte-americano reforça a necessidade de preservação das tartarugas marinhas. “Desta vez, mostramos que a conservação das tartarugas é importante por manter essas comunidades que não apresentam motilidade, fase larvar para dispersão, nem dispersão ativa nos oceanos”, afirma.

Em artigos divulgados na semana passada em importantes publicações científicas, Jeroen Ingels, pesquisador do Laboratório Costeiro e Marinho da FSU, afirma que o achado científico “sugere que as tartarugas cabeçudas são hotspots para abundância e biodiversidade de organismos". A pesquisa, segundo Ingels, partiu do pressuposto constatado ainda nos estudos brasileiros de que “a macrofauna é capaz de formar estruturas que servem de habitat para os animais diminutos, e facilitam a existência de uma maior abundância e biodiversidade nos cascos das tartarugas".

Intitulado “Meiofauna Life on Loggerhead Sea Turtles-Diversely Structured Abundance and Biodiversity Hotspots That Challenge the Meiofauna Paradox”, o artigo aponta que “encontrar nematoides em carapaça de tartaruga cabeçuda não é surpresa, mas quando comparamos seu número e diversidade com a fauna encontrada sobre outras superfícies duras ou mesmo sobre macroalgas marinhas, percebemos que a fauna localizada nas suas carapaças é extremamente abundante”. A pesquisa que resultou em um artigo científico recém-publicado na revista Diversity e que chamou a atenção da National Geographic, Nautilus e Hakai Magazine, entre outras revistas e meios de divulgação internacional, foi desenvolvida coletivamente pelos professores Giovanni dos Santos (UFPE), Yirina Valdes (UFPB), Jeroen Ingels (FSUML) e Mariana Fuentes (FSU).

Equipe da UFPE é coordenada pelo professor Giovanni dos Santos

A equipe do Brasil, junto aos pesquisadores da FSU, coletou amostras de 24 tartarugas cabeçudas que migraram para desovar na ilha de St. George, na Flórida, no verão de 2018. “A pesquisa pode ajudar a explicar um paradoxo em torno desses animais microscópicos: como é possível que os mesmos grupos de meiofauna marinha podem ser encontrados em diferentes partes do mundo, a centenas ou mesmo milhares de quilômetros de distância”, relatam os estudiosos. Os pesquisadores cogitam que estes animais são capazes de percorrer grandes distâncias nas costas das tartarugas marinhas, o que poderia ajudar a explicar sua ampla distribuição.

Como conclusão acerca dos achados, os autores deduziram que “dezenas de milhares de organismos microscópicos podem colonizar tartarugas marinhas, que visitam costas e praias remotas durante sua migração (...) Faz sentido que haja uma conexão entre os locais frequentados pelas tartarugas e os locais onde os mesmos grupos de meiofauna são encontrados e uma melhor compreensão desse link poderia ajudar a informar práticas de conservação para esses répteis”.

REPERCUSSÃO – De acordo com o professor Giovanni dos Santos, de forma geral, o casco da tartaruga tem fauna de nematoides mais abundante que qualquer outro substrato consolidado nos oceanos (vivo ou morto, móvel ou fixo) e esse assunto foi abordado em artigo recente como uma forma de dispersão destes organismos e, assim, respondendo a um paradoxo antigo que ainda pendia de ser respondido, conhecido como "the Meiofauna Paradox". “O mais interessante é que essa publicação começou a ser citada em várias revistas on-line ao redor do mundo e já recebemos convites para fazer podcasts, entrevistas de rádio e TV, debates em lives, além de um conjunto de entrevista com revista e sites de divulgação científica”, atesta.

Demais artigos publicados sobre a pesquisa
https://www.nationalgeographic.com/animals/2020/06/loggerhead-sea-turtles-carry-thousands-of-hitchhikers/
https://www.labnews.co.uk/article/2030636/researchers-uncover-a-world-of-life-on-the-back-of-a-turtle
https://news.fsu.edu/news/science-technology/2020/06/01/the-world-on-their-backs-loggerhead-sea-turtles-host-diverse-community-of-miniature-organisms/
https://www.repubblica.it/dossier/ambiente/biodiversita/2020/06/03/news/quanti_ospiti_sulle_tartarughe-258335327/?ref=RHPPBT-BS-I252749253-C12-P10-S3.4-T1
https://nplus1.ru/news/2020/06/02/turtle-shell
https://www.sciencedaily.com/releases/2020/06/200601194142.htm
https://phys.org/news/2020-06-loggerhead-sea-turtles-host-diverse.html
https://eurekalert.org/pub_releases/2020-06/fsu-lst060120.php
http://www.pubniche.com/papyrus/ZG9pOjoxMC4zMzkwL2QxMjA1MDIwMw/
https://paraiba.com.br/2020/06/14/pesquisadora-da-ufpb-participa-de-estudo-que-revela-fauna-microscopica-em-cascos-de-tartaruga/
https://ct24.ceskatelevize.cz/veda/3120818-kazda-zelva-si-na-krunyri-nese-cely-svet-biologove-poprve-popsali-tento-rozmanity
https://www.nwfdailynews.com/news/20200604/world-on-their-backs
https://www.nationalgeographic.nl/dieren/2020/06/zeeschildpadden-kunnen-meer-dan-100000-kleine-diertjes-meedragen-op-hun-rug
https://www.nationalgeographic.fr/animaux/2020/06/la-tortue-de-mer-peut-transporter-plus-de-100-000-petits-animaux-sur-sa-carapace
https://www.nationalgeographic.es/animales/2020/06/tortugas-marinas-transportan-miles-de-organismos-en-sus-caparazones
https://vnexpress.net/rua-bien-mang-gan-150-000-sinh-vat-song-tren-lung-4116190.html
https://www.apalachtimes.com/news/20200604/world-on-their-backs
https://www.gadsdentimes.com/news/20200604/world-on-their-backs

Veiculação na Rádio
• Reportagem na rádio 88,9 MHz (WFSU-FM); 91,5 MHz (WFSQ); 89,1 MHz (WFSW); 90,7 MHz (WFSL):

 

Mais informações
Professor Giovanni dos Santos
Departamento de Zoologia – Centro de Biociências da UFPE

giovanni.santos@ufpe.br

Data da última modificação: 29/06/2020, 17:11