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Seminário trouxe legado da experiência das universidades durante pandemia de covid-19

Evento apresentou o papel das instituições de ensino na pesquisa, ensino, extensão e administração remotos num panorama de cortes do orçamento e negacionismo

O seminário “Experiências e desafios no enfrentamento a emergências em saúde pública: o que aprendemos e temos a ensinar?”, que aconteceu ontem (20) e hoje (21), retomou os últimos dois anos de pandemia tendo como pano de fundo as iniciativas das universidades públicas brasileiras no combate ao vírus da covid-19. O evento também trouxe uma análise do papel das instituições com as ações na pesquisa, ensino, extensão e administração remotos num panorama de cortes do orçamento e negacionismo. O seminário foi realizado presencialmente no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) e teve transmissão no canal oficial da UFPE no YouTube, onde os vídeos de todas as palestras estão disponíveis para serem assistidos.

Foto: Anderson Lima

Reitor (à dir.), vice-reitor e diretor do CCM na mesa de abertura

A mesa de abertura contou com a presença do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Marcus David, e com a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Joana Guimarães, que proferiram palestra com o tema “Experiências exitosas das universidades no retorno presencial das atividades acadêmicas e administrativas”. Também integraram esse momento o reitor Alfredo Gomes, o vice-reitor Moacyr Araújo e o diretor do Centro de Ciências Médicas (CCM), Luiz Alberto Mattos, na mediação.

Alfredo explicou que o seminário teve o objetivo de apresentar o que se aprendeu e o que se tem a ensinar do ponto de vista pedagógico. Para ele, as universidades públicas tiveram que se reinventar devido a sua tradição de presencialidade. O reitor lembrou que, para as universidades, pensar de forma remota o conjunto das suas funções, ações, práticas de educação e seu funcionamento administrativo ainda é muito recente. Nesse sentido, Alfredo reforçou que o enfrentamento a uma pandemia exige uma ação articulada e coordenada nacionalmente.

“Precisamos de mensagens claras com informações claras, comprometidas com o processo de preservação da vida. E, em função dessa articulação, nossa estratégia passou por se reorganizar em diálogo profundo com a comunidade. Fizemos inúmeras reuniões com as representações de estudantes e mantivemos conversas amplas e sistemáticas com o corpo docente e também com o pessoal técnico administrativo, para pensarmos coletivamente uma perspectiva de construção de alternativas em face desse processo”, explicou.

Para o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Marcus David, as instituições federais de Ensino Superior precisam pensar nas práticas que podem ser incorporadas na rotina acadêmica e pedagógica como legado da experiência pandêmica, respeitando o princípio da presencialidade como algo da natureza do processo acadêmico. “As nossas instituições agiram com muita competência no enfrentamento à pandemia, mas não tivemos o apoio necessário em termos de investimento em infraestrutura, apoio que talvez nos desse uma agilidade maior na retomada das atividades presenciais”, comentou.

Ele lembrou que, durante os anos de 2020 e 2021, houve forte redução orçamentária junto às universidades e que a justificativa dada pelo governo federal foi que, sem a presencialidade, teria havido redução de gastos nas instituições. “Explicação incoerente, pois precisaríamos é de mais orçamento para sermos capazes de fazer os investimentos necessários para adaptar as nossas instituições para um retorno mais rápido e mais ajuda para as nossas atividades presenciais”, explicou.

Moacyr Araújo questionou aos presentes na mesa como as universidades, que avançaram tanto no combate à covid-19, poderiam utilizar a ciência para ir ainda mais adiante, antecipando-se à chegada de novas pandemias. “Nós vamos ficar parados e não vamos agir sobre problema original, que é a degradação do planeta, diretamente relacionado com as questão indígenas, tão em evidencia nos últimos anos?”, provocou. Para o vice-reitor, as universidades poderiam “avançar a carruagem” e focar na origem do problema, já que a pandemia não será a última.

O seminário contou com uma programação extensa formada por mesas-redondas sobre o panorama sanitário e contexto atual da saúde pública; diretrizes institucionais para o retorno ao presencial; diagnóstico e monitoramento de variantes do SARS-CoV-2 na UFPE; educação em saúde; recursos tecnológicos para teleatendimento, monitoramento e ações na UFPE de promoção e apoio à recuperação da saúde; e lições das emergências em saúde para a educação superior. O evento teve a participação de autoridades locais e internacionais em políticas públicas de saúde, pesquisadores e representações de organizações estudantis e docentes.

Data da última modificação: 26/06/2022, 13:03