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Reitores denunciam desmonte das Instituições Federais de Ensino Superior

Cortes e bloqueio dos recursos previstos na LOA de 2021 vão levar as instituições a paralisar suas atividades antes do final do ano

Reunidos no ato público “Cortes na Educação - Instituições Federais de Ensino de Pernambuco discutem o impacto da Lei Orçamentária Anual”, realizado, virtualmente, na tarde de hoje (5), os reitores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) conclamaram a sociedade para se sensibilizar e se mobilizar contra o desmonte das instituições federais de ensino superior. Alfredo Gomes, Marcelo Carneiro Leão e José Carlos de Sá alertaram que os cortes de, em média, 18,16% mais o bloqueio de 13,18% dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021 vão levar as instituições a paralisar suas atividades antes do final do ano.

Foto: Anderson Lima

Ato denunciou comprometimento da missão das instituições públicas

Com o suporte de dados apresentados pelos pró-reitores das áreas de planejamento e gestão orçamentária, durante o ato público, os gestores das federais em Pernambuco manifestaram preocupação com a possibilidade de serem forçados a, além de comprometer a missão dessas instituições públicas, ainda terem que cortar serviços de empresas terceirizadas, como limpeza e segurança, “o que nos levaria à dolorosa decisão de suprimir postos de trabalho, demitindo pessoas que mais precisam neste momento trágico do país”, nas palavras de Gomes.

O reitor da UFPE também explanou alguns pressupostos que denotam a relevância do impacto desses cortes de recursos: “Nossas instituições acolhem 50% de alunos oriundos do sistema de cotas, entre filhos de porteiros e porteiras, enfim, jovens de classes populares que dependem desse ensino para fazer sua formação superior, além de sermos responsáveis, nos últimos dez anos, pelo egresso de 30 a 40 mil graduados e pós-graduados”.  Atualmente a UFPE, a Rural e o IFPE contam, em todos os seus campi, com 100 mil estudantes frequentando seus cerca de 150 cursos de diferentes áreas do conhecimento.

Iniciado com um minuto de silêncio em pesar das mais de 412 mil mortes no país e 14 mil mortes no nosso estado, o evento também contou com a participação do vice-reitor da UFPE, professor Moacyr Araújo, que conclamou os participantes a mudar de estratégia. “Vamos nos manter abertos ao diálogo, mesmo com quem acredita que a terra é redonda e em ‘gripezinha’, mas precisamos, também, questionar a legalidade desse desmonte, pois no futuro vão nos perguntar o que fizemos para evitar a destruição das nossas instituições públicas de ensino superior”, afirmou. Os reitores da UFRPE e do IFPE reforçaram a necessidade de compartilhar com toda a sociedade a gravidade da situação. “Mais de 90% da produção científica e intelectual do país vem das nossas bancas”, afirmou Carneiro Leão, ao que José Carlos complementou: “Desde 2015 vimos passando por redução das dotações orçamentárias”.

O manifesto lido pelo cerimonial da UFPE, instituição que promoveu o Ato Público, alerta que “o corte orçamentário de R$ 1 bilhão que atinge todas as instituições federais de ensino técnico e superior brasileiras afeta diretamente contratação de serviços, fornecimento de energia elétrica e água, compras de materiais (de expediente a insumos para pesquisa), assistência estudantil, bolsas, editais de fomento, obras, entre outros serviços. A união pela recomposição orçamentária e por mais investimentos é a motivação principal deste evento. Com intuito de visibilizar ainda mais os impactos dos cortes no funcionamento e manutenção das diversas instituições em todo país, mobilizando a sociedade civil nesta pauta”.
Data da última modificação: 06/05/2021, 19:01