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Projeto de extensão UFPE no Meu Quintal realiza no Haiti sua primeira edição internacional

Objetivo é oferecer formação para agentes multiplicadores de acordo com as demandas locais

O projeto de extensão UFPE no Meu Quintal terá sua primeira edição internacional este mês, a partir do dia 14, no Haiti, no município de Cabo Haitiano, a 200 quilômetros da capital Porto Príncipe. Os coordenadores José Eduardo Garcia e Sérgio Matias da Silva e os estudantes Jean Baptiste Joseph, doutorando em Engenharia Civil pela UFPE, e Iracema Calixto, graduanda em Engenharia Agrícola e Ambiental na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), participam da missão, que terá duração de cinco dias, na região rural de Limonade. Jean Baptiste e Iracema são fundadores do Gade (Groupe d’Ambassadeurs pour le Développement (Gade) - em português, Grupo de Embaixadores para o Desenvolvimento. O UFPE no Meu Quintal existe desde 2017 e já promoveu seis operações nos municípios de Iguaracy, Tabira, Tuparetama, Solidão, Betânia e Dormentes, todos no Sertão pernambucano.

“A base do projeto é que estudantes de todos os cursos da universidade, dos três campi, possam levar para pequenas cidades do interior cursos, capacitações, workshops, rodas de conversa em todas as áreas do conhecimento, principalmente para formação de agentes multiplicadores: professores, agentes comunitários de saúde, lideranças comunitárias", explica o professor José Eduardo Garcia, diretor do Centro Acadêmico de Vitória (CAV). No caso da operação no Haiti, haverá a participação de dois professores e 23 estudantes da Universidade do Estado do Haiti, que estão tendo aulas on-line de português a cargo da Diretoria de Relações Internacionais (DRI) da UFPE.

O professor explica que esse novo movimento de internacionalização teve início com o doutorando haitiano Jean Baptiste, que é diretor do Gade, ong pernambucana que estabeleceu a conexão entre o projeto e a organização não governamental americana International Women of H.O.P.E., coordenada por mulheres haitianas. A ong americana atuou na articulação com a Universidade do Estado do Haiti e financiou toda a viagem, por meio de um acordo de cooperação internacional. “Essencialmente é um processo de transferência de tecnologia, da nossa expertise”, afirma Garcia. Os estudantes haitianos já apresentaram suas propostas, especialmente nas áreas de humanidades, em temas como violência no ambiente escolar e discriminação.

“Como pegar a informação da universidade e transferi-la diretamente para a ponta? Um dos gaps da universidade é justamente esse: fazer com que a pessoa que está lá em um posto de saúde ou em uma cooperativa agrícola tenha acesso ao conhecimento moderno, puro que está sendo gerado dentro da universidade”, ressalta o professor, lembrando que a ideia é escutar o que a comunidade precisa e nunca chegar com um pacote fechado de ações. O Haiti tem altos índices de analfabetismo e o foco do projeto de extensão recai justamente sobre os professores de ensino básico, mas as ações são abertas a toda a comunidade interessada nos temas.

O técnico administrativo Sérgio Matias, que atua na Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste (Cecine), destaca que internacionalizar o projeto tem sido um grande aprendizado. Para ele, o UFPE no Meu Quintal leva em conta o sentido paulofreiriano da extensão como comunicação e de não apenas levar saberes, mas sim de trocar saberes. “Esse nosso próximo passo no Haiti é super importante para que a gente aprenda a partir disso e cristalize isso também em nós”, avalia. “Estamos desbravando fronteiras que talvez poucos projetos de extensão tenham conseguido até agora em âmbito nacional. Nossa esperança é que essa nossa experiência se torne um referencial também", afirma Matias.

Além dos professores, a expectativa é também lidar com trabalhadores rurais e lideranças para multiplicar as informações. “A gente constrói junto com eles e principalmente a partir deles. Nosso papel é receber essas demandas, entender qual expertise a gente tem disponível para dialogar e fazer acontecer junto com eles”, resume o técnico. Já está sendo planejada uma nova operação do projeto de extensão em Pernambuco em junho, em uma ação com cerca de cem estudantes que pretende reunir representantes do Brasil e do Haiti. A expectativa é trazer estudantes de lá para realizar atividades aqui, estreitando ainda mais o diálogo entre as duas instituições.

Data da última modificação: 06/01/2022, 17:07