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Projeto de comunicação quântica da UFPE ganha R$ 2,9 milhões em edital
A iniciativa tem como objetivo desenvolver equipamentos e protocolos como subsídios para uma futura estratégia nacional de comunicação quântica
O projeto de comunicação quântica coordenado pelo professor Daniel Felinto, do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi contemplado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com R$ 2.995.960,00. A iniciativa tem como objetivo desenvolver equipamentos e protocolos como subsídios para uma futura estratégia nacional de comunicação quântica. O edital do CNPq é voltado a projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) que contribuam para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação do País na área. Foram contemplados apenas três projetos no país, somando quase R$ 9 milhões, oriundos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Daniel conta como a iniciativa se desdobrará. “O objetivo específico local é montar uma primeira rede quântica metropolitana no Recife. Essa rede contará com apoio da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e ligará três pontos: o Departamento de Física e o Departamento de Eletrônica e Sistemas da UFPE e o Departamento de Física da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Nacionalmente, o edital determina que os projetos aprovados trabalhem em conjunto. Conheço bem os coordenadores dos outros dois projetos aprovados e acho podemos trabalhar muito bem juntos”, conta.
O pesquisador explica que os recursos serão empregados para montar três estações de pesquisa iguais nos três sítios da rede. “Essas estações serão capazes de gerar e caracterizar estados quânticos da luz, sendo capazes de transmitir e receber estados dos outros sítios. Também estão previstos recursos para instalação e manutenção das fibras ópticas que ligam os sítios”, descreve. Daniel pontua que a troca de estados quânticos entre sítios tem muitas aplicações. “Nosso primeiro foco será nos protocolos de troca de chaves criptográficas. Um dos objetivos da futura estratégia nacional de comunicação quântica é estabelecer canais seguros de comunicação entre pontos críticos da infraestrutura nacional (energética, de defesa, governamental, financeira etc.)”, destaca. Formar pessoal e nuclear novos grupos em tecnologia de comunicação quântica está entre as metas futuras do projeto. “A quantidade de especialistas que temos no Brasil atualmente é insuficiente para desenvolver, montar e operar as redes quânticas necessárias para a segurança de infraestrutura”, pontua.
O professor Joaquim Martins Filho, do Departamento de Eletrônica e Sistemas, que integra a equipe do projeto, explica que serão desenvolvidas tecnologias de comunicação quântica que ainda não existem no país. “Elas serão implementadas e demonstradas em uma rede metropolitana de teste no Recife, ligando os departamentos e instituições envolvidas por fibra óptica”, explica. “O projeto representará uma oportunidade para o desenvolvimento de conhecimentos em tecnologias de comunicação segura do futuro e que terão grande impacto em setores sensíveis como defesa, governos e bancos”, destaca.
A equipe do projeto tem caráter multidisciplinar e conta com físicos e engenheiros com conhecimentos em óptica, mecânica quântica, fotônica e criptografia. “Está prevista no projeto a colaboração com engenheiros da Deutsche Telekom (empresa de telecomunicações da Alemanha), de alunos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) e do curso de graduação em Engenharia de Telecomunicações”, conta Joaquim. De acordo com o pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Pedro Carelli, também está em estudo o estabelecimento de um instituto de tecnologia quântica na UFPE.
Mais informações
Professor Daniel Felinto
daniel.felinto@ufpe.br