No mês que marca a mobilização dos povos indígenas na defesa de seus direitos, o chamado Abril Indígena, o Giro Nordeste convida para debate o antropólogo e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) Felipe Cruz Tuxá. Com apresentação da jornalista Vania Dias, o programa é produzido pela TVE Bahia com a colaboração de jornalistas de emissoras públicas de televisão e rádio de todo a região, e é transmitido às sextas-feiras, às 20h30, na TVU (canal 11.1).

Nascido na Aldeia Mãe, na cidade de Rodelas, na Bahia, às margens do Rio São Francisco, o pesquisador fala sobre como a mudança compulsória de todos os habitantes da aldeia, no final dos anos 1980, em função da construção da Barragem de Itaparica, foi determinante para a busca de seus estudos. “A gente ouvia dos mais velhos que precisávamos estudar, inclusive para que, na nossa aldeia, a gente tivesse advogados, antropólogos e médicos indígenas, para que a comunidade se tornasse cada vez mais autônoma e que a gente pudesse, nós mesmos, fazer os enfrentamentos necessários que a gente precisava. Lutar pelos nossos direitos, lutar por justiça diante de um quadro tão brutal que foi esse processo de deslocamento e que, até os dias de hoje, mais de 30 anos depois do deslocamento, ainda hoje, a gente tá no processo, lutando por ressarcimento e por políticas de mitigação que sejam justas”, revela Felipe Tuxá.

Outros assuntos em pauta nesta edição do Giro são o impacto da pandemia de covid-19 nas populações indígenas, a violência contra os povos originários no passado e no presente momento, a coexistência de etnias diferentes numa mesma comunidade, além de políticas afirmativas voltadas para os povos indígenas. O professor universitário também fez questão de discorrer sobre qual o lugar dos indígenas na sociedade brasileira de hoje, tendo em vista as complexidades e diversidades dos povos aqui existentes.