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Milagre através da educação: livro sobre escola criada por camponeses no sertão baiano é a sugestão de leitura da Editora UFPE

Obra eletrônica aborda a Escola Família Agrícola do Sertão, fundada em Monte Santo

Nesta semana, a campanha “E-books para todos” da Editora UFPE convida o leitor a fazer o download de “Milagre em Monte Santo: a fundação da Escola Família Agrícola do Sertão”, título recém-lançado no portal de livros eletrônicos gratuitos do órgão suplementar. A obra escrita por Denizart Busto de Fazio é adaptação da dissertação de mestrado em Filosofia e Educação defendida pelo autor na Universidade de São Paulo (USP).

O cenário do livro é Monte Santo, município do Sertão da Bahia, localizado a 362 quilômetros da capital do estado, Salvador. A localidade ficou conhecida nacionalmente no final do século XIX por ter sido usada como base do Exército Brasileiro durante a Guerra de Canudos, ocorrida entre 1896 e 1897, e considerada um dos conflitos que marcam a transição da monarquia para o regime republicano no Brasil. O conflito envolveu militares, representantes do Estado brasileiro, mobilizados contra os moradores do Arraial de Canudos, comunidade de sertanejos liderada por Antônio Conselheiro, tida à época como um núcleo de resistência monarquista. A campanha resultou na destruição da comunidade e na morte de grande parte de seus habitantes, inclusive de seu líder.

O confronto causou grande repercussão em todo o país, graças à cobertura inédita da imprensa escrita, com repórteres presentes no front de batalha, entre os quais, Euclides da Cunha, que publicaria anos depois “Os Sertões”, famosa obra literária a respeito do fato histórico. A Guerra de Canudos é uma das ocorrências históricas responsáveis por criar a mística sobre o Sertão e o sertanejo, temas recorrentes nas artes brasileiras, a exemplo de autores como Ariano Suassuna, no teatro e na literatura, e Glauber Rocha, no cinema. 

Em seu livro, Denizart Busto de Fazio aborda o “milagre” que a educação pode provocar em meio às dificuldades do Sertão, como violentos conflitos agrários, baixa expectativa de vida, seca, fome, falta de oferta educacional consistente e expressiva migração de jovens. Nesse contexto, agricultores da região de Monte Santo fundaram, em 1998, a Escola Família Agrícola do Sertão, lócus de estudo do autor. O pesquisador realizou um percurso pela história desse acontecimento, que rompe o fluxo esperado de continuidade e reprodução das condições sociais, pondo em evidência as narrativas recolhidas dos seus fundadores e depreendendo delas gestos que concernem à reflexão filosófica em educação. 

A opção pela análise das narrativas deveu-se à relação consubstancial que o autor acredita existir entre narrar e educar, atividades que marcam a convivência intergeracional. É por meio delas que de Fazio propõe refletir sobre a fundação dessa escola como uma resposta singular a uma questão geral de relevância pública: a possibilidade de a experiência escolar ainda poder guardar, numa sociedade burocratizada e submetida a imperativos econômicos globais, um significado político e existencial. 

Assim, na publicação, ele analisa o marco simbólico para aqueles sertanejos, algo que remete ao passado de Canudos, e a mobilização em resposta à precariedade daquelas vidas na ação de homens e mulheres, entendendo a fundação, a partir de Hannah Arendt, como um milagre humano. Segundo o autor, em busca de respostas à questão de como poderiam permanecer juntos em um mundo que se esfacela, os agricultores, ao fundar a Escola Família Agrícola do Sertão, agiram para que pudessem não apenas encontrar um espaço de comunhão, mas também instituir um novo comum, a fim de partilhá-lo no tempo com os novos.

REPRESENTATIVIDADE – No último dia 25, foram realizados de modo on-line a 33ª Reunião Anual da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu) e o 3º Seminário Brasileiro de Edição Universitária e Acadêmica. Na ocasião, aconteceu a posse da nova diretoria da associação para o biênio 2021-2023. A Editora UFPE marcou presença nos eventos, representada pelo seu diretor Diogo Cesar Fernandes, que, na Assembleia Geral, foi escolhido para compor a suplência do novo Conselho Fiscal da Abeu. “São cerca de 140 editoras associadas com o objetivo de lutar pelo fortalecimento do livro universitário. Fazer parte das instâncias de gestão é mais uma oportunidade de consolidarmos a integração da Editora UFPE nas iniciativas em rede das publicadoras universitárias do Brasil e até mesmo do exterior”, afirma o diretor.

Data da última modificação: 29/06/2021, 17:08