Servidoras e docentes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) assistiram ontem (12) à palestra “Mulher e assédio no mundo contemporâneo”, com a secretária executiva da Secretaria da Mulher do Recife, Inamara Mélo. O evento foi realizado no Auditório Professor Denis Bernardes, no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), pela Diretoria de Qualidade de Vida (DQV) da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida (Progepe) em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. A tarde terminou com a apresentação musical de Terezinha do Acordeon.

Fotos: Passarinho

Sonia Medeiros agracia Inamara Mélo antes da palestra

“O empoderamento feminino não é uma questão individual, mas consta de tratados internacionais”, explicou a palestrante, que apresentou dados alarmantes: o Brasil é o 5º país mais violento do mundo para as mulheres e 13 são mortas a cada dia no país. Em 2017, apenas em Pernambuco 316 mulheres foram assassinadas e 76 desses crimes foram tipificados como feminicídio, ou seja, homicídios de mulheres causados por sua condição de gênero. A secretária executiva, porém, calcula que o número seja ainda maior porque nem todos os crimes foram investigados.

Inamara apresentou dados que mostram que 86% das mulheres brasileiras já sofreram assédio e que 50% dos casos de violência hoje acontecem fora do espaço doméstico. A cada quatro horas, uma mulher é estuprada no país. Isso tem um efeito direto nos padrões de mobilidade urbana, limita o acesso ao estudo e ao trabalho e impede a quebra do ciclo de pobreza das vítimas. Em relação aos companheiros, comportamento agressivo e ciúme são as maiores causas de busca aos centros de referência. “Esses homens se sentem donos da vontade, do desejo e da autonomia dessas mulheres”, afirmou.

Reitor destacou a luta contra o feminicídio e a violência contra a mulher

A violência simbólica cotidiana – propagada pelos meios de comunicação, pela moda, pela educação etc. – também foi ressaltada por Inamara, que destacou seu impacto na autoestima das mulheres. Após a inserção delas no mercado de trabalho, a dupla jornada continua sendo justificada pela ideia de que a mulher é provedora e cuidadora, o que causa impactos negativos na sua saúde. “Ser multitarefa não é algo para se vangloriar, mas sim para servir de estímulo para mudar essa estrutura. Enquanto não houver divisão do trabalho doméstico, a igualdade será uma utopia”, concluiu.

MESA – Participaram da mesa de abertura o reitor Anísio Brasileiro, a vice-reitora Florisbela Campos e a pró-reitora de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida (Progepe), Sônia Medeiros. O reitor defendeu que a luta contra o feminicídio e o assédio precisa ser permanente e contínua. “A UFPE não tolera nenhuma forma de violência”, afirmou. O evento contou ainda com ginástica laboral realizada por três estudantes de Educação Física.

É importante lembrar que o Centro de Referência Clarice Lispector , que acolhe e orienta mulheres em situação de violência doméstica e/ou sexista, conta com o telefone Liga Mulher: 0800.281.0107.