Notícias Notícias

Voltar

Aula Magna oficializa o início do semestre 2023.1 no CAV

No evento, o reitor e demais gestores destacam o fortalecimento e a interiorização das universidades públicas brasileiras

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) recepcionou na quinta-feira (1º) os estudantes que começam a fazer parte da comunidade acadêmica Centro Acadêmico de Vitória (CAV) no semestre letivo 2023.1, com a realização da Aula Magna proferida pelo reitor Alfredo Gomes no auditório do centro, que ficou lotado. Participaram do evento pró-reitores, os gestores do CAV, professores, técnicos e alunos.

O diretor do CAV, professor José Eduardo Garcia, foi o primeiro a falar com as novas turmas. “Receber novos estudantes é sempre assim, uma alegria. A Universidade está aqui justamente para receber vocês. Esse é o nosso propósito, dos professores, técnicos, gestores: receber os estudantes, trabalhar com eles até chegar em algo como o que fizemos segunda-feira, uma coleção de grau coletiva, superbonita, mais de 100 estudantes se formando”, celebrou.

Fotos: Eugênia Bezerra

Auditório ficou lotado com novos estudantes

“O CAV está completando 17 anos e é fruto do programa de interiorização das universidades federais brasileiras. Antigamente, as grandes universidades existiam apenas nas regiões litorâneas, com exceção de Minas Gerais, e, aqui no Nordeste, praticamente todas estavam nas capitais. Quando o jovem do Agreste e do Sertão queria estudar na universidade, era difícil para a família mandar para o Recife. O programa de interiorização foi feito pensando justamente nessas pessoas e hoje eu posso afirmar, com pouquíssima chance de errar, que, pelo menos, 95% de vocês são essas pessoas. Muitos podem ser a primeira pessoa da família a entrar em um curso superior, como meu irmão foi anos atrás. Isso acabou girando a roda da minha família da mesma forma que vocês, a partir de hoje, vão fazer girar a roda da família de vocês, do entorno de vocês, da cidade de vocês”, destacou ele. 

José Eduardo completou: “Somos um centro jovem mas forte, robusto. Qualquer curso que vocês estiverem fazendo, podem ter certeza de que vão ter aula com pessoas qualificadas. A universidade provoca uma grande transformação e vocês, a partir de agora, são agentes desse processo. A transformação vai começar com vocês e, quando menos esperarem, vocês mudarão a vida de outras pessoas”.

Em seguida, a potência transformadora da educação também foi tema da história pessoal contada pelo vice-diretor do CAV, o professor José Antônio dos Santos. “Sou filho de um ex-cortador de cana; então, tenho um monte de histórias até chegar na direção do CAV. Vou fazer um apanhado delas para mostrar a importância das políticas públicas, incluindo as de assistência estudantil e interiorização. Eu fui aluno de escola pública, fiz seleção para o Projeto Rumo à Universidade, tentei vestibular para Geografia e não passei. Fiquei muito triste, cheguei em casa e comecei a pensar que eu precisava estudar muito, a ponto de acordar às 3h e finalizar minha jornada de estudo às 19 h, eu ficava 14 horas por dia estudando, enganava meio juízo porque o cansaço vinha perto do meio-dia. No segundo ano, eu fiz vestibular para a História e Educação Física, eu não sabia como ia custear minha vida”, recordou.

O professor José Antônio contou ainda que, na época, veio ao Recife para uma entrevista de emprego e decidiu ir até a Universidade de Pernambuco para descobrir quanto era a taxa de manutenção acadêmica cobrada para se fazer o 1º período de Educação Física. “Chegando lá, o funcionário disse que era de R$ 65 e eu pensei: ‘Só tenho R$ 20, não vai dar’. Quando eu estava saindo, ele perguntou se eu tinha sido aluno de escola pública e eu disse que sim. Então ele disse: ‘Neste ano, o Governo de Pernambuco iniciou uma política para que alunos de escola pública não paguem taxa’. Eu fiz Educação Física e estou aqui hoje por causa de alguém que dedicou nem três minutos para olhar se meu nome estava numa lista de ex-alunos. É esse clima que vocês provavelmente vão encontrar em todos os setores do CAV, de atenção, de saber que é necessário a gente passar para a frente aquilo que a gente teve”, comparou.

A recepção aos novos discentes continuou com explicações sobre o processo de reconstrução da quadra esportiva e sobre o projeto de construção do Restaurante Universitário e de novas instalações para aulas e outras atividades acadêmicas no terreno onde antes funcionava um zoológico na cidade.

Depois do vice-diretor do CAV, a estudante do curso de Bacharelado em Saúde Coletiva Isabele Santos discursou como representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE). “Existe uma luta árdua, muitas vezes desigual, que ainda não permite que parte do nosso povo tenha a oportunidade de existir e de realizar ações dentro de uma universidade pública. Foram incontáveis os períodos difíceis que tivemos nos últimos anos, muitas injustiças, muitos desmontes. Mas, felizmente, hoje temos um espaço para o diálogo e precisamos usá-lo para continuar reivindicando nossos direitos e também cobrar o que nos foi prometido, porque nós precisamos ainda de mais políticas estruturantes se a gente realmente quiser uma universidade diversa e ativa”.

O pró-reitor para Assuntos Estudantis, Fernando Nascimento, contribuiu em seguida. “Nossa universidade é uma das melhores do Brasil e isso não é uma conversa de pernambucano. Nós temos indicadores, isso está documentado e público. Nossa universidade não é de excelência apenas do ponto de vista acadêmico-científico, mas também do ponto de vista da assistência estudantil. A UFPE investe, aproximadamente, R$ 38 milhões de reais por ano para contribuir com a permanência de vocês. Esse recurso nos coloca entre as universidades que mais investem em assistência estudantil no Brasil, a UFPE só perde para universidades como a UnB, a UFRJ e a USP, que são maiores do que a nossa. E é claro que esses R$ 38 milhões ainda não são suficientes para que a gente possa atender a todos e todas como nós gostaríamos, nós temos que nos juntar e continuar lutando por justiça social”, afirmou.

“O CAV recebe agora 215 novos estudantes e, no próximo semestre, vai receber o mesmo número de pessoas. É provável que vocês passem mais tempo aqui do que em casa em alguns momentos dos próximos anos e será um grande prazer para nós continuar essa conversa com vocês. Estaremos de braços abertos para acolhê-los para a gente reconstruir o nosso país”, completou a pró-reitora de Graduação, professora Magna Silva.

EXTENSÃO - O vice-reitor Moacyr Araújo aproveitou alguns pontos citados pelos colegas para iniciar sua conversa com os estudantes e explicar para eles o processo de curricularização da extensão universitária. “Isso significa que 10% das disciplinas que vocês vão cursar serão direcionadas a atividades de extensão. É algo que pode ser uma verdadeira revolução do ponto de vista de inserção das universidades federais públicas na transformação e reconstrução de nosso país”, afirmou.

“Para além de ressaltar a qualidade e ensino da UFPE, queria falar com vocês sobre outra formação que muitas vezes não encontramos nas universidades e que é muito marcante nas universidades públicas brasileiras: a formação cidadã. Além de formar bons pesquisadores, professores e profissionais das diferentes áreas, precisamos formar cidadãos e cidadãs. Isso é fundamental em nosso país, uma democracia jovem, para que a gente não corra o risco de retrocesso. Essa formação cidadã passa por discussões sobre questões políticas, de combate às grandes desigualdades que ainda marcam nosso país”, avaliou o vice-reitor.

Reitor falou sobre novos investimentos no centro

“A universidade é uma das instituições mais sólidas da História da humanidade. São poucas as que atravessaram o tempo com tanta força, com tanta capacidade de renovação e de atualização. As universidades se recriaram e conseguiram superar grandes dificuldades, tanto do ponto de vista político, em função de ditaduras e perseguições, quanto do ponto de vista econômico. Elas provaram ser essenciais. Mais de 90% da pesquisa realizada no Brasil sai de instituições públicas como a nossa. Para contribuir de forma estratégica para o desenvolvimento do país, além de formação de gente muito bem qualificada em todas as áreas de conhecimento, é necessário realizar estudos e pesquisas. Aqui vocês poderão além de estudar, fazer monitoria e iniciação científica, participar de projetos de pesquisa, extensão e inovação”, ressaltou o reitor Alfredo Gomes.

“E, reforçando aqui as palavras do professor Antônio, nós temos o compromisso de abrir o RU do CAV. Vou dizer porque o projeto está atrasado também, na nossa cabeça era possível fazer isso na primeira gestão. Mas a UFPE perdeu R$ 50 milhões de seus orçamentos nos últimos três anos. Mas já tivemos várias conversas neste mesmo espaço aqui e entre nossas prioridades estão a inauguração do RU e a obra do Complexo Esportivo, que vai envolver quadra e piscina, fundamentais para o curso de Educação Física. Estamos em um momento de muita esperança na reconstrução de debates sobre políticas públicas fundamentais”, ressaltou o reitor.

SOLENIDADE – Em 2023, a Aula Magna da UFPE foi dividida em quatro momentos. O primeiro deles ocorreu na manhã de quarta-feira (31), para a comunidade acadêmica do Campus Recife, com uma cerimônia na Concha Acústica Paulo Freire. Na noite do mesmo dia, foi a vez do Centro Acadêmico do Agreste (CAA), em Caruaru, onde a solenidade foi realizada na Quadra CAA.

Hoje (5), às 19h, a cerimônia para os cursos de Graduação EAD será transmitida ao vivo pelo canal da Secretaria de Programas de Educação Aberta e Digital (Spread) no YouTube. 

Data da última modificação: 05/06/2023, 15:27