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UFPE rumo aos 80 anos (I)

Publicado no Jornal do Commercio no dia 8 de julho de 2017

Nos últimos doze meses, sob o tema “Tempos Transversos”, nossa comunidade acadêmica comemorou, junto com a sociedade, os 70 anos de criação da Universidade do Recife (UR) que deu origem à UFPE. “Tempos transversos” significa que a instituição universitária, em todo o mundo, responde, por meio do conhecimento científico, às demandas e necessidades de desenvolvimento da sociedade. Para isso, o desafio em cada momento histórico é bem formar os estudantes, com visão empreendedora e ética, realizar pesquisas em áreas que contribuam para a melhoria da vida das pessoas, o que ocorre também através dos projetos de extensão que permitem a troca de saberes acadêmicos e sociais.

Nesse contexto, nossa instituição, em sua já longa história, soube combinar tradição e inovação em pelo menos cinco momentos. O primeiro vai da criação da nossa Faculdade de Direito (1827) até a fundação da Universidade do Recife (1946), que agrupou faculdades (Direito, Farmácia, Medicina) e escolas (Engenharia, Belas Artes, Odontologia), que souberam formar novos quadros profissionais para gerenciar o nascente mundo industrial brasileiro, visando à construção de infraestruturas para a urbanização das cidades.

O segundo momento vai da Universidade do Recife (1946) à criação da UFPE (1967). Nesse período, ocorre a industrialização do Brasil, sob impulso do nacionalismo e desenvolvimentismo dos presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck. A instituição exerce papel central para o desenvolvimento, criando, por exemplo, em parceria com a França, a Engenharia Elétrica que viria a dar origem à Chesf. Fato marcante deste período foi a criação dos chamados institutos (Oceanografia, Micologia, Nutrição, Antibióticos), com foco na pesquisa, ampliando-se, então, as atividades da Universidade do Recife para novas áreas, dentre os quais as humanidades, com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Pernambuco em 1950 (a famosa “Fafipinha”) e o Instituto de Ciências do Homem, que dariam origem ao nosso importante CFCH. O terceiro momento se inicia em 1967, quando a reforma universitária, conduzida pelo Governo Federal, centraliza, no Ministério da Educação e Cultura, a educação superior federal. Escolas e faculdades são federalizadas e surgem as universidades federais, a exemplo da nossa UFPE.

Essa decisão, no contexto do período autoritário à época, em pleno “milagre” econômico, visava ofertar educação superior pública de forma massiva às classes médias. Em paralelo, fortaleceu-se a pós-graduação no Brasil e, em especial, na UFPE. O quarto e quinto momentos serão abordados em artigo no próximo sábado.

Anísio Brasileiro é reitor da UFPE e Silvio Romero Marques é presidente das comemorações dos 70 anos

Data da última modificação: 13/07/2017, 15:49

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