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UFPE e identidades

Por Anísio Brasileiro*

A instituição universitária é decisiva para a construção das identidades culturais. Essa contribuição se expressa através do conhecimento científico gerado nos laboratórios de pesquisa, na mobilidade de pesquisadores e estudantes, nos diplomas e publicações conjuntas. As identidades se moldam, no interior das universidades, através do confronto de ideias, da defesa da democracia e da paz, da luta contra todas as formas de preconceitos sociais, da autonomia acadêmica e do mérito. Esses valores, comuns à instituição universitária, dão a elas uma coerência internacional.

Nesse contexto, as universidades federais vêm contribuindo para a identidade nacional. Nos últimos 12 anos, elas se fortaleceram com sua interiorização, com os planos nacionais de ciência e tecnologia articulados com o Plano Nacional de Educação, com a expansão da pós-graduação e das matrículas na graduação, com editais de melhorias de infraestruturas de pesquisa, com acordos bilaterais e com o Programa Ciência sem Fronteiras, que fortalece a mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores. E a UFPE se faz presente nesse processo. Somos uma instituição respeitada em nível nacional e internacional pela qualidade de nossa formação acadêmica, pela seriedade de nosso trabalho e pelo compromisso histórico com o País.

É a partir desse patamar de reconhecimento e de qualidade que a UFPE contribui para a identidade brasileira e nordestina. A nossa instituição carrega Pernambuco, o Nordeste e o Brasil nos projetos recentes de cooperação com a Ásia (Japão, China, índia, Paquistão), a Europa (com destaque para a criação, de forma pioneira, da Antena Toulouse na UFPE) e a América Latina (Costa Rica, Cuba, México, Colômbia, Peru, Chile e Argentina). A capacidade acumulada nos últimos anos nos permitiu liderar, pioneiramente, uma missão de reitores brasileiros à Rússia, a fim de estabelecer cooperações em áreas de pesquisa de interesse comum. A África se coloca como absoluta prioridade e temos apoiado projetos ligados a estudos indígenas e africanos, movimentos de libertação, saúde, educação.

Temos a convicção de que os valores que permitem a força nacional e internacional da UFPE se fundamentam na cultura, vetor estratégico na construção de nossas identidades. Por isso, criamos o Memorial Denis Bernardes, apoiamos e participamos de projetos em parceria com a Fundaj e com o Ministério da Cultura, e estamos lançando o Sistema Integrado de Cultura da UFPE. Nesta mesma direção, criamos o Comitê de Conteúdos do Núcleo de TV e Rádios Universitários, com a participação majoritária de representantes da sociedade civil envolvidos com a cultura de Pernambuco.

Que desafios para 2015? Muitos, mas destacamos três. Primeiro, em próxima reunião com a presidente Dilma Rousseff, vamos, reitores das instituições federais de ensino superior, apresentar um novo plano de expansão das universidades federais – e que contempla novas requalificações de edificações, novas obras, mais servidores técnico-administrativos e docentes, assim como a abertura de novos cursos de graduação e pós-graduação com mais integração com a educação média e básica. Segundo, vamos diminuir a burocracia, aperfeiçoando os sistemas de tomada de decisão, com mais rapidez nos fluxos e, para isso, contamos com técnicos competentes e comprometidos com o serviço público federal. Esse ponto passa pela necessidade de lutar, junto ao governo federal, por melhores salários e planos de carreira específicos.

Terceiro, vamos concluir a Constituinte da UFPE, para definir um novo Estatuto, que permita à instituição continuar cumprindo seu papel de liderança e destaque na formação de recursos humanos de qualidade, para um Brasil mais solidário, mais presente nos cenários mundiais, e que seja menos desigual e mais inclusivo. Essa é a UFPE e o Brasil que todos queremos.

* Anísio Brasileiro é reitor da UFPE

Publicado no Jornal do Commercio de 6 de janeiro de 2015

 

Data da última modificação: 27/10/2016, 14:14

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